Karina teve um sonho muito longo.
Era um pesadelo após o outro, cada um pior que o anterior.
Uma sensação de desespero, como se o ar estivesse se esvaindo, tomou conta dela.
Despertou com um grito, coberta de suor frio, sentindo o gelo penetrar cada poro de seu corpo.
— Karina.
Uma voz masculina e grave chamou suavemente seu nome. Karina, ainda atordoada, pensou que continuava sonhando. No instante seguinte, foi envolvida por um abraço quente.
Por alguns segundos, ficou nos braços daquele homem, até que, aos poucos, recobrou seus sentidos.
Ergueu a cabeça, os olhos secos, sem qualquer traço da fragilidade que demonstrou na noite anterior.
— Karina. — Ademir murmurou em tom baixo. — Como você está se sentindo agora? Algum desconforto?
Naturalmente, Ademir ergueu a mão para tocar sua testa, se lembrando de que na noite passada Karina apresentava febre.
Contudo, ela rapidamente virou o rosto, se esquivando com precisão do toque de Ademir.
Surpreso, ele congelou por um instante, como se tivesse sido atingido por um balde de água fria. Retirou a mão, sentindo a ponta dos dedos gelada.
Ademir sabia que tinha magoado Karina. Se ela estava irritada e o ignorando, era mais do que justificável.
— Me desculpe. — A voz de Ademir ficou pesada, carregada de arrependimento. — Aquele dia... Eu não percebi... Mesmo que não tenha sido intencional, o fato é que eu a machuquei. Foi minha culpa...
Os olhos de Karina se arregalaram, veias vermelhas marcando sua íris. Quando falou, sua voz carregava uma intensidade esmagadora:
— Você não precisa se desculpar. O Sr. Ademir estava apenas protegendo sua namorada. Isso é completamente compreensível, e eu entendo perfeitamente as suas ações.
O semblante de Ademir mudou instantaneamente, suas sobrancelhas se franziram quando ele respondeu:
— Você tem que falar comigo assim? Eu contatei um advogado, tirei você da delegacia. Desde o momento em que isso aconteceu, eu não saí do seu lado nem por um segundo...
Enquanto pronunciava essas palavras, Ademir não conseguia evitar um sentimento de mágoa.
Karina soltou uma risada seca, interrompendo ele:
— O Sr. Ademir realmente faria qualquer coisa por sua namorada.
Dizendo isso, ela jogou as cobertas de lado, decidida a sair da cama.
Ademir segurou seu pulso com firmeza, a voz fria ao questioná-la:
— O que você quer dizer com isso?
— O que eu quero dizer? — Karina desviou o olhar de Ademir, soltando um suspiro. — Vou ser bem clara. O Sr. Ademir só me tirou da delegacia para proteger Vitória e a reputação da família dela.
Ademir ficou paralisado, suas sobrancelhas se uniram ainda mais.
Karina era uma mulher inteligente, talvez até demais.
Mas dessa vez, ela estava enganada.
Ademir explicou:
— O motivo principal foi tirá-la de lá. A reputação de Vitória não importa. Você é minha esposa. Como eu poderia deixá-la na delegacia?
— E isso faz alguma diferença? Só palavras bonitas. — Karina sorriu levemente, com desdém. — Sr. Ademir, eu não sou realmente sua esposa. Não precisa falar assim comigo. Além disso, não sou uma garotinha ingênua. Não é tão fácil me enganar.
Karina fez uma pausa e continuou:
— Mas, de qualquer forma, eu ainda agradeço. Mesmo sem sua ajuda, eu teria feito com que a Vitória retirasse a acusação. Mas você foi mais rápido que eu.
Enquanto falava, Karina balançou o pulso e disse:
— Pode soltar, preciso ir ao banheiro.
Ademir relutantemente soltou sua mão.
Ele observou o perfil de Karina em silêncio, se sentindo impotente. Era evidente que ela o rejeitava e queria se distanciar.
Karina desprezava qualquer um que tivesse proximidade com Vitória.
Por isso, a boa vontade de Ademir não significava nada para ela.
...
Após Júlio finalizar os trâmites, Ademir levou Karina até o carro. Ela hesitou, mas não resistiu.
Enquanto o carro seguia seu caminho, Karina se recostou contra o vidro, observando a paisagem do lado de fora.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Após o Divórcio, Sr. Ademir Rouba um Beijo de Sua Esposa Grávida
Karina e Ademir 🤗🤗🤗...
O livro do Ademir...