Espelhos da Alma: As Duas Vidas de Marlene romance Capítulo 71

Na escuridão da noite, era difícil enxergar com clareza, mas no instante em que um relâmpago rasgou o céu, consegui ver uma enorme sombra.

O que seria isso?

Era uma árvore plantada especialmente por Nelson?

A sensação de desconforto aumentou e eu me aproximei lentamente da grande sombra, que era mais alta do que eu e estava envolta em um tecido preto.

Estendi a mão, tentando puxar o tecido impermeável, mas me esqueci de que não podia tocar em nada.

Tudo o que eu podia fazer era observar a chuva torrencial escorrendo pelas bordas do tecido.

O que era isso? Que segredo estava escondido aqui?

Seja o que for, devia ter algo a ver com meu corpo, caso contrário, eu não estaria aqui.

Esperei por um longo tempo sem resposta e depois voltei para onde Nelson estava.

Ele tinha acabado de tomar banho e estava deitado na cama, com o celular vibrando incessantemente no criado-mudo, o nome de Mirella piscava sem parar.

Era estranho, quando estávamos juntos, ele sempre atendia as ligações da Mirella, independentemente da hora. Como ele podia estar tão calmo agora?

Sob aqueles olhos escuros, parecia que uma tempestade estava se formando, como se ele estivesse percebendo o papel que Mirella realmente desempenhava.

Talvez ele ainda alimentasse ilusões, pensando que estava enganado. Sem provas, ele não iria desmascarar essa farsa.

Finalmente, Mirella desligou, e Nelson manteve o olhar fixo na tela onde o clássico "Titanic" estava sendo exibido.

Era a cena em que o navio colidia com o iceberg, inclinando-se perigosamente, e todos enfrentavam a iminência da morte.

"Não deveria ter te deixado sozinha na cerimônia de casamento. Volta, vamos começar do zero, prometo que nunca mais vou te fazer sofrer."

"Você não queria passar sua lua de mel em Las Vegas? Se você voltar, eu a acompanharei até o fim do mundo."

"Eu sei sobre o bebê agora, eu realmente sinto muito… Naquele dia eu larguei um negócio de bilhões para correr até você. Achei que você estivesse brincando. Não foi minha intenção te empurrar. Me desculpe, de verdade, me desculpe..."

Eu nunca tinha visto Nelson tão desamparado.

Se fosse antes, eu o perdoaria imediatamente ao ouvir essa voz não importaria o quanto ele tivesse me machucado.

Mas, naquele momento, eu só conseguia ficar sentada ao lado da cama, ouvindo o tema de Titanic, olhando para o homem com os ombros trêmulos, sem derramar uma lágrima.

"Mas Nelson, é tarde demais… eu nunca vou te perdoar."