Yeda acordou de repente, percebendo que Teodoro já tinha retirado a mão.
Ela olhou confusa para fora da janela e só então notou o cobertor que a cobria.
Lançou um olhar para Teodoro, mas o homem evitava contato visual, dirigindo com uma mão e parecendo impaciente.
Yeda enrolou o cobertor em silêncio, preparando-se para sair do carro.
"Você não tem educação?"
"… Obrigada por me trazer para casa."
A porta do carro se fechou automaticamente, e Yeda entrou rapidamente na Mansão Águas como se estivesse fugindo.
Ela ficou parada junto à porta por um bom tempo, escutando até ouvir o motor do carro se afastar, só então suspirou aliviada e escorregou até o chão.
Dona Ursulina ouviu o barulho e veio ver, encontrando Yeda com as roupas meio molhadas grudadas no corpo.
"Puxa vida, Dona Madeira, o que aconteceu com você? Suba e tome um banho, vou fazer um chá de gengibre!"
"Está bem, Dona Ursulina, tranque a porta, por favor, tranque bem."
"Claro, Dona Madeira, quer um remédio para o resfriado?"
"Não precisa, só tranque bem a porta."
Yeda passou a noite tendo pesadelos, sonhando que tentava fugir com a avó, mas era interceptada por Teodoro no meio do caminho.
Levantou-se atordoada, quase tropeçando ao descer as escadas.
Quando o telefone do hospital tocou, ela ainda estava meio perdida.
Sua mente zumbia.
"Dona Madeira, está me ouvindo? Sua avó acordou, você pode vir vê-la? A paciente está um pouco agitada."
"Sim! Estou ouvindo! Estou aqui!"
Yeda quase deu um salto.
Depois de desligar, ficou parada sem saber o que fazer, rodando num ponto.
Dona Ursulina saiu da cozinha ao ouvir o barulho.
A luz do sol iluminava o chão do quarto.
Sua avó estava sentada na cama, de olhos fechados, coberta pelo lençol. O antigo rádio que ela trouxe ainda tocava uma música.
Era o cantor preferido da avó.
Quando a senhora ouviu o som, abriu os olhos devagar e viu Yeda ali.
A jovem estava com os olhos vermelhos, sem saber o que dizer ou fazer.
Atravessando o tempo, Yeda se lembrava de correr para os braços da avó.
Desde quando era criança e sua avó a abraçava, até agora, quando é capaz de proteger sua avó.
Sem perceber, muitos anos se passaram.
"Vovó." Sua voz era suave e leve.
Mas, naquele quarto, soou tão marcante.
A senhora abriu os olhos devagar, olhando para a porta.
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