Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 58

- Já o avisei no telefone de emergência, por mensagem. – O outro respondeu.

- Eu estou morrendo? – perguntei, sentindo um nó na garganta ao ouvir a conversa deles.

- Não. – Ele foi sério. – Mas ele fará todos os exames necessários e só será liberada quando ele achar que está tudo bem de verdade com a senhora.

- Eu não posso ficar aqui... Eu...

“Eu não tenho dinheiro para pagar, galera”. Mas como dizer-lhes isso?

A enfermeira trouxe a cadeira de rodas até mim.

- Sente-se, senhora, por favor. – Tentou me ajudar.

Retirei as mãos dela. Eu estava bem. Não precisava de ajuda. Era só uma cólica, daquelas que só passava com muitos analgésicos, bolsas de água quente e Ben e Salma. Onde estavam meus amigos? Eu imaginei que estava morrendo, ou não chamariam um Ginecologista de emergência. E se não morresse de doença, morreria quando recebesse a conta do hospital. Certamente desta vez eu perderia meu rim, que tirariam ali mesmo para quitar as despesas. Ou se eu quisesse me manter com dois rins, teria que recorrer à minha avó, que talvez tivesse que vender um de seus estimados bois para pagar a conta.

Não adiantava contestar. Ninguém me dava ouvidos. Daquele consultório fui parar num quarto maior que o do meu apartamento, com TV, frigobar, sacada... Nem sei mais se estava no hospital ou num hotel.

A cadeira foi colocada diretamente ao lado da cama, onde desci e fiquei parada, tentando entender o que fazer.

- Pode deitar, senhora. Em breve o médico virá atendê-la.

- A questão é que eu já passei pelo médico. Se eu não vou morrer, por que não me deixam ir embora?

- Ordens do senhor Casanova. Só sairá daqui depois de todos os exames realizados e diagnóstico de um profissional.

Revirei meus olhos e sentei na cama. Como explicar para aquele homem que eu não podia ficar ali? Eu não tinha tempo nem dinheiro para aquela brincadeira de ficar doente?

Ela saiu e fiquei ali, sentada com os pés para fora da cama, tentando imaginar uma maneira de fugir... Que não fosse pela janela, pois tinha um muro gigantesco do lado de fora.

A porta se abriu e Heitor Casanova entrou. Ele parou na minha frente e ficamos nos olhando, sem dizermos nada. Abaixei os olhos e segui balançando os pés, procurando as palavras certas.

Ele foi até o frigobar e pegou uma água gelada, bebendo no gargalo até não sobrar uma gota.

- Tudo bem? – perguntou.

- Já estava tudo bem... Antes.

- Não... Não estava bem.

Claro que não. Eu não tinha comido ainda.

- Que horas são? – perguntei.

- Quase cinco da tarde.

Senti meu estômago roncar.

- Eu preciso ir embora. – Fui direta.

- Precisa ou “quer” ir embora?

- As duas coisas.

- Só depois de fazer todos os exames.

- Eu já sei o que tenho.

- O que você tem?

- Fome.

- Prefiro morrer a dever um favor para você.

Fui sincera... Ou provocante, porque eu começava a achar que gostava de deixá-lo puto comigo.

- Se não se comportar, não vou devolver suas joias.

Sentei imediatamente. Ele abriu os olhos e me encarou, ainda demonstrando cansaço e ao mesmo tempo tranquilidade.

- Você não jogou fora? – perguntei, esperançosa.

- Acha que eu jogaria joias fora? Eu não sou louco ou insano, como você. Posso ser um desclassificado, mas não atiro dinheiro no lixo.

- Elas valiam uma boa quantia... Talvez não para você, mas para mim sim. A questão é que são as únicas lembranças da minha mãe. Então o valor é muito mais sentimental do que qualquer outra coisa. Eu jamais as venderia... Mas ficar presa não seria bom para o meu currículo.

- Só se preocupou em ficar presa por causa de constar na sua ficha ao procurar emprego?

- Eu acho que sim...

- Você é esquisita, Bárbara.

Por que a forma como ele chamava meu nome parecia me desestabilizar completamente? Ele pronunciava “Bárbara” tão vagorosamente e parecendo provar cada letra... Como eu sentia... Meu corpo se derreter do B até o A.

- Vai devolver minhas joias? – perguntei, sabendo que não tinha colherinha por ali, então não poderia me dar ao luxo de derreter porque não havia quem me juntasse, a não ser o próprio motivo da minha umidade na calcinha.

- Se você se comportar, posso pensar sobre isso.

Deitei de novo e virei a cabeça em direção a ele:

- Eu não sei me comportar, senhor Casanova.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas