Contrato para o caos: amor à primeira briga romance Capítulo 34

“Abigail Zapata”

Eu saí daquela cozinha mais depressa que um raio, subi as escadas correndo e fechei a porta e fiquei encostada ali, esperando o meu coração desacelerar. Mas o que estava acontecendo comigo? Eu detestava o Martim e ele me detestava, não tinha porque nós ficarmos nos beijando assim. Só porque ele era lindo e gostoso não era justificativa pra eu deixá-lo me agarrar desse jeito. Se bem que ele sabia como agarrar uma mulher.

Eu nunca fiquei assim, toda afogueada por causa de um homem, ainda mais um que eu não suporto. Eu estava começando a pensar que esse ano que passaríamos casados seria muito longo.

Eu reconhecia que ele tinha razão em muitas coisas que ele me disse, uma delas é que eu estava perdendo os melhores anos da minha vida esperando pelo Emiliano. Ah, mas ele não foi o primeiro a me dizer isso, o Tony já tinha me dito e o meu pai não se cansava de repetir a mesma coisa. E agora eu finalmente me dava conta de que meu amor jamais seria correspondido.

Mas como se faz para esquecer um amor? Como se faz para esquecer o primeiro amor? Eu teria que aprender isso, porque se eu já não tinha chance com o Emiliano antes, agora que eu me casaria com o melhor amigo dele, ainda que fosse um casamento de fachada, ainda assim, agora é que ele jamais olharia para mim.

Eu precisava me lembrar do que o Tony me disse, precisava focar no resultado do que eu podia controlar, precisava focar na minha herança e esse casamento era o caminho, conviver com o Martim era uma necessidade e eu precisava me adaptar.

Na manhã seguinte, nenhum de nós comentou sobre o que aconteceu na cozinha de madrugada. Trocamos um bom dia formal e nos mantivemos em um silêncio confortável até chegar a minha casa. Foi só quando voltamos para o carro que ele se arriscou a falar.

- Abigail, você pensou sobre a sua mudança? – Ele me perguntou com seriedade e ele tinha razão, eu deveria me mudar logo.

- Vou organizar tudo hoje, posso me mudar amanhã?

- Eu te ajudo e você se muda hoje mesmo. – Ele não estava perguntando.

- Parece que você está com pressa de me ter na sua vida. – Eu o provoquei com um pequeno sorriso, olhando pela janela para que ele não visse a minha diversão em provocá-lo.

- Insuportável, não sei se você percebeu, mas hoje é quarta feira e nós nos casamos daqui a três dias! – Ele não estava muito bem humorado essa manhã.

- Eu percebi, sua besta! Tudo bem, eu me mudo hoje. Mais alguma coisa?

- Sim, nós vamos ter que dividir o quarto.

- O quê? – Eu me virei pra ele sem acreditar. – Mas por quê? Aquela casa tem oito quartos!

- Pois é, mas eu tenho funcionários, Abigail. Duas arrumadeiras, uma cozinheira, um jardineiro. Você acha que eles não vão comentar se você ocupar um outro quarto? – Ele me olhou sério.

- Mais essa! Eu não sabia que você tinha funcionários.

- Eu dei folga pra eles essa semana. Quando você concordou com o lance do casamento eu liguei para eles e os dispensei, eu sabia que precisaríamos de liberdade na casa e, não adianta, por melhores que sejam, alguém pode ouvir alguma coisa sem querer e sair falando por aí. Eu preferi não arriscar. – Ele explicou e fez sentido, ele sempre pensava em tudo.

- Entendi. – Eu respirei fundo.

- Qual é, insuportável, nós dividimos a cama na praia e a cama do meu quarto é muito maior, você não vai precisar dormir em cima de mim. – Ele sorriu maliciosamente, claro que eu sabia do que ele estava falando.

- Mas ele vai querer e quando isso acontecer ele vai abandonar você, humilhada e rejeitada. – Ela parecia que voaria em meu pescoço a qualquer momento. – Eu estou te avisando, eu vou tomá-lo de você!

- Ah, querida, você pode até tentar, mas não vai conseguir. Agora vai, a sua lixa de unha está sentindo a sua falta. Sai da minha sala. – Eu falei baixo, mas deixei claro para ela que eu não me intimidava.

- Abi? Posso entrar? – O rosto amável da D. Yolanda apareceu na porta, eu sorri e me levantei.

- Sogra! A senhora sempre pode entrar! – Eu a abracei com carinho.

A D. Yolanda sempre foi gentil comigo e eu realmente gostava dela, mas eu estava provocando a Maria Luiza, que olhou pra nós duas abraçadas e saiu da minha sala cuspindo fogo, nem teve a delicadeza de cumprimentar a D. Yolanda.

- Cada vez eu gosto menos dessa moça. – D. Yolanda falou com desgosto e depois voltou a sorrir. – Querida, você vai almoçar conosco hoje e eu não aceito recusa.

- Mas é claro, sogra! Como a senhora quiser. – Assim que eu fechei a boca o Martim entrou em minha sala, acompanhado das duas irmãs mais novas, eles estavam numa agitação que me deixou curiosa.

- Cunhadaaa! Preparada para comprar o seu vestido de noiva? – A Pilar, a mais nova da família Monterrey, me abraçou eufórica.

Eu não queria um vestido de noiva, eu não precisava de um! Eu olhei para o Martim em busca de socorro e ele estava rindo como se fosse a coisa mais bonitinha do mundo que a mãe e as irmãs dele me levassem para comprar o vestido de noiva. Tudo bem, era fofo, mas não para um casamento de fachada. E agora, como eu me livraria disso?

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