“Samantha”
Quando fiquei grávida não pensei que nove meses passariam tão depressa. Eu já estava na quadragésima semana de gestação, meu parto estava previsto para acontecer daqui a quinze dias e o quartinho do meu bebê ainda não estava pronto. Era manhã de domingo e fiz o Heitor me ajudar.
Eu estava sentada na poltrona de amamentação lendo as instruções de montagem do berço para ele, com o Canela deitado aos meus pés.
- Minha deusa, por que é que você sempre me coloca pra montar móveis, sendo que podemos contratar alguém que saiba fazer isso? – Heitor reclamou pela centésima vez.
- Porque esse é o berço do seu filho e você não quer que ele caia do berço porque um parafuso ficou mal ajustado. – Falei alisando a minha barriga que estava enorme.
- E você acha que tem mais chance de alguém acostumado a fazer isso deixar um parafuso frouxo do que eu, que nunca montei um berço na vida? – Ele olhava pra mim como se eu tivesse criado mais duas cabeças.
- Acho! É o berço do seu filho e você não quer que ele caia, então terá mais cuidado que qualquer outra pessoa no mundo.
- Minha deusa, eu não quero que nosso bebê caia, mas eu não entendo a sua lógica.
- Heitor, para de reclamar e monta esse berço, não quero meu bebê dormindo no chão porque o pai dele fez corpo mole pra montar do berço.
- Você está mais tirana que a Melissa. – Heitor bufou e voltou a montar o berço.
- Continuando. A distância máxima das extremidades longitudinais aaiii... – Senti uma dor absurda e olhei pra baixo, sentindo a umidade escorrer entre minhas pernas.
- Fez xixi de novo? – Heitor olhou pra mim e riu, se lembrando do dia no hospital e lembrando que eu andava fazendo muito xixi e estava sempre apertada por causa da gravidez.
- Seu idiota! – Resmunguei. – Aaaiii! Minha bolsa estourou.
- Sam, foca no berço agora, depois você compra outra bolsa. – Heitor falou sentado no chão apertando um aparafuso.
- Heitor, você é lesado, é? Minha bolsa estourou! Seu filho vai nascer! – Falei perdendo a paciência e ele virou a cabeça em minha direção perdendo a cor.
- O que disse? – Heitor parecia ter entrado em choque.
- Pelo amor de deus, Heitor, não é hora de desmaiar. Chama o Álvaro! – Falei mais alto chamando a atenção dele.
Ele pareceu ter saído do transe e se desesperou, andando de um lado para o outro. Perdi a paciência, peguei o celular que estava ao meu lado e liguei para o Álvaro que, pra minha sorte, estava em casa e rapidinho chegou.
- Cheguei! – Álvaro entrou no quarto e olhou para o Heitor com um enorme sorriso. – Seu filho vai nascer!
- Mas é seguro ele nascer agora? – Heitor estava aflito e só então me dei conta do medo dele.
- É sim, filho. Isso é normal. Seu bebê já está formado e saudável. Vai pegar a bolsa que ela já deve ter deixado pronta e vamos para o hospital, já avisei a minha equipe. – Álvaro começou a dar instruções e o Heitor parecia ter voltado a si.
Fomos para o hospital e já estava tudo pronto a minha espera. Uma enfermeira me ajudou a trocar de roupa e a deitar na cama. Heitor estava atento agora. O Álvaro me examinou, verificou a dilatação e sorriu pra mim.
- É, Sam, tudo indica que teremos um parto normal. Isso é ótimo. Heitor, avisa a família enquanto esperamos a Sam dilatar, isso pode demorar horas. Enquanto você liga, quero que caminhe com ela pelo corredor, isso irá ajudar. – Álvaro saiu do quarto dizendo que voltava logo.
Heitor e eu fomos caminhando pelo corredor enquanto ele ligava para a mãe dele e depois para a minha e em seguida para a Hebe. Mas uma dor lancinante me atravessou e eu gritei, me curvando. O Álvaro veio correndo pelo corredor e ajudou o Heitor a me levar de volta pra cama.
- Samantha, seu bebê está coroando! – Álvaro falou animado. – Hoje é dia de festa, bebê, venha que estamos ansiosos para te conhecer.
Senti outra contração e o Álvaro foi dando as instruções do que eu deveria fazer. Heitor segurou a minha mão e ia me ajudando com a respiração. Quando o bebê nasceu, o Álvaro estava cantando “Anunciação”, do Alceu Valença, para o meu bebê e foi com o verso do refrão que ele colocou o meu pequenino sobre a minha barriga.
