Delfina estava sentada ao lado de Thales, podendo ver claramente o rosto esperançoso e radiante de Adélia.
Mas ela não conseguiu ver a expressão de Thales ou a maneira como ele baixou os olhos na direção de Adélia.
Ela imaginou que seria um olhar muito terno.
"Thales, você não vai beijá-la?" - Rodrigo parecia desesperado para aproximar suas cabeças.
"Ei, você consegue fazer isso ou não?"
"Está se fingindo de inocente, é?"
Thales sorriu levemente com a provocação de seus amigos, inclinando-se para Adélia.
Ao mesmo tempo, Delfina baixou os olhos, evitando ver a cena.
Ela olhava para o chão, como se estivesse começando a sentir o balanço suave do barco nas ondas do mar. Mas isso não deveria estar acontecendo, aquele iate era tão grande… tão estável.
Alfredo lançou-lhe um olhar de relance, mas ela estava tão perdida em seu próprio mundo que não notou sua expressão entediada.
"Quem é o Ás de Espadas? Vamos, apareça, não tente se esconder."
A chamada de Rodrigo a trouxe de volta à realidade, fazendo-a levantar a cabeça e perceber que o jogo já havia passado para a próxima rodada, com todos procurando o próximo azarão.
Delfina viu um olhar significativo de Jovita do outro lado da mesa, que lhe lançou um sorriso enigmático junto com a carta coringa em sua mão.
"Eu sou o rei". - Jovita disse, olhando para ela: "Ás de Espadas, revele-se."
Delfina sentiu algo quando estendeu a mão para pegar a carta, tocando em um leve vinco no verso.
Alguém havia marcado a carta.
Rodrigo olhou em volta sem sucesso e, no final, recorreu à última opção: "Pequena Delfina, não me diga que é você."
Delfina virou sua carta, revelando que era de fato o Ás de Espadas.
O orgulho nos olhos de Jovita era evidente quando ela repetiu a tarefa: "A pessoa à sua esquerda ou à sua direita, escolha uma e passe a carta com a boca."
O ambiente barulhento subitamente silenciou, com todos os olhares convergindo para Delfina.
À sua esquerda estava Thales, e à direita, Alfredo.
Jovita claramente queria colocar Delfina em uma situação embaraçosa.
Ao passarem a carta de boca em boca, os lábios se tocariam quase imperceptivelmente através da fina barreira de papel, tornando a situação tão carregada de tensão quanto um beijo direto.
Adélia sabia que Delfina gostava de Thales, mas será que ela teria coragem de se aproximar dele?
E se ela optasse por Alfredo? Afinal, quem não conhecia o temperamento do príncipe da Família Dutra? Alfredo não se importava em ferir o orgulho de ninguém, e uma rejeição pública deixaria Delfina completamente sem graça.
Adélia lançou um olhar a Delfina, como se estivesse curiosa para ver sua escolha.
Delfina, sem perceber, apertou os dedos, nervosa.
Então, um leve som de um copo pousado na mesa quebrou a tensão. Thales, com uma expressão imperturbável e a voz neutra, disse: "Já está tarde. Vamos encerrar por aqui."
Rodrigo tentou descontrair: "Isso aí, eu preciso subir para tomar um banho quente antes que eu pegue um resfriado."
Jovita não queria desistir tão facilmente: "Todo mundo participou, só ela que não pode? Passar uma carta nem é tão exagerado assim, certo? Ainda agora você estava ali com uma bela garota, boca a boca, dando uvas para ela. Se não aguenta brincar, então pra que veio participar do jogo?"
Ela estava prestes a recuar quando Alfredo a pegou pela cintura e a puxou para perto.
Delfina, pega de surpresa, caiu em seus braços. Sem tempo para reagir, Alfredo envolveu-a com os braços e, sob o olhar surpreso dela, inclinou-se para morder a outra ponta da carta de baralho.
Naquele momento, Delfina quase podia sentir a respiração dele se misturando à dela. O nariz dele roçou o dela, muito de leve, quase como uma ilusão.
A temperatura de seu rosto aumentou exponencialmente. Delfina percebeu que parecia ter se esquecido de como respirar.
Ela viu os cílios de Alfredo, surpreendentemente longos.
Aquele olhar frio e distante se ergueu de repente, e ela se viu mergulhando desprevenida nas profundezas escuras das pupilas de Alfredo, com seu coração tremendo violentamente.
Ela quase pôde sentir o calor do corpo dele, o braço que a envolvia pela cintura, o aroma frio e marcante que ele exalava era sutil, mas naquele momento envolveu-a completamente como uma névoa.
Tudo ao redor se silenciou naquele instante, restando apenas o som das ondas batendo contra o casco do barco.
Um copo caiu das mãos de alguém no chão, quebrando com um estrondo, trazendo Delfina de volta à realidade e fazendo com que ela se afastasse rapidamente dos braços de Alfredo.
Alfredo virou a cabeça e cuspiu a carta, recostando-se no sofá.
Adélia também ficou surpresa, pois esse primo de quem ela sempre teve medo de se aproximar de repente concordou em jogar o jogo com a Delfina.
Mas, pensando bem, talvez todos os homens fossem assim: qualquer insinuação de flerte que lhes aparecesse, aceitavam sem hesitar.
Ela voltou seu olhar para Thales, que não mostrava nenhuma expressão incomum, como de costume.
No entanto, ao olhar de relance, notou sua mão sobre o apoio do sofá, com os dedos tensos, as articulações rígidas.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ardente Como O Sol
Muito bom 😘😘😘...
Uma das melhores histórias que já li......
Esse livro é muito bom 😋😋😋...
Atualiza por favor!!!...