Depois de dois meses de ociosidade, Kaela sentia um formigamento nos ossos, indicando sua sede de aventura.
Dessa vez, ela queria ir à Tanzânia para fotografar leões nas vastas planícies do Serengeti. Quando compartilhou essa ideia com sua amiga íntima, a resposta veio carregada de apreensão:
"Querida, você lembra o que tinha acontecido quando você foi para a Síria? Seu pai ficou furioso ao ponto de gritar, e o meu quase me trancou, ameaçando me torturar por achar que eu sabia e não contei! Que tal se controlar um pouco, hein? Espere até você se casar. Depois disso, seu pai não terá mais como intrometer, e aquele velho já prometeu que não vai se meter nos seus negócios. Aí sim, você pode fazer o que quiser, até mesmo voar para o céu se desejar!"
Kaela suspirou pesadamente, deitada na cama: "Solidão. Isolamento. Que tédio."
Sua amiga mordeu o lábio, determinada: "Espera aí, vou ficar com você!"
Movida pela solidão de Kaela, ela não duvidou; naquela mesma noite, já estava com sua mala pronta, chegando à Cidade Nascente.
Naquele dia, Kaela estava naqueles dias de mulher, e a dor intensa no baixo ventre causada por um pote de sorvete consumido no dia anterior a ensinou uma lição dolorosa sobre feminilidade. Com dores e suando frio, ela não tinha forças para sair. Depois de avisar Gilberto, ele mandou o motorista ir pegar a sua amiga, que foi acomodada no quarto de hóspedes.
Assim que entrou, jogou sua mala no hall e saudou Kaela, que parecia fraca no sofá: "Oi, querida!"
Olhando ao redor, ela comentou, "Seu marido não está?"
Kaela ficou calma por um momento antes de se cobrir de novo com o cobertor, como se tentasse esconder o seu corpo... ou melhor, fingir-se de morta.
"O que você está insinuando com isso?" Sua amiga estava quase a puxar o cobertor quando ouviu passos calmos vindo da cozinha.
Gilberto apareceu, com uma xícara fumegante de café com gengibre e melado, seu olhar sereno passando por ela.
A face da amiga se iluminou com um sorriso forçado: "Olá, senhor... senhor..."
Chamar ele de Sr. Pascoal soava muito distante, como se ela fosse uma garçonete, ainda incerta sobre como se dirigir a ele.
"Gilberto," ele corrigiu calmamente, "pode me chamar pelo nome."
Ela mal ousava se dirigir ao grande empresário pelo nome.
Colocando a xícara na mesa de centro ao lado de Kaela, Gilberto notou o desconforto dela e sugeriu com um leve sorriso: "Você pode continuar me chamando de 'velho', se preferir."
Gilberto observava a cena em silêncio, sua expressão inalterada parecendo dizer "será que eu acredito nisso?"
Depois um breve momento, ele discretamente indicou a xícara na mesa: "Beba o café com gengibre."
Kaela pegou a xícara, puxando sua amiga em direção ao quarto: "Faz tempo que não nos vemos, vamos conversar no quarto."
Assim que fecharam a porta, começaram a se acusar mutuamente.
"Por que você não me avisou que ele estava em casa?"
"Já são oito e meia, irmã, ele deveria estar em casa, não?"
"Oito e meia, e daí? Homens de negócios como ele, a esta hora, não deveriam estar por aí, se divertindo?"
Enquanto tomava seu café quente, Kaela respondeu sem duvidar : "Ele não tem esses maus hábitos."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....