Março em Salvador é uma ótima época para apreciar a primavera, com a água quente nas pontes antigas, as suaves canções ao longo dos rios, e toda a cidade a exibir um verde exuberante.
Naquele momento, Aline ainda era uma estudante do primeiro ano de Medicina, com o semestre seguinte a apresentar um cronograma um pouco mais apertado. Ela conseguia, de maneira incrivelmente eficiente, encaixar estudos de medicina tradicional chinesa, experimentos e tarefas de projetos em seu horário, mantendo uma agenda extremamente ocupada.
Março em Brasília ainda carregava o frio do inverno, com dias ligeiramente aquecidos, mas noites ainda com temperaturas abaixo de zero.
Vinicius abaixou a cabeça ao sair de um dos prédios de aula da Universidade de Brasília, seus dedos longilíneos passando pelas fotos no celular, ampliando o cronograma que Aline tinha enviado, ficando cada vez mais silencioso.
Aproveitando um intervalo entre as aulas da manhã, ele decidiu ligar para ela.
Após alguns toques, a chamada foi atendida.
O ambiente do outro lado parecia um pouco barulhento.
Ele ouviu a respiração suave dela através do fone, presumindo que ela tinha colocado o telefone próximo ao ouvido antes de chamá-la: "amor".
"Vinicius? Espera um pouco, ainda tenho algumas perguntas para fazer ao nosso professor, estou na fila agora, logo é minha vez. Se precisar, pode me mandar uma mensagem, está bem? Ah! Chegou a minha vez, vou desligar agora. Te ligo mais tarde quando estiver livre."
"…………"
Vinicius, ouvindo o tom do telefone a desligar-se, tornou-se cada vez mais silencioso.
Ela tinha dito isso muitas vezes antes, inclusive na noite anterior. Ele esperou, mas até agora não tinha chegado o "quando estiver livre" prometido por ela, que também não tinha tomado a iniciativa de ligar de volta para ele.
Não importava se era uma chamada de vídeo, uma chamada telefônica ou simplesmente uma mensagem ou um emoji.
Ele não resistiu e pediu o cronograma dela, que ela enviou obedientemente. Ao ver, percebeu que ela realmente estava ocupada, até mesmo os intervalos entre as aulas pareciam estar preenchidos para ele.
Ela realmente estava a ser evasiva.
Gabriel ficou parado, observando-a correr, com um sorriso malicioso e tolo no rosto. Quando ela finalmente se distanciou, ele notou a presença de Vinicius, cujo rosto não expressava emoção, mas claramente estava irritado.
Ele se aproximou sorrindo: "Vinicius? É raro te ver por aqui."
"Minha namorada é grudenta demais, desculpa se isso te incomodou. Namorar alguém da mesma universidade tem esse problema, não tem como fugir."
Vinicius respondeu friamente: "Mantenha a distância."
Gabriel perdeu o sorriso sacana, fazendo uma careta: "Não fique chateado, Vinicius. Não estou a tentar ser irônico, é sério, entender como é estar sempre junto da namorada eu sei muito bem, pode ser doce, mas também um chato."
"Te invejo, Vinicius, você e Aline têm o espaço de vocês."
"Eu e Diana estudamos na mesma universidade, ela é exigente, quer que façamos todas as refeições juntos, temos compromissos o dia todo, e à noite eu tenho que acompanhá-la até ao dormitório."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Acontece Que Ele Sempre Me Amou
A historia esta muito boa...
Esperando atualização a partir do capítulo 220. A história é muito boa....