Gregório não gostava de ouvir aquilo: "Eu não te protegi?"
Proteger?
Ele era a pessoa que mais a havia machucado.
Ophélia não pôde deixar de se lembrar da imagem de Kristina se escondendo atrás dele.
"É melhor continuar protegendo sua Kristina."
A expressão de Gregório escureceu, suas sobrancelhas se juntaram em uma careta: "Se você quiser se divorciar, não precisa usá-la como desculpa."
Como se fosse ela quem estivesse sendo irracional?
Era ela que estava desesperada para se divorciar, embora ainda estivesse envolvida com a ex-namorada durante o casamento?
Deixa pra lá, Ophélia até já havia perdido o desejo de discutir com ele.
"Se isso te faz se sentir um pouco mais justificado, então pense assim."
Essa atitude dela só fez com que Gregório ficasse ainda mais irritado, como se estivesse batendo em algodão, frustrado, querendo explodir, mas sem ter onde.
Gregório ajustou sua gravata e disse sarcasticamente: "Você não ganha peso, só ganha a capacidade de irritar".
Ophélia pensou consigo mesma, ela costumava suportar tudo por amor a ele, permitindo que ele pensasse que ela era realmente submissa e fácil de manipular.
O silêncio tomou conta do carro e, enquanto eles passavam pela Ponte Rodoviária de Martin, Gregório perguntou de repente:
"Você ainda se lembra da Montanha Meteoro?"
Aquela conversa com Bráulio havia lhe trazido lembranças.
Naquela noite, ele havia planejado levar Ophélia para ver a chuva de meteoros.
Estava frio na montanha, ele a envolveu em seu casaco, ela se sentou em seu colo, tão dócil e, de certa forma, tão macia, absorvendo seu calor e seu cheiro.
Sinceramente, naquela época, jovem e cheia de vigor, teria sido impossível aguentar.
Pensando nessas lembranças, uma certa inquietação começou a crescer no coração de Gregório.
Talvez eles não precisassem se separar.
Talvez ainda houvesse uma chance.
Encostada na janela do carro, Ophélia respondeu: "Não me lembro."
E assim, a pequena agitação no coração de Gregório se acalmou como o mar após a tempestade, diminuindo lentamente.
Após alguns segundos, ele soltou uma risada sarcástica.
Retirando seu olhar de Ophélia, seu rosto se tornou uma expressão de indiferença infinita.
"Três anos comigo, desculpe pela inconveniência."
Ophélia pensou que ele estava sendo irônico, mas sua voz soava tão calma e fria, como se estivesse em uma mesa de negociações de uma aquisição internacional.
"Se você tiver alguma solicitação, vá em frente. O que eu puder lhe dar, eu o farei."
De repente, Ophélia percebeu que aquilo realmente era como uma negociação.
"O que é isso?" - ela parou no degrau, olhando calmamente para Gregório: "Compensação por brincar com meus sentimentos?"
Aquela irritação indescritível veio à tona novamente, e Gregório apertou a testa, impaciente: "Interprete como você quiser".
"Enquanto eu ainda tenho paciência para falar com você, diga-me o que quer."
Eles haviam assinado um acordo antes do casamento, além do dinheiro já combinado, na verdade ele não precisava dar a Ophélia nenhum outro bem.
Talvez fosse respeito pelos momentos de afeto compartilhados durante aqueles seis meses, afinal, ele havia brincado com os sentimentos dela. Os homens, bem, a família Pascoal possuía uma vasta fortuna, e o Sr. Gregório não era conhecido por ser mesquinho com as mulheres.
Oferecer-lhe uma pequena compensação era, para ele, como perder um fio de cabelo em uma vasta cabeleira.
Ophélia permanecia em silêncio sob o beiral da casa.
Ela parecia dócil, mas na realidade era teimosa como um burro, nunca abaixando a cabeça para ele ou cedendo.
Justamente quando Gregório pensou que ela mais uma vez rejeitaria firmemente sua oferta, Ophélia falou, fazendo um pedido.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....