Thales ficou em silêncio por um longo momento. Depois de um tempo, ele moveu a mão, pousando a palma quente e reconfortante sobre a bochecha machucada dela.
"Dói?"
Delfina não conseguiu se conter, as lágrimas vieram involuntariamente.
Durante os dez anos em que viveu ao lado de Thales, ela nunca havia sofrido a menor injustiça.
Naquela época, ela não era Delfina, era apenas a irmã de Thales, Fina.
Ela era gentil e todos gostavam dela. Irineu e Beatriz a adoravam. Rodrigo e seu grupo também a mimavam. Nem se cogitava que alguém pudesse machucá-la - e, mesmo que alguém quisesse, pensaria duas vezes antes de tentar.
Mas assim que Miles Holanda voltou ao Brasil, ela se tornou novamente a filha da Família Holanda, como se de repente tivesse se transformado em algo desagradável.
Às vezes, Delfina desejava egoisticamente que eles nunca mais voltassem.
"Irmão..." - De repente, ela agarrou a manga de Thales.
Ela queria contar sobre Xander ter tentado drogá-la, queria se esconder atrás dele como antes, confiante de que ele resolveria qualquer problema.
"Fina, está tudo bem?" - A voz de Adélia soou naquele momento.
A palavra que eu estava prestes a dizer ficou presa em sua garganta.
Quando Adélia se aproximou, ela soltou sua mão.
"Seu irmão e eu viemos visitar seu avô, ainda bem que chegamos a tempo. Xander não a incomodou, não é?" - Adélia perguntou.
"Não." - Delfina reprimiu suas emoções.
"Seu avô pegou pesado demais... olha só, está todo inchado. Vou te levar para cuidar disso" - disse Adélia com um olhar de compaixão.
"Não precisa, vou colocar gelo quando chegar em casa." - disse Delfina: "Podem entrar."
Sua voz era tão calma, como se nada tivesse acontecido. Se não fosse pela lesão chocante em seu rosto, talvez ninguém percebesse que ela havia sido atingida com tanta força.
Ela entrou no elevador, virou-se e apertou o botão, sem olhar para Thales novamente.
O dia estava quase no fim, e as pessoas entravam e saíam do hospital apressadas, todas com suas preocupações.
Ao sair, Delfina finalmente sentiu a dor ardente em seu rosto, tão intensa que teve vontade de chorar.
Mas ninguém a segurou e enxugou suas lágrimas enquanto ela chorava.
Naquele momento, ela não queria voltar para casa, nem para a Família Holanda, nem para a família Dantas, nem para aquela casa vazia na Rua Jardim Azul... todas pareciam lares e, ao mesmo tempo, não eram.
O Doberman deixou cair algo de sua boca no banco.
…Um saco de gelo medicinal.
Delfina ficou paralisada por alguns segundos: "Isso é para mim?"
O Doberman se sentou, mas virou a cabeça para o outro lado, talvez magoado com a rejeição dela.
"Desculpa." - Delfina se desculpou: "Eu tenho um pouco de medo de cachorros, não é nada pessoal."
O Doberman pareceu entender. Ele virou-se novamente e empurrou o saco de gelo na direção dela com o focinho.
Delfina pegou o saco de gelo e o colocou em seu rosto, olhando ao redor.
Não viu o carro de Alfredo nem qualquer sombra suspeita.
A sensação de queimação intensa em sua bochecha esquerda foi gradualmente se tornando uma dormência sob o efeito refrescante do gelo, mas isso não significava que a dor havia desaparecido, apenas se transformado em um tipo diferente de dor.
Durante todo o processo em que ela aplicou a compressa em seu rosto, o cachorro ficou ao seu lado, como um guarda-costas distante e imponente.
No entanto, aquilo se tornou ainda mais atrativo. Uma mulher bonita com o rosto inchado por causa de um tapa, acompanhada de um cachorro grande e imponente, atraía ainda mais a atenção dos transeuntes.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ardente Como O Sol
Muito bom 😘😘😘...
Uma das melhores histórias que já li......
Esse livro é muito bom 😋😋😋...
Atualiza por favor!!!...