Casamento de Arrependimentos e Revelações romance Capítulo 117

Carter usava um casaco de lã preto hoje, mantendo sua atitude usualmente fria.

Enquanto eu o empurrava para baixo, perguntou: “Vamos ver a casa do casamento hoje?”

Eu hesitei por um momento. A razão pela qual inventei essa desculpa foi para trazer à tona a questão da estátua, e agora que já tinha tocado no assunto, quase tinha me esquecido dela.

No entanto, a realidade permanecia: nosso casamento exigia a criação de uma casa marital. Eu não podia continuar vivendo nesse espaço apertado para sempre, era simplesmente muito inconveniente. Assenti com a cabeça. “Claro.”

Desde o meu renascimento, mesmo com o mundo lá fora coberto de neve e gelo, meu coração se sentia tão claro quanto o céu em um dia ensolarado.

Eu o empurrei na direção da sala de jantar. O ambiente na propriedade estava pesado, especialmente após o funeral de Chloe. Era como se uma nuvem tivesse se instalado no lugar.

Até Sheila, que nunca foi muito fã de mim, usava uma expressão um tanto melancólica. Claro, qualquer pessoa razoável acharia a forma como morri algo bastante trágico.

Jeffrey também parecia muito mais velho em tão pouco tempo. Sentado à cabeceira da mesa, virou a cabeça e tossiu algumas vezes.

Eu bati levemente nas costas dele e lhe passei um copo de água morna.

Pelo menos aqui, Jeffrey me tratava com sinceridade.

Contive o impulso de chamar seu nome e usei um tom mais cortês. “Tome água.”

“Você é uma menina muito atenciosa. Toda vez que te vejo, sinto que estou olhando para...” A voz dele foi se dissipando, e suspirou profundamente. “Sente-se. Vamos ver se isso é algo que você vai gostar.”

“Tá bom.”

Primeiro, perguntei sobre as preferências de Carter, já que seus gostos pareciam semelhantes aos meus. Servi-lhe um pouco de mingau de milho e saladas.

Sheila se virou para Anna e perguntou: “Tudo bem na delegacia?”

“Não se preocupe, mãe. Luke e eu apenas esclarecemos o que sabíamos. Como a morte de Chloe é tão suspeita, faz sentido que a polícia queira que forneçamos qualquer pista útil.”

Como eu já imaginava, ela não estava diretamente envolvida com o caso. Sem provas concretas, a polícia não poderia fazer nada contra, por enquanto.

Luke não falou nada, mas seu olhar sempre voltava para o meu rosto.

Eu não sabia se estava me olhando ou se seus pensamentos ainda estavam com Chloe.

Quando vi seus olhos afetuosos, só conseguia pensar na imagem dele e de Anna fazendo amor sob a minha estátua. O pensamento me fez sentir náusea.

Desviei o olhar, peguei um camarão e segurei perto da boca de Carter. “Você deveria experimentar isso. Está muito bom.”

Os olhos indiferentes dele se voltaram para mim, seu olhar tão profundo e inescrutável como sempre.

Luke se adiantou e falou: “Você ainda não sabe, mas o tio Carter não gosta muito de peixe ou camarão.”

Assim que disse isso, Carter deu uma mordida e mastigou devagar. “Não está ruim.”

Foi como um tapa na cara de Luke, deixando-o envergonhado na frente de todos.

Após terminar a refeição, Carter se virou para mim novamente. “Avise à ajudante o que você quer para o almoço.”

“Eu não tenho preferência.”

“Você gosta de comida apimentada?”, Carter perguntou, de forma casual. “As pessoas aqui têm uma preferência forte por temperos. Fico preocupado que não seja do seu gosto.”

“Não me importo com isso. Somos de Subury, e lá cultivamos todo tipo de pimenta. Todo mundo lá já está acostumado com comida apimentada”, expliquei.

Imediatamente me arrependi de ter dito isso. Afinal, agora sou Zoey.

Lembrei-me de que Carter me perguntou mais cedo se eu preferia suco doce ou azedo. Um arrepio percorreu minha espinha. Será que estava me testando?

De fato, foi uma época bem feliz. Um dia, os dois se entregaram cinco vezes, na mesa de escritório, perto das janelas do chão ao teto, na cama, no tapete e até no banheiro.

Eu poderia provar isso para Anna, mas estava tão satisfeita que não conseguia nem fechar as pernas depois.

Mas agora, Luke a olhava com nada além de nojo. “Eu já esclareci as coisas com você. Se livra desse filho.”

Anna o olhou com piedade. “Chloe se foi. Ninguém pode nos parar agora. Eu entendo que você ainda não consiga se desapegar dos sentimentos desses anos todos. Estou disposta a esperar por você, mas meu bebê não pode esperar. Essa criança é nossa única linhagem.”

“O que você quer dizer?”, a voz de Luke ficou fria enquanto finalmente percebeu que nunca realmente conheceu a mulher à sua frente.

Anna acariciou sua barriga lisa, um sorriso suave brincando nos cantos dos lábios. “Quero dar ao nosso filho um lar. Casa comigo, por favor?”

Viu? Sua verdadeira natureza, que estava oculta todos esses anos, finalmente se revelou.

Ela sempre dizia que não ia incomodar Luke, que não iria dificultar as coisas, mas agora estava usando o filho como uma forma de subir na escada social.

Ele a segurou pelos ombros com força, olhando em incredulidade. “Você está louca? Somos irmãos! Você quer que eu me case com você? Vai parecer que estamos tendo um caso.”

“Todo mundo sabe que não compartilhamos sangue. Eu sou uma Sanders, não uma Bolton. Se eu me casar com você, nossas famílias ainda podem formar uma aliança. Isso não é algo benéfico?”

Luke ficou ali, em silêncio, olhando em choque. “Como você pode dizer algo assim? Anna, você é aterrorizante.”

Com isso, se virou e correu para longe.

Um dia, eu revelaria a verdade sobre esses dois para o mundo inteiro.

Desliguei a gravação e guardei o celular, com um sorriso frio nos lábios enquanto me virava para ir embora.

Mas justo quando estava prestes a sair, virei-me e vi um homem sentado no corredor. Seus olhos penetrantes me perfuraram. “O que você está fazendo aqui?”