O suor grudava na minha pele, mas Carter parecia não se importar. Ele me segurou de perto e sussurrou: “Não tenha medo, Zoey.”
Como não teria?
O pensamento do assassino ainda à solta me assombrava. Saber que meu corpo havia sido mutilado me deixava inquieta, não conseguia dormir.
A polícia não havia feito nenhum progresso, e eu não conseguia parar de pensar no que Anna teria feito com os meus órgãos.
Fiquei em silêncio, consumida pelos meus pensamentos, enquanto a expressão de Carter ficava mais sombria nas sombras do quarto.
Pela manhã, eu estava um pouco mais calma, mas algo estava estranho, Carter não estava no quarto.
Eu já havia me acostumado a vê-lo ali quando acordava. Será que ele tinha saído cedo para o trabalho?
Quando desci as escadas, ouvi seu tom severo, algo que raramente presenciava.
Sentado em sua cadeira de rodas, Carter bateu uma pilha de papéis na cabeça de Luke.
“Esse é o seu trabalho como CEO do Grupo Bolton? Se eu soubesse que você iria estragar tanto, nunca teria te dado o cargo!”
Sheila fazia um esforço para tentar persuadir, enquanto Adam parecia constrangido. Ele implorou: “Carter, Luke está angustiado desde o sumiço repentino da Chloe. Por isso ele cometeu um erro com os documentos.”
Carter fez uma careta. “Você está culpando a Chloe pela incompetência dele?”
Ele sabia a verdade sobre a traição de Luke depois da minha morte, ele até tinha fotos não censuradas e em alta resolução de Luke e Anna.
Adam pareceu se lembrar disso, caindo em silêncio e olhando para Jeffrey em busca de ajuda.
Jeffrey, no entanto, apenas apertou os lábios e disse: “Eu já te passei o controle dos Boltons, Carter. Como você vai lidar com isso é sua escolha.”
O olhar de Carter se fixou em Luke. “Vou convocar uma reunião de acionistas para tirá-lo do cargo e eleger um novo CEO.”
Pânico passou pelo rosto de Luke. Ele deve ter acreditado que Carter não teria coragem de fazer nada contra ele por causa da antiga amizade de sua mãe.
“Tio Carter, você não pode fazer isso comigo!”
A voz de Carter estava gelada. “O CEO do Grupo Bolton deve ser competente. Você precisa de um tempo para se recuperar, então considere isso uma oportunidade de descanso.”
As palavras soaram educadas, mas todos entenderam, era o jeito de Carter de tirar o poder dele.
Luke, agora agarrado ao seu último pedaço de autoridade dentro dos Boltons, estava furioso.
Ele olhou fixamente para Carter e cuspiu: “Por que reviver velhas mágoas agora? Você está deixando o preconceito pessoal afetar seu julgamento.”
Carter bufou friamente. “Se eu quisesse me vingar, te mandaria de volta para o ventre da sua mãe.”
Eu nunca tinha visto Carter tão enfurecido. O que o havia provocado?
Ele parecia pronto para dizer mais, mas ao me notar, sua expressão suavizou.
“O café da manhã está pronto”, disse com carinho. “Coma alguma coisa. Você não comeu ontem à noite.”
A tensão na sala estava sufocante, então fui para a sala de jantar.
Luke merecia tudo o que aconteceu.
Após uma boa noite de sono, minhas emoções haviam se acalmado. Carter me pediu para esperar por ele, e eu confiava o suficiente nele para fazer isso.
Depois do café da manhã, ele sugeriu que fôssemos comprar presentes de Ano Novo. Sem assuntos urgentes para resolver, eu aceitei.
Eu gostava de estar com Carter. Ele era confiável, atencioso e nunca me decepcionava.
Não pude deixar de pensar em como minha vida teria sido se Carter tivesse sido o responsável por me salvar na época. Talvez eu tivesse evitado o imbecil do Luke.
Se eu tivesse casado com Carter em minha vida passada, talvez até já tivéssemos filhos agora.
“O que está pensando?”, a voz de Carter me tirou dos meus pensamentos.
Eu corei um pouco. “Nada.”
Então, apesar do desgosto por Anna, os preparativos para o casamento continuaram.
Quando perceberam minha presença, suas expressões mudaram. Ashley não perdeu tempo em puxar Anna e colar um sorriso falso.
“Que surpresa te ver aqui, Sr. e Sra. Bolton.”
Ele lançou um olhar afiado para Anna. “Diga algo! Está muda?”
A frase de que era preciso um vilão para lidar com outro parecia se encaixar bem ali.
“Saudações, Sr. Bolton, Sra. Bolton”, Anna nos cumprimentou de forma rígida, a relutância evidente.
Ela então se virou para os funcionários e casualmente pediu para prepararem seu colar para embalagem.
Não consegui evitar um sorriso irônico. “Sra. Sander, não acha que o destino tem um senso de humor estranho? Acabei de admirar esse colar, e descobri que ele já era seu.”
Anna estava prestes a responder, mas Ashley interveio, seu tom excessivamente ansioso. “Se a Sra. Bolton gosta, deixe-me levar os créditos e chamar isso de presente de casamento de nossa parte.”
Os olhos de Anna se arregalaram de incredulidade. “Esse é o meu colar! O que te dá o direito de entregá-lo a outra pessoa?”
Ashley fez uma careta, sua voz cheia de desdém. “Você já é nora dos Hudsons. Qual a diferença entre o seu e o meu? Sua família não te ensinou que, quando se casa, tudo o que você tem pertence ao seu marido? Agora vai pagar por isso e entregar à Sra. Bolton.”
Era irônico. Anna tinha tirado tanto de mim no passado, até minhas joias de casamento. Agora, a situação se invertera.
Brincando com a caixa de joias, soltei uma risada suave e divertida. “Sra. Sander, espero que não esteja muito chateada por eu ter pegado seu colar.”
“Chateada?”, Ashley interveio com uma polidez exagerada. “Claro que não, Sra. Bolton. Ela deveria se sentir honrada por você ter gostado.”
Voltei a olhar para Anna e sorri. “Sra. Sander, parece que você e o Sr. Hudson formam uma boa dupla.”
Um era desavergonhadamente oportunista, o outro calculista e frio.
Não pude deixar de me perguntar quanto tempo demoraria para que eles se virassem um contra o outro.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casamento de Arrependimentos e Revelações
Meu Deus quando eles vão ser feliz...
Não terá mais atualização??...