Gregório levantou as pálpebras com desdém: "Por que eu iria voltar para casa?"
Lisandro engasgou com a pergunta.
Era realmente uma questão pertinente.
Mudando de assunto, ele disse: "O fato é que todos o estão seguindo nesse ritmo insano, e eles já estão no limite, Sr. Pascoal. Você está sempre cheio de energia e saúde, mas eles estão perdendo os cabelos por ficarem acordados até tarde, com uma alma de trinta anos e um corpo de oitenta. Se continuarmos assim, alguém pode acabar morrendo de repente, e isso custaria uma fortuna."
Essa habilidade de argumentação Lisandro havia aprendido com o próprio Gregório, e usá-la na frente dele era como tentar ensinar o Pai Nosso ao vigário.
Gregório respondeu com um sorriso frio: "O quê, você acha que eu não posso pagar?"
...Não era bem isso.
O secretário estava certo; desde que voltou ao Brasil, Gregório se tornara cada vez mais difícil de lidar. Lisandro, por estar ao seu lado há tanto tempo, conseguia entender um pouco de seus pensamentos.
Em sua mente, Lisandro repetia várias vezes: "Pelo bem da Fortaleza Finanças S.A., pelo bem da Fortaleza Finanças S.A...."
Então, com uma coragem de quem encara a morte, ele falou.
"Sr. Pascoal, não me diga que você tem medo de voltar para casa?"
...
O barulho de coisas se quebrando no escritório do presidente fez com que os secretários do lado de fora ficassem em silêncio absoluto, temendo o pior.
"Meu Deus, será que o Lisandro vai sair de lá morto?"
Mas então a porta se abriu e Lisandro saiu.
Imediatamente, uma secretária perguntou ansiosa: "Lisandro, você está bem?"
"Sim, estou bem, apenas quebrei uma xícara de café sem querer."
Ajustando a gravata e dando um suspiro de alívio, Lisandro anunciou: "Avise os outros departamentos, o Sr. Pascoal disse que todos estão trabalhando muito e merecem três dias de folga para descansar."
A notícia se espalhou por toda a Fortaleza Finanças S.A. e, antes do fim do dia de trabalho, não havia mais ninguém no escritório, exceto Lisandro, quando Gregório finalmente saiu.
Pelo ar, flutuavam pelos de gato, e Gregório, mantendo distância, espirrava sem parar.
Dona Alessa, horrorizada, exclamou: "Meu Deus, como eles saíram?"
Gregório respondeu: "A porta estava aberta quando cheguei."
Ela não duvidava dele, mas se perguntava. As portas e janelas já estavam equipadas com travas para crianças; será que o gato tricolor tinha evoluído a ponto de poder abrir fechaduras agora?
Com tanta habilidade, ele poderia até ganhar dinheiro com isso.
Ela correu atrás dos gatos, tentando recuperá-los. Os gatinhos, mostrando seu talento inato para correr, fugiam com mais entusiasmo a cada perseguição. Ela suou frio para pegar dois, mas assim que conseguiu recuperar o terceiro, os outros dois escaparam novamente.
Gregório estava em pé, no alto da escada, quando disse: "Liga pra Ophélia, pede pra ela voltar e pegar o gato."
Dona Alessa, segurando um brinquedo para gatos, virou-se e respondeu: "A senhora foi para outro estado participar de um congresso acadêmico e só volta depois de amanhã."
Com as mãos nos bolsos, Gregório murmurou de forma enigmática: "Ela realmente está ocupada."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....