“Enrico Mendonça”
Eu não estava entendendo porque nós estávamos saindo às pressas daquele apartamento. Assim que a Camila saiu a Letícia pulou do sofá e me fez levantar, dizendo que precisávamos pegar tudo de valor que tivesse ali e vender. Enquanto ela fazia as malas enchendo com todas as roupas da Camila, eu juntei todos os eletrônicos e, sem que ela percebesse, eu peguei o celular que a Camila havia deixado para trás. Ali tinha o número da tal chefe e isso poderia ser útil.
A Letícia me prometeu que me contaria tudo depois que tivéssemos saído dali, então eu levei os eletrônicos a uma lojinha de usados que eu encontrei pela internet e vendi tudo lá. Claro que eu não entregaria aquele dinheiro para a Letícia, eu que tinha feito o trabalho pesado, esse dinheiro era meu.
Nós saímos daquele apartamento maravilhoso e fomos parar naquele casebre que mais parecia um coletivo de puxadinhos. Era um lugarzinho horroroso, numa rua horrorosa. Na garagem funcionava uma oficina mecânica improvisada e a Letícia abraçou o homem mais velho que estava com as mãos sujas de graxa, cochichou qualquer coisa com ele e nós entramos na casa.
O interior era ainda pior do que o exterior. Os pais da Letícia eram duas pessoas pitorescas. E eu só conseguia pensar onde eu havia me enfiado. Menos de duas horas depois que chegamos, os pais dela saíram carregando malas. Mas a Letícia não me disse para onde eles iriam. Ela estava só dando ordens.
Ela me mostrou um esconderijo que ficava embaixo do pátio nos fundos da casa. A entrada era bem escondida atrás de uma moita próxima a parede do lado de fora. Nós levamos tudo o que tinha de comer na casa para lá e ela nos trancou ali. Tinha cama, geladeira, banheiro, tudo muito pequeno. Eu estava tão cansado que nem queria saber o que estava acontecendo mais. Mas hoje ela iria me explicar, me contar direitinho o que estava acontecendo.
- Muito bem, Letícia, agora pode contar tudinho. – Eu falei quando me sentei para tomar o café da manhã.
- Enrico, a Camila e eu, a gente era prostituta. – Ela começou a contar tudo e eu fui ficando cada vez mais irritado. Como é que uma puta burra como a Letícia me enganou tanto?
- Quer dizer que você é a porra de uma prostituta? – Eu a encarei irritado. – E, agora, eu estou sendo caçado por uma quadrilha de bandidos porque eu fugi com a porra da prostituta deles? – Eu elevei a voz e a raiva tomou conta. – Vagabunda! Piranha! Você disse que era rica!
Eu levantei a mão e dei um tapa na cara dela, com tanta força que ela caiu da cadeira. Ela ia aprender a não mentir para mim nunca mais.
- Enrico! – Ela me encarou chorando e eu a peguei pelos cabelos.
- Isso é pra você aprender a não mentir pra mim, sua piranha! – Eu gritei na cara dela.
Eu era puro ódio. Eu a joguei no chão e ela se encolheu soluçando. Eu precisava pensar e me livrar dessa cilada.
- E agora, o que acontece? – Eu me sentei e esperei a resposta.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...