“Martim Monterrey”
Eu estava sentindo o medo crescer dentro de mim desde o momento em que a Abigail entrou no meu escritório e viu o que viu. Por um lado eu respirei aliviado quando ela entrou e tirou a Letícia de cima de mim, mas por outro eu estava apavorado que ela brigasse comigo e aquela coisa boa que estava acontecendo entre nós acabasse.
E quando ela mandou que eu saísse da sala dela e me livrar do batom e do perfume da Letícia, eu senti um grande alívio por ter um chuveiro no meu banheiro do escritório e por ter sempre uma camisa ali, pois eu pensei que ela colocaria fogo na camisa no meu corpo mesmo se eu não fizesse o que ela disse.
Depois de um banho rápido e uma camisa limpa, eu voltei para a sala dela, já com um discurso de desculpas em minha cabeça, eu pediria perdão de joelhos se fosse preciso, mas eu não queria perder o que estava acontecendo entre nós. Mas eu a vi ali, encarando o Emiliano de boca aberta e ele sorria pra ela, era diferente de todas as vezes que eu os peguei juntos antes, ela olhava pra ele de forma diferente e a apreensão em mim cresceu.
Mas aí ela entregou a camisa para o Emiliano e praticamente o colocou para fora da sala e depois ela fez eu me sentar. Eu não vou negar, o meu coração disparou com o olhar intenso que ela me dirigia e a minha boca ficou seca. Mas eu precisava me desculpar, eu precisava que as coisas entre nós ficassem bem, então eu comecei a falar, ela subiu em meu colo e fez eu me calar. E o que ela disse, o beijo que ela me deu, a forma como ela emaranhou os dedos em meus cabelos, foi como se ela aplacasse todo aquele medo crescente.
Eu a apertei em meu abraço e retribuí o seu beijo, como se quisesse que ela visse todo o desespero que eu senti pensando que ela estaria furiosa comigo. E depois daquele primeiro beijo quase desesperado e do alívio que ele me deu, outros se seguiram, como se eu precisasse que ela entendesse o que nem eu mesmo sabia o que era.
O que eu estava sentindo pela Abigail, tudo o que aconteceu na noite anterior, o que o Emiliano me disse essa manhã, o medo louco de perdê-la por culpa da Letícia, o alívio por ela ainda estar em meus braços, era tudo demais, tudo intenso demais, forte demais. E eu senti uma necessidade esmagadora de descobrir logo que sentimento era esse que me tornava tão dela, tão louco por ela.
- Minha insuportável! – Eu sussurrei em seu ouvido antes de dar uma pequena mordida no lóbulo da sua orelha.
- Minha besta! Como pode ser tão grande e tão indefeso? – Ela riu e se afastou um pouco para me encarar.
- Você é uma fera, Abi! Nunca imaginei. – Eu observei o seu sorriso murchar.
- Eu perdi a cabeça e fiz um escândalo. Não gosto disso, mas aquela, aquela... – Eu não queria que ela ficasse brava de novo.
- Não pensa nela, você a colocou no devido lugar. E eu gostei! – Eu sorri pra ela. – Eu gostei de ver a minha esposa brigando por mim.
- Seu convencido. – Ela me deu um tapinha no ombro e eu ri mais, o que eu poderia dizer se eu realmente estava sendo muito convencido.
- Eu faria pior por você, Abi! Se eu visse o que você viu, eu quebraria a cara do atrevido que ousasse te tocar e o deixaria sem um dente inteiro na boca. – Eu declarei e era isso mesmo o que eu faria, eu não suportaria ver outro homem com as mãos sobre ela.
- Olha, que bravo que é o meu marido! – Ela brincou e eu dei um beijo no decote da sua camisa, bem no seu coração.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...