- “Eu já escuto teus sinais...” – Álvaro cantarolou e olhou para o Heitor. – Papai, vem cortar o cordão umbilical. – Álvaro chamou o Heitor que estava emocionado.
- Se você desmaiar enquanto tem uma tesoura encostada em mim eu te mato! – Alertei o Heitor e o Álvaro soltou uma gostosa gargalhada.
- Sim e ele não poderia ter padrinhos melhores. – Eu tinha certeza disso.
- Você contou pra ela? – Os olhos dela se voltaram para o Heitor e ela o perguntou de repente.
- Não tive nada a ver com isso, Hebe. Ela decidiu e só havia me falado que já tinha escolhido os padrinhos e eu acatei a vontade dela sem nem saber quem era. – Heitor explicou que nem ele sabia. – Mas eu estou muito feliz com isso, porque sempre foi o meu desejo!
- Como assim? – Perguntei.
- Quando éramos adolescentes combinamos que seríamos padrinhos do primeiro filho um do outro. – Hebe sorriu. – Quando o Enzo nasceu eu não tive dúvida e entreguei meu filho pra ele ser o padrinho. Mas eu juro que não esperava que ele fizesse o mesmo. – Hebe se apressou em justificar.
- Ah, mas eu esperava e estava ansioso! – Edu, que estava emocionado olhando para o meu filho logo se pronunciou, nos fazendo rir. – Agora deixa o padrinho pegar o bebê. Nós prometemos a você, Hugo, sempre estaremos ao seu lado te apoiando, cuidando e aconselhando.
- Hebe, desde que eu conheci vocês eu tive certeza de que se tivesse um filho com seu irmão vocês seriam os padrinhos, porque vocês são pais maravilhosos e pessoas muito bondosas. Meu filho estará em boas mãos. – Sorri para a cunhada que me acolheu como irmã.
- O padrinho vai matar aqueles bobos lá na sala de espera de inveja, Hugo! – Edu estava todo bobo com meu filho e nos fez rir.
- O padrinho vai é lá em casa comigo me ajudar a acabar de montar o berço. – Heitor deu dois tapinhas nas costas dele se lembrando da tarefa inacabada e nos fazendo rir.
A vida é muito boa! Apesar de todos os percalços e todas as dificuldades que encontramos, Heitor e eu enfrentamos os problemas e estávamos construindo uma família linda e cercada de amor. Nada é mais importante na vida do que a família, que nem sempre é formada por aqueles que tem seu próprio sangue. Eu aprendi que a família é formada por aqueles que te tem amor, puro e genuíno, tendo o mesmo DNA ou não. E assim, os dias podem trazer problemas, às vezes até alguma tristeza, mas com a família ao nosso lado, nós podemos suportar tudo, pois a família sempre nos manterá de pé, nos dará apoio, nos cercando de amor e de alegria.
N.A.:
Queridos, finalizamos a jornada de Heitor e Samantha, que foi cheia de altos e baixos. Espero que vocês tenham curtido muito o casal. Mas agora, é hora de vivermos um outro amor do “Clube Social” e descobrir o que o Delegado Flávio está escondendo da jovem e doce Manu. Vamos juntos nessa jornada? Para atiçar os curiosos de plantão, preparei uma pequena prévia desse casal, que está logo abaixo. No próximo capítulo, eles vão chegar com tudo!
-Prévia de Flávio e Manuela: Flávio Moreno é um delegado de trinta e cinco anos, bonito, estressado e rude, em uma cidadezinha no interior, que aproveita uma oportunidade de promoção e se muda para uma cidade grande, onde conhece Manuela, uma jovem de dezoito anos, inocente e inexperiente, que foi morar sozinha na cidade grande para que pudesse cursar uma faculdade. Flávio se encanta por Manuela, mesmo a achando jovem demais e se apaixona por ela, que se entrega a esse romance quente e totalmente inesperado. Flávio omite algumas coisas sobre sua vida. Manuela é filha de uma mulher rígida, antiquada e intransigente, sendo a relação das duas conflituosa desde sempre. Flávio não é o genro que a mãe de Manuela esperava. A família de Flávio acha que Manuela é jovem demais e não é a mulher ideal para ele. Eles terão que apaziguar as famílias ou escolher viver juntos e longe deles. O que será que o destino reserva para esse casal?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque