A mesa inteira ficou pasma e, em seguida, metade dos presentes se levantou num burburinho, cumprimentando com todo o respeito.
A família Pascoal era a elite de Cidade Nascente, e os irmãos Gilberto e Gregório se destacavam entre os jovens da sua geração, alcançando uma posição que muitos não conseguiriam em toda a vida. Eles eram tão excepcionais que deixavam os outros comendo poeira.
"Que coincidência," disse Gilberto.
Ele tomou a iniciativa de cumprimentar a todos, deixando o grupo lisonjeado e, ao mesmo tempo, ansioso. Afinal, a pessoa sobre quem falavam mal era ninguém menos que sua ex-noiva, com quem quase se casou.
Na frente de Serafim, o novo noivo, eles tinham falado à vontade, mas agora, diante de Gilberto, sentiam-se culpados.
"Que coincidência vocês virem jantar aqui," disseram, tentando agradar. Gilberto respondeu casualmente, lançando um olhar para o homem de cabeça raspada que estava na diagonal.
O homem, que havia especulado maldosamente sobre uma mulher que mal conhecia, corou sob o olhar penetrante de Gilberto, forçando um sorriso constrangido.
Gilberto perguntou com indiferença: "Não acredito que nos conhecemos, qual é o seu sobrenome?"
Embora falasse calmamente, o homem de cabeça raspada suava frio, hesitante em responder.
Um dos presentes falou por ele: "Ele é Jurandir Oliva. 'Oliva' de saúde."
Esse sobrenome não era comum, e Gilberto perguntou: "Dimas Oliva da Empresa Imobiliária Dimas é seu parente?"
"É meu pai."
Gilberto acenou com a cabeça, desviando o olhar.
Mesmo sem ter interagido muito com Gilberto, Serafim sabia quem ele era.
Entre homens, o desejo de competição está no DNA, e ao encontrar um ex que, em todos os aspectos, parecia superior – mais alto, mais rico, mais atraente – o sentimento de competição de Serafim foi inevitavelmente acionado.
Ele imediatamente afastou a mulher que estava em seu colo, pois, embora Kaela não fosse seu verdadeiro amor, não podia dar ao ex uma vantagem.
Serafim limpou a garganta, levantou-se e estendeu a mão: "Então você é o Sr. Pascoal. Eu sou Serafim, você provavelmente já ouviu falar de mim."
"O prazer é meu, Sr. Alencar." Gilberto olhou brevemente para a mão que havia tocado outra mulher, com um olhar distante, "Desculpe, mas sou um pouco obsessivo com limpeza."
"Não precisa. Encontre um motivo para recuperarmos metade do empréstimo."
Gilberto deu mais algumas tragadas no cigarro, com a fumaça envolvendo-o, sua expressão era ainda mais insondável do que a escuridão da noite.
Ele permaneceu em silêncio, enquanto o secretário aguardava pacientemente por mais instruções.
Depois de um momento, Gilberto apagou o cigarro no cinzeiro de pedra.
"Vou fazer uma viagem até a capital," disse ele, de forma sucinta, "esta noite mesmo."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....