“Tomás Monterrey”
Um pouco de companhia e boa música num sábado à noite não fazem mal a ninguém. Mas dispensar aquela gostosa da estagiária da construtora para estar aqui na porta da Magda era algo com o que eu deveria me preocupar. O que essa mulher tinha que me fazia querer estar perto dela? Mesmo sabendo que eu não a levaria pra cama, eu simplesmente queria a companhia dela e não a da estagiária gostosa de vinte e poucos anos que certamente me convidaria para a sua cama.
Depois de travar uma batalha comigo mesmo, andando de um lado para o outro no hall do prédio eu acabei entrando no elevador e tocando aquela campainha.
- Tia! – Eu sorri quando ela abriu a porta.
- Tomás? O que você faz aqui num sábado à noite? – Ela me olhou surpresa.
A Magda parecia tão à vontade, como eu nunca tinha visto, usando uma calça legging preta e uma camisa branca por cima, com os cabelos loiros soltos e os pés descalços. Parecia tão leve e tão tranquila, e eu ali perturbando a mulher. Eu não teria o perdão de deus mesmo! Mas era tarde para voltar atrás.
- Não me convida para entrar, tia? – Eu perguntei e ela se afastou me dando passagem. Eu entrei e vi a vista que ela tinha ali. Eu me virei e a encarei, ela estava sorrindo, um sorriso de verdade. – Tia, é tão bonito à noite quanto é durante o dia. – Eu comentei, mas estava me referindo mais ao sorriso do que a vista.
- Não é?! Eu tenho que agradecer muito ao Maximilian por isso. – Ela olhou pela parede de vidro.
- E a mim, tia? Eu também ajudei. – Eu a encarei.
- Você é só um moleque abusado! – Ela respondeu e eu ri.
- Tia, vim te buscar pra dar um passeio. – Eu falei e ela me olhou curiosa.
- Um passeio? – Ela perguntou.
- Um passeio! Sábado à noite tia, vou te levar pra jantar e depois nós vamos ouvir uma música boa. Se arruma, vai que a senhora arruma um namorado? – Eu brinquei e ela deu um tapinha em meu braço.
- Não disse, um moleque abusado! – Ela tentou segurar o riso.
- Anda, tia, no mínimo a gente toma um ‘borre’ como a senhora diz. – Eu sorri pra ela.
- Querido, eu agradeço, de verdade, mas você tem coisas mais interessantes para fazer no sábado à noite do que pajear uma velha. – Ela me encarou com um sorriso que não era aquele sorriso lindo e natural de antes.
Ela se depreciar, se chamando de velha, me irritou. Eu dei um passo em sua direção, invadi o seu espaço pessoal e passei os nós dos dedos no seu rosto.
- Magda, não vou permitir que você continue se tratando assim! Você não é uma velha e sair com você é muito interessante. Por favor, me dá esse privilégio. – Eu pedi com a voz firme e séria, sem brincadeiras, sem piadinhas.
- Tomás... – Eu coloquei o dedo sobre seus lábios, impedindo que ela falasse.
- Por favor. – Eu insisti, olhando nos olhos dela, que pareciam começar a ficar úmidos, e eu percebi o exato momento em que ela perdeu a batalha que lutava internamente.
- Está bem! Eu aceito. Vamos jantar, ouvir música boa e tomar um ‘borre’. – Ela riu e colocou a mão em meu rosto. – Obrigada por isso. – Ela me olhou por um momento e aquele sorriso real voltou para o seu rosto. – Eu vou me arrumar, não demoro. Por acaso você não está de moto, está?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...