Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 158

Quando todos achavam que a apresentação havia terminado, o slide virou mais uma vez.

Ao verem a nova imagem na tela, a sala inteira congelou por um segundo.

Era... Um acordo de divórcio?

Uma auto-apresentação precisava disso mesmo? Beatriz, pelo visto, não fazia questão de manter formalidades. Tratava todos ali como se fossem velhos conhecidos.

— Na sexta-feira passada, fiquei até as dez da noite no escritório. Durante esse tempo, uma conversa minha foi gravada, e acredito que alguns aqui já ouviram o áudio. — Começou ela, com a voz clara.

Ao ouvirem isso, os olhares começaram a se desviar, desconfortáveis. Parecia que todos haviam sido pegos no flagra — como se estivessem fofocando bem na frente da pessoa envolvida.

— Nos últimos dois dias, alguém enviou uma denúncia ao RH, alegando que meu estado civil no currículo era falso. O que eu quero esclarecer é: não foi uma falsificação. Foi uma escolha errada de palavras. — Continuou Beatriz.

Na mesma hora, olhos se arregalaram. Houve um leve burburinho. Todos se entreolharam.

“Alguém denunciou a Beatriz?”

“Quem teve coragem de fazer isso?”

A maioria só havia curtido o drama, como quem assiste a uma novela. Mas... Denunciar? E ainda por cima sabendo que ela era próxima do Sr. Daniel?

Era ousadia demais.

— Quando entrei na empresa, já havia assinado o acordo de divórcio. Tecnicamente, o casamento já tinha terminado. Não faria sentido eu colocar “casada” no formulário. — Explicou Beatriz.

Os presentes baixaram os olhos para o slide, onde aparecia a data ao lado das assinaturas. Alguns começaram a assentir com a cabeça.

De fato, com o acordo assinado, era questão de tempo até o divórcio ser oficializado. Colocar “casada” pareceria mesmo incorreto.

— O correto seria “divorciada”, e não “solteira”. Eu deveria ter sido mais cuidadosa. Mas, na pressa de preencher os dados durante o processo seletivo, acabei cometendo esse erro. Foi isso que alguém aproveitou para distorcer. — Concluiu, com o rosto calmo e o tom de voz frio como aço.

Ela não parecia nem um pouco irritada. Mas sua presença era firme. A sala ficou em silêncio, tomada por um respeito involuntário.

Beatriz lançou o olhar na direção da pessoa que havia feito a denúncia. Os dois se encararam por um breve momento. A funcionária desviou os olhos, rígida, como se tivesse levado uma bronca silenciosa. Não ousou encarar de novo.

Com isso, a reunião chegou ao fim. Os funcionários começaram a sair da sala, um por um.

No meio do grupo, a pessoa que fizera a denúncia tentava se misturar. Queria se manter invisível. Mas por dentro, seu coração batia acelerado.

Aqueles segundos em que Beatriz a encarou diretamente...

“Será que ela sabe?”

Nunca passou pela sua cabeça que Beatriz estivesse mesmo divorciada. Aquilo tinha parecido um tiro certeiro. Agora, era ela quem havia atirado no próprio pé.

E mais: agora tinha que lidar com o medo de ser descoberta, responsabilizada... Até mesmo demitida.

“Não, não pode ser. Eu só fiz a denúncia pelos meios corretos. Segui o protocolo... E ela mesma admitiu que errou na descrição do estado civil. Não é como se eu tivesse inventado alguma coisa... certo?”

Tentava convencer a si mesma, mas a ansiedade crescia como uma sombra.

“Mas... E se...”