Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário romance Capítulo 178

~CHRISTIAN~

O retorno à sala de jantar foi um exercício de autocontrole que me custou cada fibra de força que eu possuía. Zoey permaneceu ao meu lado, sua mão entrelaçada firmemente na minha, transmitindo uma força silenciosa que eu desesperadamente precisava naquele momento. Consegui forçar um sorriso quando todos os olhares curiosos se voltaram para nós.

— Tudo bem? — perguntou minha mãe, suas sobrancelhas franzidas em uma expressão de preocupação maternal que raramente demonstrava.

— Perfeitamente — respondi, puxando a cadeira para Zoey com a cortesia automática. — Zoey apenas esqueceu de tomar o remédio para dor de cabeça.

A mentira saiu naturalmente, fluindo como se fosse verdade. Era impressionante como anos de reuniões corporativas e negociações tensas me haviam ensinado a esconder qualquer emoção por trás de uma máscara de cordialidade profissional.

Giuseppe estava sentado à cabeceira da mesa, seus olhos brilhando com aquela alegria genuína que sempre demonstrava quando toda a família estava reunida. Meu pai ocupava o lugar à sua direita, conversando animadamente com Roberto sobre as perspectivas da safra deste ano. A normalidade da cena era quase surreal, considerando o furacão de revelações que havia acabado de varrer minha vida.

— Como está se sentindo, querida? — perguntou Regina, dirigindo-se carinhosamente a Zoey. — Deve ser difícil estar longe do Matteo.

— É muito difícil — Zoey respondeu, sua voz carregada de uma honestidade tocante. — Mas os médicos dizem que ele está se desenvolvendo bem. Logo poderemos trazê-lo para casa.

A conversa fluiu para tópicos seguros e reconfortantes. Anne contou histórias engraçadas sobre seus últimos projetos de trabalho. Marco fez piadas que arrancaram risadas genuínas de todos. Matheus discutia futebol com Giuseppe, suas vozes se elevando ocasionalmente quando discordavam sobre as chances do Grêmio na temporada.

Carmen havia se superado no jantar. O risotto de camarão estava perfeito, o vinho escolhido harmonizava magnificamente com cada prato, e a sobremesa prometia ser espetacular. Tudo parecia absolutamente normal, uma reunião familiar calorosa e acolhedora.

Mas eu não conseguia parar de olhar para meu pai. Cada gesto, cada expressão, cada palavra que saía de sua boca estava sendo analisada e dissecada pela minha mente. Como ele conseguia sentar ali, conversando tranquilamente sobre assuntos triviais, sabendo o que havia feito?

— Christian — disse Giuseppe, chamando minha atenção de volta para a conversa. — Você está muito quieto esta noite. Algum problema com os negócios?

— Nada que não possa ser resolvido — respondi automaticamente, forçando outro sorriso.

— Ótimo — meu pai se intrometeu na conversa, levantando sua taça de vinho em um brinde espontâneo. — Então vamos brindar à recuperação completa da Zoey e ao nosso pequeno Matteo, que está se mostrando um verdadeiro guerreiro Bellucci.

Todos levantaram suas taças, sorrisos calorosos iluminando os rostos ao redor da mesa. Lorenzo continuou, sua voz carregada de uma emoção que parecia genuína:

— Estou feliz que vocês dois estejam bem e se recuperando. Quando soube do acidente, fiquei desesperado pensando que poderia perder minha nora e meu neto antes mesmo de ter a chance de conhecê-los adequadamente.

Foi nesse momento que algo dentro de mim se quebrou.

A hipocrisia descarada de suas palavras, a forma como conseguia expressar preocupação enquanto havia orquestrado exatamente o oposto, a maneira como olhava diretamente nos olhos de Zoey enquanto mentia descaradamente sobre ter temido perdê-la.

— É mesmo? — minha voz saiu mais fria do que eu pretendia, cortando através da atmosfera calorosa como uma lâmina de gelo. — Você realmente estava preocupado em perdê-los?

O silêncio que se seguiu foi instantâneo e pesado. Todas as conversas paralelas cessaram abruptamente, como se alguém tivesse apertado um botão de mudo. Senti Zoey tensionar ao meu lado, sua mão apertando a minha em um aviso silencioso.

— Claro que estava — Lorenzo respondeu, sua testa franzindo em confusão genuína. — Por que pergunta isso?

— Talvez porque da próxima vez você poderia instruir sua amante a não empurrar minha esposa da escada.

Giuseppe tentou se levantar, sua mão trêmula apoiada na mesa, o rosto contraído em uma expressão de dor que ia muito além do físico.

— Lorenzo — sua voz saiu fraca, quase inaudível. — Meu filho... me diga que isso não é verdade. Me diga que você não fez isso com sua própria família.

— Pai — Lorenzo começou, sua voz agora desesperada, — você não entende. As coisas simplesmente saíram de controle...

Foi uma confissão. Parcial, tentando minimizar sua culpa, mas ainda assim uma confissão.

O caos que se seguiu foi indescritível. Anne começou a gritar, exigindo explicações. Marco ficou de pé, suas mãos fechadas em punhos, claramente lutando contra o impulso de partir para cima de Lorenzo. Minha mãe estava chorando descontroladamente, repetindo "Como você pôde?" como um mantra quebrado. Os pais de Zoey permaneceram em silêncio chocado, claramente tentando processar.

Foi então que Giuseppe começou a cambalear.

— Nonno! — gritei, correndo para ampará-lo quando suas pernas falharam.

Ele caiu pesadamente na minha direção, sua respiração superficial e laboriosa, os lábios assumindo uma coloração azulada preocupante. No caos que se seguiu, com todos correndo para ajudar, gritando por uma ambulância, tentando encontrar seus remédios para o coração, Lorenzo simplesmente desapareceu.

Quando finalmente olhei ao redor da sala devastada, procurando por ele, sua cadeira estava vazia.

Ele havia fugido como um covarde.

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