Edson Galvão pronunciou cada palavra com um tom gélido e incisivo: "Dois milhões! Você abre mão de mais de vinte milhões por ano para pintar... isso. Essa coisa sem valor!"
Com um estrondo, Edson Galvão jogou ao chão o quadro que Jéssica Rocha havia trazido.
Cacos de vidro se espalharam por todos os lados, e um pedaço atingiu o braço de Jéssica Rocha, causando um pequeno corte.
"Sr. Galvão," Jéssica falou com uma suavidade afiada, a voz carregada de um orgulho que parecia desafiar toda a fúria dele, "ganhar a vida com o meu talento é uma escolha que não me envergonha. E agora que você está prestes a se comprometer com outra, estar aqui não é mais apropriado."
Embora Jéssica Rocha fosse mais baixa que Edson Galvão, ela se manteve ereta, com um olhar suave, mas forte, o que fez com que Benjamin Costa mudasse sua opinião sobre ela.
"Edson, ela tem razão," Benjamin finalmente interveio, a voz trêmula de tensão. "Vocês terminaram. Por que continuar insistindo? Ser artista é uma profissão digna, não é como se ela estivesse—"
"Cale-se." Edson Galvão lançou um olhar frio para as duas pessoas presentes, "Saiam."
Cintia Cardoso, observando os cacos de vidro espalhados pelo chão, parecia preocupada, mas Jéssica Rocha a tranquilizou com um sorriso gentil: "Veterana, isso é um assunto pessoal, eu posso lidar com isso."
Assim que a porta se fechou atrás de Cintia e Benjamin, o silêncio preencheu a sala como uma sombra pesada. Edson se jogou no sofá, levando um copo de uísque aos lábios com a mão trêmula, como se buscasse ali a calma que havia perdido.
Apoiando os cotovelos nos joelhos, curvado para frente, ele permaneceu em silêncio.
Depois de um longo momento, Jéssica Rocha suspirou suavemente e disse: "Sr. Galvão, vamos terminar isso bem."
Edson ergueu a cabeça lentamente, os olhos faiscando com uma raiva contida. Num impulso, ele arremessou o copo vazio aos pés dela, o estilhaço e o uísque borrifando suas pernas.
O copo se quebrou aos pés de Jéssica Rocha, e o líquido espirrou em sua perna.
Edson ergueu a cabeça lentamente, os olhos faiscando com uma raiva contida. Num impulso, ele arremessou o copo vazio aos pés dela, o estilhaço e o uísque borrifando suas pernas.
Ela estava pronta para deixar para trás as mágoas de sua infância, aquele passado cheio de ecos de tristeza.
Jéssica Rocha pensou sobre isso; Edson Galvão a fez sentir afeição por ele em cinco anos, fazendo-a ser menos resistente à ideia de casamento.
Talvez em um ou dois anos, ela poderia se apaixonar por ele.
Ela sabia que não era justo transferir para Edson a amargura que carregava por causa dos erros dos pais, mas a coragem de se jogar no fogo não vinha sem consequências.
A vida deveria ter sua dose de atirar-se à chama.
Mas, a única vez que ela foi corajosa, resultou em uma vida de reclusão.
"Um ano atrás, no Festival de São João, ouvi você e sua mãe conversando. Você disse que estava apenas se divertindo comigo, que sua futura esposa seria uma herdeira rica, não uma pobre que nem sequer pode comprar uma casa em Recife."
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