“Abigail Zapata Monterrey”
O Martim encarou a Magda e resolveu intervir, eu percebi que ele não gostou dela sugerir que eu estava vivendo às custas dele. Eu nunca dependi dele e, embora ele se recusasse a aceitar meu dinheiro, eu já tinha me oferecido para dividir as despesas da casa várias vezes.
- Olha, D. Magda, eu tenho que dizer que a minha esposa não precisa que eu a sustente, embora eu pudesse fazer isso com o maior prazer, além do mais, nós estamos casados a pouco tempo e ela sempre viveu muito bem com o salário dela. – O Martim saiu em minha defesa e a Magda não se atreveu a contestar.
- Magda, reconheço que o Zapata foi mais do que generoso na fixação dessa mesada. – O Ulisses comentou e eu percebi que havia atingido o ponto certo.
- Ah, Ulisses, até parece que foi, mas ele não considerou os pormenores. Como eu disse ele me fez criar hábitos e me deixou sem um lugar para morar, eu estou vivendo em hotéis. Além do mais, eu tenho um filho. – A Magda estava quase chorando.
- Ah, D. Magda, mas aí é fácil resolver, com cem mil por mês é só alugar um apartamento, a senhora poderia alugar um mobiliado, tem opções ótimas no mercado. Eu mesmo posso ajudá-la com isso. – O Maximilian sugeriu e a Magda o olhou com desgosto.
- É uma ótima idéia, Magda. E, além do mais, o seu filho já não é uma criança, poderia encontrar uma ocupação, minha querida. Ele já pode se virar sozinho, você não deveria se preocupar com ele tanto assim. – O Ulisses respondeu delicadamente.
- E você não tem que se meter no que não é da sua conta, Ulisses. – O Enrico respondeu irritado.
O Enrico olhava para o Ulisses com raiva, era óbvio que os dois não se suportavam, mas o Ulisses engolia o Enrico por causa da Magda. E a Magda estava numa situação muito delicada ali. Ao ouvir a resposta do filho, ela ficou vermelha e olhou para ele em tom de reprovação.
- Enrico! – A Magda chamou sua atenção e se voltou para o Ulisses. – Esse menino, Ulisses, só tem tamanho, não tem maturidade, todo mundo o faz de bobo, eu preciso estar sempre vigilante. Olha pra você ver, ainda se comporta como aquele adolescente mimado que você conheceu.
- Ah, D. Magda, me desculpe, mas o seu filho abusa da sua generosidade. – O Ignácio comentou com toda a seriedade que tinha e eu quase ri. A Magda generosa? Onde? Essa visita estava saindo muito melhor do que nós planejamos.
- Me desculpem perguntar, mas eu sei que o Zapata deixou muito dinheiro, o suficiente para vocês dividirem, porque não fazem um acordo e pedem ao juiz que anule o testamento? Garanto que, diante das condições, ele atenderia a um pedido assim, eu poderia falar com ele por vocês. – O Ulisses sugeriu.
- Ulisses, sabe o que é, meu pai era tudo o que eu tinha, eu quero cumprir a última vontade dele. – Foi a minha vez de me fazer de filha enlutada e sofrida.
Onde já se viu, anular o testamento? Jamais! Se dependesse de mim essa cobra não receberia nem a pensão. Mas o que o Ulisses não entendia é que a Magda também não queria dividir nada, ela queria tudo só pra ela.
- Entendo, Abigail, mas talvez essa última vontade seja exagerada. A Magda é uma mulher ainda jovem, é natural que ela refaça a vida. – O Ulisses estava doidinho para refazer a vida da Magda.
- Mas, Ulisses, eu acho que essa condição foi idéia dela mesma, porque ela estava sempre dizendo que depois que ele morresse ela se enterraria com ele, seria impossível que ela encontrasse outra pessoa. – Eu me lembrei que a Magda sempre falava isso para agradar ao meu pai.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...