Na primeira vez que se encontraram, Serafim gabou-se de ser um entusiasta da fotografia, falando que tinha uma coleção de câmeras em casa e discorrendo sobre a história da Sony e da Hasselblad para Kaela.
Ao entrar na galeria e observar algumas obras, ele não escondeu seu desprezo: "Que diabos é isso? Isso aqui pode ser considerado arte?"
As obras de Inaiê eram predominantemente em tons sóbrios, apresentando elementos como vegetais, vestimentas, peixes e objetos metálicos… Por exemplo, um vestido adornado com sardinhas e sapatos de salto alto cobertos de escamas de peixe.
A imaginação peculiar e o estilo excêntrico certamente não eram para todos os gostos. A arte é, afinal, algo subjetivo, mas deveria haver um mínimo de respeito pelas expressões artísticas, mesmo aquelas que não conseguimos apreciar.
O interesse de Kaela pela exposição ia diminuindo, assim como um gráfico de ações em queda. Ela concordou vagamente e elogiou: "Acho que você tira fotos melhores do que ela."
Serafim coçou a nuca, modestamente: "Ah, não posso falar assim. Ela é uma artista, e eu só brinco com a câmera."
Quando Serafim encontrou conhecidos, começou a conversar animadamente com eles, alguns homens lançando olhares insinuantes para Kaela.
"Essa é sua namoradinha, né?"
As famílias estavam apenas em contato, sem nenhum compromisso firmado ainda, muito menos noivado, mas Serafim já agia como se fosse o dono da situação, indicando para Kaela cumprimentar seus amigos.
"Essa é minha amiga. Chamem de 'irmãzinha'."
Os homens aguardavam, esperando por sua "saudação".
"Ah." Normalmente, Kaela não teria problemas em ser cortês, mas naquele dia não estava no clima e não quis dar essa satisfação a Serafim. "Vocês continuem conversando, vou dar uma volta sozinha."
Sem se importar com as reações deles, ela se virou e foi embora.
Sozinha, Kaela passeava tranquilamente pela exposição, desfrutando muito mais sem Serafim por perto.
Serafim tinha experiência com fotografia, o que supostamente lhe dava "algo em comum" a mais do que com Gilberto, mas acabou ficando claro que ter interesses em comum não determinava a compatibilidade entre duas pessoas.
Antes que ele pudesse responder, Gilberto interveio: "Você não tinha que sair?"
"Eu tinha que sair?"
Após um longo olhar entre eles, Ciro concordou: "Ah, sim, eu tinha. Bom, continuem aproveitando a exposição, vou dar uma volta."
Com Ciro fora, Kaela conversou descontraidamente com Gilberto: "Que coincidência, você conhece Ciro?"
"A esposa dele é filha do primo do meu pai." Gilberto explicou rapidamente.
"Ah." Kaela tomou um gole de seu café.
De repente, um silêncio incômodo se estabeleceu entre eles, diferente daquele que compartilharam no ano anterior, em Cidade Nascente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....