Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 33

— Confirme com os promotores do Cabernet que eles devem ficar na estação três, não na dois — instruí Lisa, enquanto ajustava o pequeno broche com o logo da Vale do Sol em meu blazer azul-marinho.

O salão do evento estava impecável. As luzes indiretas criavam uma atmosfera sofisticada, destacando os displays de vinhos e os infográficos sobre o processo de produção da vinícola. Os primeiros convidados chegariam em dez minutos, e minha equipe se movia com eficiência coordenada, fazendo os ajustes finais.

— Zoey, Eduardo quer falar com você no lobby — disse um dos assistentes, passando rapidamente por mim.

Encontrei meu chefe perto da entrada principal, ajustando nervosamente sua gravata. Eduardo Mendez era um homem de quarenta e poucos anos, com uma energia constante que tornava difícil ficar parado perto dele.

— Ah, Zoey! — Seu rosto iluminou-se ao me ver. — Está tudo perfeito. Você superou minhas expectativas mais uma vez.

— Obrigada. A equipe trabalhou duro.

— A equipe seguiu suas instruções. — Ele sorriu, mas havia algo calculista em seus olhos que notei mais e mais nas últimas semanas. — Escute, preciso que fique especialmente atenta aos representantes da Associação. O presidente, Roberto Santos, é crucial para nossos planos de expansão.

— Já designei Lisa para acompanhá-lo durante todo o evento.

— Excelente. — Ele consultou o relógio. — E quanto aos Bellucci?

Aquela sensação incômoda voltou. Por mais que tentasse ignorar, havia algo na insistência de Eduardo sobre a Bellucci que me deixava desconfortável.

— O próprio Christian Bellucci confirmou presença. — Eduardo me observou atentamente, como se estudasse minha reação. — Junto com seu diretor de exportação.

Mantive minha expressão neutra, mas meu coração acelerou. Em poucas horas, estaria face a face com Christian. Depois de três meses, noventa e dois dias para ser exata. Não que eu estivesse contando.

— Atribuirei alguém adequado para recebê-los.

— Na verdade... — Eduardo colocou a mão em meu ombro — pensei que você mesma poderia fazer isso. Considerando seu... relacionamento anterior com ele.

A forma como Eduardo sempre mencionava meu passado com Christian me incomodava. Desde a entrevista, quando ele comentou que "conexões pessoais podem abrir portas profissionais", eu vinha tentando provar meu valor para além de ter sido "a noiva de Bellucci".

— Claro. Sem problemas.

Eduardo apertou meu ombro de leve antes de se afastar para cumprimentar os primeiros convidados que chegavam.

Durante a primeira hora do evento, consegui manter minha mente ocupada com mil detalhes operacionais. Lisa precisava de orientação com um sommelier difícil. Um dos displays interativos apresentou falhas técnicas. Um crítico influente chegou mais cedo e exigia atenção imediata.

Foi enquanto explicava as notas de carvalho do nosso Reserva Especial para esse crítico que o senti. Aquela sensação inequívoca de ser observada. De ser observada por ele.

Virei-me lentamente, e lá estava Christian Bellucci, parado perto da entrada. Impecável em um terno cinza-escuro que parecia ter sido costurado diretamente em seu corpo. Cabelo perfeitamente arrumado, a barba por fazer exatamente no ponto certo entre desleixo e sofisticação. Ao seu lado, um homem mais velho carregava uma pasta e parecia fazer anotações em um tablet.

— Claro, chefe. Mas ele está vindo para cá, então... boa sorte mantendo esse profissionalismo.

Meu corpo inteiro ficou tenso. Christian havia terminado sua ronda pelo salão e agora caminhava com determinação em minha direção. Cada passo dele diminuía a distância física que havia nos separado por três meses, enquanto meu coração batia cada vez mais rápido.

A última vez que estivemos tão próximos, seus lábios estavam nos meus, suas mãos na minha cintura, dentro daquele Porsche estacionado em frente à minha casa. Antes dele dizer não. Antes dele ir embora.

Respirei fundo, erguendo o queixo ligeiramente. Eu não era mais aquela Zoey desesperada, implorando para que ele entrasse. Era uma profissional competente, comandando um evento importante, construindo uma nova carreira.

— Srta. Aguilar — Christian disse, finalmente parando à minha frente, tão perto que pude sentir o leve aroma de sua colônia, a mesma que usava naquela noite na piscina.

— Sr. Bellucci — respondi, orgulhosa de como minha voz soou firme, mesmo quando todo meu corpo parecia reconhecer a proximidade dele.

Por um momento, ficamos assim, medindo um ao outro, absorvendo as pequenas mudanças que três meses haviam trazido. Ele parecia mais magro, com leves sombras sob os olhos. Será que não estava dormindo bem? Será que pensava em mim nas mesmas horas da madrugada em que eu pensava nele?

— Podemos conversar? — ele perguntou, sua voz mais baixa, quase íntima.

Uma pergunta simples, mas carregada de tanto significado. De tantas possibilidades. Pensei em dizer não, em não abrir velhas feridas, em manter a distância segura que três meses haviam construído. Mas talvez Christian nem estivesse pensando em nada disso. Talvez fosse apenas algo profissional, sobre vinhos ou o evento.

— Claro — respondi, meu coração martelando contra as costelas. — Siga-me.

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