“Pilar Monterrey”
Quando o Martim me ligou no dia anterior explicando que precisava da nossa ajuda para colocar a madrasta insuportável da Abigail pra correr da casa deles, eu nem precisava saber da história toda, eu aceitei ajudar na hora, não só porque eu faria qualquer coisa pelos meus irmãos, mas porque eu também faria qualquer coisa pela Abi, que se tornou como uma irmã. Eu já tinha muitos planos para infernizar aquela criatura.
- E então, perua, qual a história? – Eu me debrucei sobre o balcão em frente a tal de Magda.
A mulher era uma dessas madames que ficam ricas de uma hora pra outra e se deslumbram com o dinheiro. Ainda eram sete da manhã e ela estava coberta de jóias, maquiada e usava um sapatinho modelo Chanel de salto e um tailleur. Mas essa mulher não tinha lugar nenhum pra ir, passaria o dia todo em casa vestida como se fosse a um evento de caridade da alta roda social.
- Sua mãe não te ensinou a ser educada com as pessoas? – Ela me encarou com aqueles frios e pálidos olhos azuis.
- Só com quem merece! – Eu respondi sem me abalar. – Mas a sua não te ensinou nem que se deve ser convidado para a casa de alguém e não despencar como um intruso.
- O que eu estou fazendo aqui não é da sua conta, menininha! – Ela me encarava impassível, o rosto dela parecia tão preenchido que parecia congelado, sem nenhuma expressão.
- Vem cá, gatinhas, o que tem pra se fazer nessa cidade? – O filho dela abriu a boca, de longe se via que era tão inútil quanto a mãe. Com aquele mocassim e suéter amarrado no pescoço, sobre uma camisa pólo, só reforçava a idéia de filhinho de mamãe sem conteúdo.
- Na terça de manhã? – A Nat olhou pra ele com aquele ar de superioridade que ela fazia quando não gostava de alguém. – Trabalhar! Você sabe o que é isso?
- Até sei, atrevidinha, mas não preciso. – Ele sorriu como um grande cafajeste.
- Bom dia, maninhas! Estão tendo problemas como os intrusos? – O Tomás entrou na cozinha vestindo bermuda chinelos e uma camiseta que deixava seus braços musculosos à mostra.
- Esses insignificantes? Não. Mas olha, Tom, como a perua se veste pra ficar em casa. – Eu ri e apontei a madrasta que fez uma cara de desgosto e o Tomás riu.
- Será que nenhum de vocês tem educação? – Ela reclamou no exato momento que o Ignácio entrou.
- Pessoal, não provoquem. – Nós olhamos para o Ignácio confusos e a mulher deu um sorriso.
- Finalmente, um civilizado! – Ela comentou e o Ignácio a encarou.
- Olha, dona, a senhora e o seu filho são intrusos aqui. Não pensem que um de nós será cordial, porque não será, então, finja ser simpática, se comporte e talvez nós também possamos fingir civilidade. – O Ignácio deu o recado, com o seu jeito sério e pouco amigável.
- Pode deixar, Nano, que nós vamos ser muito gentis! – Eu respondi ao meu irmão, já tendo uma idéia para atormentar aquela perua enfeitada.
- Enrico, eu vou me deitar, estou exausta e... – A perua enfeitada começou a falar.
- Mas o que é isso, minha senhora, o dia mal começou! - Os olhos do Tom tinham aquele brilho de travessura e eu sabia o que ele iria aprontar. – Por isso que está branca como um boneco de cera, com essa cara abatida de quem acabou de sair de uma cama de hospital. Não, vai deitar não! Vamos, a senhora vai dar uma caminhada comigo pelo jardim, tomar um pouco se sol, ar fresco. Anda, vamos.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...