Ariela tinha um brilho nos olhos finalmente.
Tina ofereceu novamente o café da manhã que trouxera para ela.
"Sei que você está preocupada com sua família. Henrique prometeu-me cuidar da situação do seu irmão mais velho. Sua saúde é o mais importante, se algo acontecer com você, quem vai ajudá-los?"
Ariela pegou o mingau e tomou algumas colheradas, pensando obstinadamente.
Talvez, se algo realmente acontecesse com ela, a família Sampaio estaria a salvo.
Quem iria incomodar a família de uma pessoa morta?
Tina, como se pudesse ler seus pensamentos, segurou firmemente sua mão.
"Ariela, não pense besteira. Não há nada neste mundo que não possa ser resolvido. Eu fui órfã desde pequena, e a única família que tinha se perdeu. Minha razão de viver é a esperança de um dia reencontrá-la, mas antes disso, encontrei você. Você é minha única família. Não me deixe viver sozinha novamente, por favor?"
Havia um medo inexplicável nos olhos de Tina, e Ariela entendeu, seu coração tremendo intensamente.
Somente Tina percebera seus pensamentos suicidas.
Naquele momento em que Vitorino a pressionou usando sua família, ela realmente havia considerado isso até agora.
Tina resolvendo a situação de seu irmão significava que ela poderia partir sem preocupações.
Ela acreditava que Vitorino não incomodaria mais sua família se deixasse este mundo.
Uma decisão precipitada do passado a levou a um buraco cada vez mais fundo.
Se ela não tivesse envolvido no Vitorino, não estaria nesta situação hoje.
"Tina, fique tranquila, eu não vou cometer suicídio."
Ela deu uma resposta da qual nem mesmo estava certa.
Tina encontrou uma garantia nas palavras dela e se sentiu um pouco mais aliviada.
Ela já havia visto em Ariela um olhar semelhante ao seu próprio, um reflexo de desespero, desolação e desdém pela vida que ocasionalmente via no espelho.
Desespero, sem nenhuma experança para viver, cansaço do mundo.
Havia um canto intocável no coração de Tina, e uma cicatriz de cinco centímetros no pulso, uma tentativa de suicídio que quase a levou à morte, mas também a fez parar de culpar os outros e se tornar a invencível Tina de hoje.
Uma pessoa que já enfrentou a morte não teria mais medo de nada.
"Olha só o que você está dizendo, eu jamais me preocuparia com isso."
"Peça à sua amiga para voltar para Vitorino, deitar nos braços dele que tudo se resolve."
Henrique, sempre de bom humor, ouviu Tina lhe dirigir palavras pouco elegantes pelo celular, sem mostrar irritação em seu rosto bonito.
Até que Tina, cansada de xingar, falou de maneira mais suave.
"Quer que eu vá te buscar?"
"Vai te buscar XXX, Henrique, acredita que eu XXX."
Ela despejou outra leva de palavras rudes.
O sorriso de Henrique se tornava cada vez mais largo.
"Se você realmente consegue, estou esperando. Mas prefiro mais te 'matar' na cama."
"..."
Tina, após ouvi-lo falar besteiras, xingou-o de "cachorro" e desligou o telefone.
Em menos de dez minutos, o carro de Henrique estava estacionado à sua frente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor ou Dor? Devo persistir?
Não vai ter a continuação...
Diz que está concluído, mas não está...