Além do horizonte romance Capítulo 46

Jamile

Esperei Gabriel chegar da fazenda dos meus sogros, ouvi a porta se abrir. Já tinha dado comida para Héctor e ele brincava sentado no chão.

– Quem é esse garotinho? – Gabriel perguntou para Jamile se abaixando, para olhar melhor aquela fofura de garoto.

– É nosso filho e se chama Héctor.

– O quê?

– Levaram ele na escola, disseram que a mãe dele é muito pobre e não tem condições de dar o que ele precisa. – Jamile diz a ele, mas Gabriel parece amedrontado com aquela responsabilidade.

– E acha que podemos cuidar deles?

– Não vai ser nada difícil, olha nos olhos dele Gabriel. Só precisa de carinho e do nosso amor para ser feliz, por favor não me peça para devolver ele. Agora eu entendo o que Guadalupe sente, como mulher o amor materno já vem dentro de nós e ele é mais forte do que tudo.

– Eu não iria pedir isso a você, sei que vai se sair bem como mãe! – Nos beijamos muito e aquele era o primeiro dia da nossa vida como pais.

Dia seguinte

Atílio

Estávamos cuidando das cercas, desde o parto de Guadalupe o gado estava contido em apenas uma parte e aquelas malditas tábuas ainda estavam no chão. Olhar aquilo era voltar no tempo, se eu tivesse ficado o tempo todo ao lado dela nem teria deixado que Igor chegasse perto.

Vi Gabriel chegando a cavalo com Jamile e os dois pareciam felizes. Desci do meu cavalo e ajudei minha filha a descer, mas surpreendentemente eles estavam em companhia de um pequeno garotinho.

– Papai, conheça seu neto. – Jamile mostrou o garoto para o pai e estava muito feliz.

– Não me diga que Gabriel fez como eu e...

– Nada disso Atílio, Héctor é um pequeno abandonado e o adotamos. – Gabriel respondeu.

Jamile estava tão feliz que vê-la assim me fez esquecer toda a dor por um momento.

– Então que ele seja bem-vindo a família! – Atílio o pegou no colo e ia leva-lo para mostrar o gado.

– Aproveitando que estamos aqui Jamile, quero pedir perdão por tudo o que fiz no passado.

– Eu também fiz muitas coisas das quais eu não tenho orgulho, tudo está esquecido desde que siga fazendo minha filha e agora meu neto, felizes! – Atílio responde, mostrando para o genro que os rancores já não existiam.

– Eu farei Atílio.

– Se quiser voltar a trabalhar comigo na fazenda será bem-vindo.

– Eu agradeço, meu pai tem pouco gado e pouca renda. Mas o que tem compartilha comigo.

– Pode trabalhar parte do dia lá e outra aqui Gabriel! – Atílio o convida.

Jamile

Quase tudo ia bem na minha vida agora, ganhei um filho e um marido que sempre sonhei, mas faltava ver o meu pai feliz. Voltamos para casa depois de Héctor correr bastante pelo pasto...

Nos dias que seguiram eu sempre levava meu filho para a escola comigo, Amélia certo dia foi nos ver e adorou conhece-lo, Luíza arrumava o enxoval e até ganhava muitas coisas dos pais dos nossos alunos, claro prendas simples como bordados e brinquedos artesanais de madeira.

– Bom dia! – Guadalupe disse sorrindo.

Fiquei surpresa e tão feliz em ver Guadalupe, ela estava bela e com o bebê nos braços e Igor encostado no carro.

– Que surpresa te receber aqui. – Jamile foi até ela.

– Vim saber como anda a escola e vocês também.

Luíza pegou o bebê de Guadalupe um momento e eu peguei Héctor pela mão e os apresentei.

– Esse é meu filho. – Jamile disse levando o garotinho mais para perto.

Tive que explicar tudo para ela, mas ficou muito feliz por que agora nós três compartilhávamos o amor e a experiência de sermos mães. Tive que tocar no assunto...

– Lupe, vai mesmo permitir que meu pai se case com Celina?

– Não posso intervir no destino dele Jamile, seu pai é um homem feito. Não quero falar sobre coisas tristes, Luíza e sua gravidez... – Guadalupe responde, mas logo muda de assunto.

– Vai muito bem e a barriguinha já é notável. – Luíza respondeu e pegou a mão de Guadalupe e as duas sorriram.

– Bom dia moças, temos que ir Lupe. – Igor segurou na mão da esposa interrompendo a conversa das três jovens.

– Nos falamos depois.

Guadalupe

Fomos até a cidade, Igor me levou a uma joalheria para escolher as alianças. Retirou minha aliança do dedo...

– Pelo menos Jamile e Gabriel estão se dando bem e até ganharam um filho.

– Espero que meu irmão Gabriel crie juízo e se torne um homem assim como você, ajuizado e amoroso. Te amo!

– Eu também te amo Luíza. – O dois se beijam.

Igor

Mandei que mudassem o meu quarto para depois do nosso casamento, eu não queria nada que fizessem lembrar de Lucília ou do meu passado. E agora preferi que nosso quarto fosse no andar debaixo por causa de Benjamin e quando estiver aprendendo a dar os primeiros passos.

– Igor, será que Adalberto pode me levar até o rancho dos meus pais? – Guadalupe pediu e Igor mais uma vez cedeu.

– Nós mal chegamos da cidade Lupe, mas tudo bem. Claro que você pode ir, vou pedir a ele que te leve.

Pedi a ele que a levasse de carro, peguei o bebê de seu colo.

– Vamos patroa. – Adalberto chegou se colocando à disposição dela.

– Pode me dar ele agora Igor, prometo que não iremos demorar.

– Ele fica, meu filho já passeou demais por hoje Guadalupe.

Guadalupe

Igor não confia em mim, acha que posso sair e não voltar mais com o filho dele. Eu não faria isso, embora fosse um sonho poder ter Benjamin e Atílio.

– Vamos então Adalberto. – Guadalupe o apressou.

Chegamos no rancho, minha mãe me recebeu com um forte abraço, assim como meu pai. Adalberto ficou por perto sempre a me vigiar...

– Vim trazer isso e quero que a senhora guarde, eu sei que isso deixa Igor irritado e não quero começar a vida com ele assim. – Guadalupe diz entregando sua aliança para a mãe.

– Sua aliança. Nunca pensei que alguma mulher de minha família se casaria mais de uma vez e ainda mais, assim tão jovem.

– Não faço isso por amor a ele mãe e a senhora sabe bem disso.

– Eu sei, eu sei Lupe.

Ficamos conversando por um tempo, falamos sobre a felicidade de Jamile e de Luíza. Minha mãe evitou falar sobre o casamento de Atílio, sei que isso doía nela também.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Além do horizonte