Engravidei a minha melhor amiga romance Capítulo 7

Vicenzo Fraga

O que estava acontecendo que ela não me atendia? Na minha cabeça mil coisas passaram. E se ela tivesse passando mal? Ou sofrido um acidente?

A Mel sempre me atende, e quando não pode me manda uma mensagem.l

Minha cabeça rodava enquanto eu atendia alguns clientes. Queria deixar tudo ali e ir atrás dela. Só queria entender por que ela não respondia minhas mensagens, não atendia minhas ligações. Ah dona Melinda eu vou te matar quando te achar.

Liguei para o escritório dela e disseram que

ela estava resolvendo um problema em uma obra. Ou seja, aquela ser humana pequena esteve me ignorando? Pelo menos estava viva.

No final do dia depois do expediente joguei

meu celular no banco do passageiro e dirigi

para o apartamento da dona Melinda que estava desaparecida. Pra começar o carro dela não estava na garagem, puta que pariu, o que eu tinha feito para ela? Acenei para o porteiro e corri para pegar o elevador até o último andar. No meu chaveiro do carro pegue a chave da porta dela e abri.

O apartamento estava escuro e com um

cheiro muito bom de produto de limpeza,

acendi a luz e olhei todo o local. O chão só

faltava brilhar de limpo. Fechei a porta e

fui até a cozinha. Bebi um copo de água

gelada e peguei o celular para ligar para ela

novamente.

Tinha duas ligações perdidas da Sara, retornei e quase fazendo o impossível ela

atendeu antes do primeiro toque completar.

- Você mudou de ideia? Você viu o bilhete com os números que eu deixei? - ela disparou.

- Do que você está falando? - perguntei confuso.

- Do aborto.

Sentei no sofá, do que essa garota estava falando? Minha cabeça organizou as informações, um bilhete com números relacionados a um aborto?

- Onde você deixou esse bilhete? -

perguntei pausadamente.

- No balcão.

Ah não, qual era a probabilidade de isso

acontecer se não fosse à minha vida? Eu não podia acreditar nisso.

- Vai ser o melhor, nossos filhos não precisam de um meio irmão bastado...

- Coloca uma coisa na sua cabecinha Sara, eu quero o meu filho, meu filho e da Melinda, e eu quero este bebê com todas as minhas forças, você não é ninguém para falar assim do meu filho, ele não é bastado, ele pode não ter sido planejado, mas ele é muito amado por mim e pela mãe dela, e desculpa estraga os seus planos, mas não vou acabar com um serzinho para não acabar com os planos...

- Amor, eu só acho que seria o melhor para o nosso futuro.

- Talvez não exista um nosso futuro.- falei desligando o celular e joguei o mesmo contra a parede.

O que minha melhor amiga deveria estar

pensando sobre mim, agora depois de ver

aquele bilhete. Eu precisava falar com ela,

fui até o meu celular no chão, caramba tinha.rachado a tela toda. Tentei ligar e olha só, não estava ligando.

Dei alguns pulos de nervoso e joguei novamente o celular no chão. Por que Sara tinha deixado aquele bilhete, não dava para acreditar, não dava. E onde estava a Melinda? Como eu iria explica uma coisa para ela sendo que ela não estava lá? Andei de um lado para o outro.

Joguei-me no sofá batendo minhas pernas,

feito criança birrenta. Não podia acreditar nesse mal entendido. Fiquei olhando as horas passar e nada da Mel aparecer, acho que peguei no sono em meio a minha agonia, só acordei com o telefone fixo tocando.

Dei um pulo do sofá e vi a luz do sol adentrando a sala, caramba, por quanto tempo eu tinha dormido? Ainda meio devagar por causa do sono peguei o telefone.

- Alô? - bocejei, ainda estou cansado e muito preocupado.

- Garoto, ainda bem que te achei, o que

aconteceu com seu celular? Tive que procurar em mil agendas o telefone da casa da Melinda, e ainda bem que ela tem telefone fixo. - a voz do meu pai soou do outro lado.

Olhei para o apartamento e vi meu celular

quebrado no chão, caminhei pelos cômodos

em busca da minha melhor amiga, mas não

tinha nem a sombra.

- Meu celular quebrou.

- Enfim, estou entrando em um helicóptero daqui cinco minutos para o maior caso da minha vida, eu preciso, ouça bem, necessito que você vá para o escritório nesse exato momento, pegue o processo que está sobre minha mesa e vá para o forum. Tem uma audiência na vara familiar às 11h45. Pelas minhas contas se você sair daí agora consegue ter uns 20 minutos para estudar o caso. - ele falava apressado. - Já avisei o cliente e garanti competência da sua parte. Então, por favor.

Minha cabeça sonolenta demorou a assimilar tudo que ele dizia. Enquanto ele dizia tudo que eu deveria fazer joguei uma água no rosto e peguei as chaves do carro. Ah minha cabeça estava a mil.

- Não sei se terei tempo de trocar de roupa ou tomar um banho.

- Então argumente bem.

- Certo. Que grande caso é esse?

- Quando voltar eu te falo, agora tenho um

helicóptero me esperando. Boa sorte. — e

desligou o telefone.

Tranquei a porta me xingando por ter

quebrado meu celular, como ligaria para

a Gabriela agora? Droga. Corri para o

estacionamento tentando imaginar onde

minha melhor amiga grávida poderia estar.

Talvez na casa de Joice no interior? Como iria saber sem meu celular? Dirigi rápido para o escritório. Caramba eu não tinha nenhuma roupa plausível para ir até essa audiência.

Não era o meu dia. Pedi para Fernanda, secretária do escritório, me arrumar um perfume e pedi para ela encomendar outro celular para mim. Na sala do meu pai peguei o caso e meu coração gelou

já na primeira parte, "guarda compartilhada".

