Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 73

Mal sabia ela que aquela cama já havia sido profanada há muito tempo.

Nelson também sentia nojo?

Ele arrancou o lençol com um gesto brusco. "Jogue isso fora e traga uma nova."

"Sim."

"E troque o tapete também."

Ele pensou que isso apagaria todos os vestígios de que Mirella estivera ali, mas que ilusão.

A empregada, percebendo que o humor dele estava instável, não se atreveu a dizer mais nada e saiu carregando a roupa de cama.

Ao arrumar os lençóis, ela notou algumas manchas de líquido seco agrupados.

Havia também um leve tom de vermelho escuro.

Como alguém com experiência, como poderia não entender o que aquilo significava?

Eu já estava desaparecida há muito tempo, então aquelas marcas certamente não poderiam ter sido deixadas por mim!

A empregada parecia horrorizada, como se já tivesse adivinhado o motivo.

Em uma casa cheia de segredos, ela foi rápida em enrolar os lençóis antes de sair.

Ao sair, vi suas pernas tremendo de nervosismo. Por um momento, temi que ela pudesse acabar caindo da escada tomada pela inquietação.

Mas, era claro, ela era apenas uma empregada doméstica que descobriu um grande segredo de seu patrão e tinha um bom relacionamento comigo, e certamente se sentiu indignada por minha causa.

Esse jogo de cama foi encomendado por mim há um ano com um mestre de bordado de Santa Catarina.

Apenas para criar esse conjunto delicado e requintado, ele dedicou um ano inteiro de trabalho.

O quão importante nosso casamento era para mim, as empregadas ao meu redor sabiam muito bem.

Agora que meu esforço foi tão desrespeitado, claro que ela sentiria pena por mim.

Talvez ela estivesse agora cheia de dilemas: se deveria me contar sobre isso ou não.

O quarto havia sido reorganizado com roupas de cama azuis e pequenas flores cor-de-rosa, e o carpete também havia sido substituído por um novo.

Olhando para a foto do nosso casamento: eu estava encostada nele, mas ele parecia distraído.

Talvez ele estivesse pensando em Mirella naquele momento.

Percebendo isso, ele fixou o olhar na foto por um longo tempo antes de finalmente sussurrar: "Marlene, eu vou te encontrar, não importa como você esteja. Você sempre será minha esposa."

Que declaração de amor emocionante.

Pena, o seu amor já se tornou um monte de carne moída, espalhado na sua estátua favorita.

'Nelson, quando você vai perceber que aquilo é o que restou de mim?'

Eu estava olhando para baixo da janela, de onde podia ver claramente a estátua com as mãos levantadas no jardim.

Sob o sol, eu não conseguia ver nada sagrado, apenas sentia uma estranha inquietação.

O celular tocou e Nelson atendeu.

Do outro lado da linha, a voz do assistente soou: "Sr. Lopes, temos notícias da senhora."