Teria uma criança envolvida, porque raios

meu pai não pediu que a audiência fosse

adiada?

Bufei e fui até a minha sala peguei uma camiseta pólo que tinha guardado por ali. Olha que beleza, eu estava de jeans, camiseta listrada, tênis e fedendo para ir defender alguém diante de um juiz. E tinha o detalhe da minha melhor amiga que carrega meu filho no ventre estar sumida.

No banheiro passei água no cabelo e joguei

para trás, passei o perfume que Fernanda me arrumou e peguei um palito que estava sobre a cadeira do meu pai. Ia ser barrado na porta do fórum.

O processo pelo que pude ler era de um

pai, meu cliente, que queria a guarda

compartilhada do filho de sete anos, que

estava afastado dele desde o divórcio do

casal. A mãe do garoto alegava que ele não

era um bom pai e maltratava o garoto. Eu

realmente não entendia o porquê do meu pai pegar casos assim como toda certeza essa era a área mais injusta.

Arquivado na pasta estava uma foto do

menino abraçado com o pai enquanto

segurava uma bola de futebol, pareciam bem felizes. Li os relatórios da psicóloga que tinha conversado com a criança e uma parte me chamou atenção.

"A criança diz gostar de ficar tanto com a mãe quanto com o pai, só que odiava ficar com os dois quando estavam juntos. "

A palavra "odiava" estava sublinhada

algumas vezes e embaixo estava uma

dizendo que essas foram às palavras do

menino. Imaginei uma criança de sete anos

usando uma palavra tão forte como essa.

Um pouco mais abaixo entre aspas indicando uma frase do garoto estava:

"Meus pais ficam melhor separados, eles só

não entendem que eu estou no meio dessa

guerra toda. Eu só queria ir pra escola e jogar futebol no fim de semana com meu pai, igual meus amigos."

Acho que por estar nervoso com a situação da Mel, comecei a chorar enquanto caminhava até o carro e lia isso. Como seria a criação dessa criança? Quantas vezes por semana eu poderia ver meu filho? Meu coração começou a doer e eu me coloquei no lugar daquele pai.

Respirei fundo e dirigi para o fórum. Ensaiava meus argumentos em voz alta, era difícil pegar um caso e em meia hora estar com argumentos prontos na ponta da língua.

Meus olhos se encheram de lágrimas quando cheguei e encontrei o garoto quase preso pelos braços da mãe em um canto e o pai chorando do outro.

Me apresentei quando consegui controlar meus sentimentos. Conversei um pouco com o pai sobre o convivio dele com a criança e quando o juiz chamou cumprimentei a mãe. Era hora de

expliquei.

- Ah não? Então quem foi? O fantasma que deixou m bilhete falando de aborto junto com a chave do meu carro? - ela falou com a sua cara de deboche.

- Isso é um mal entendido. Você sabe que

aborto é contra meus princípios, acredita em mim, por todos esses anos de amizade! Você sabe que eu estava confuso, mas também estou feliz por ele, eu jamais pediria uma coisa desta ainda mais assim, por favor você me conhece — implorei levantando.

- Eu não to vendo nenhum mal entendido

nisso, você deixou claro coma porcaria

daquele bilhete. - ela gritou virando de

costas.

- Vamos embora - Murilo estendeu a mão para ela.

- Não. - levantei e fui até ela. - Você precisa acreditar em mim!

- Saí de perto dela!

- Por todos esses anos! - implorei olhando nos olhos dela.

- Vamos embora agora, Mel!

- Pode esperar lá fora, Murilo - ela falou e ele não se moveu. - Por favor.

Respirando fundo e pisando firme no chão

ele saiu. Murilo sempre foi muito protetor, ele é quatro anos mais velho que Melinda e já tinha sua própria família. Eu e ele costumávamos concordar em todo, como o ódio pelos dois namorados que ela teve.

- Melinda, você sabe que eu nunca pediria isso para você! - coloquei a mão no ombro dela.

- Então o que era aquele bilhete? - Respirei fundo, a situação com Sara não seria fácil, mas apesar de eu gostar dela, não poço aceitar perder minha melhor amiga e meu filho por isso. Passei a mão pela minha cabeça e olhei nos olhos dela.

- Sara queria que eu pedisse para você

abortar. - cuspi as palavras. - Eu disse

que não e passei um bom tempo perplexo

com isso. Ela saiu depois de mim do meu

apartamento e deve ter deixado o bilhete

junto com a chave do seu carro.

Olhei próximo ao balcão e tinha um papel

cortado ao meio. Peguei e olhei números de

telefone e abaixo escrito "clínicas de aborto".

- Essa não é a minha letra, acredita em mim, Mel - falei olhando nos olhos dela.

Ela pegou o papel da minha mão e começou

a soluçar, chorando muito, passei a mão

pela cintura dela e a puxei para um abraço.

Ela a principio tentou se afastar, mas depois envolveu meu tronco com suas mãos.

- Desculpa ter duvidado de você, deveria ter me ligado que não era sua letra feia. - ela falou riu um pouco.

Apertei mais o corpo dela contra o meu.

Senti meu rosto arder e gemi. Melinda se

afastou e limpou algumas lágrimas. Foi até o congelador e trouxe gelo para colocar no meu rosto.

- Tinha esquecido o tamanho do seu irmão. - brinquei.

- Desculpa, ele veio feito cachorro louco

para cá. Tentei impedir, mas ele é grande.

- Nem parece seu irmão! - passei a mão na cabeça dela.

- Sem graça! Acho melhor eu levar o Murilo para casa.

Melinda se afastou indo até a porta.

- Posso ir à sua casa mais tarde? - perguntei.

- Não precisa pedir. - ela sorriu e acenou.

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Continua...

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