A matriarca falava com uma voz embargada de choro: "Vá ver a Ophie. Não a deixe sozinha sofrendo."
O cemitério ficava em um tranquilo subúrbio ao sul, com o céu gradualmente escurecendo. Ophélia sentava-se no chão diante do túmulo, perdida nos pensamentos, contemplando a foto do jovem casal.
Como um caleidoscópio de memórias, cenas de sua vida alterada após os seis anos de idade passavam diante de seus olhos.
As brigas entre tiazinha e seu marido do outro lado da porta, o Olho Grego quebrado por Pequeno Tirano no orfanato, os dias caminhando sobre gelo fino na Família Pascoal...
O rosto sorridente da avó, suas mãos ásperas mas gentis acariciando-a, chamando-a de "minha querida neta", sempre repreendendo Gregório quando ele a importunava...
Gregório aparecia com mais frequência nessas memórias.
Seus olhos e sobrancelhas bonitos, seu rosto pedindo para ser zoado quando ele a provocava, o calor de seus abraços e os dias despreocupados na Islândia...
Ophélia percebeu tarde demais o motivo de Marlon Pinto dizer que encontrar o assassino não seria bom para ela.
Porque isso destruiria completamente a vida que ela tinha agora.
Se o preço a pagar fosse perder a pessoa que mais a amava no mundo, valeria a pena seguir em frente, sem olhar para trás, em busca da verdade?
De repente, Ophélia também se sentia perdida, questionando se realmente deveria ficar quieta dentro daquela bolha, continuando a ser a Sra. Pascoal.
Talvez manter as aparências fosse melhor do que o caos que viria ao revelar a verdade.
O ar do subúrbio era muito melhor do que o da área urbana. Gregório, parado à beira da estrada, pedia um cigarro emprestado a Eloi.
Eloi hesitava, tirando do bolso seu maço barato, querendo advertir, mas como um motorista poderia aconselhar seu patrão a não fumar? Isso seria presunção.
Ele perguntou com delicadeza: "Você não está tentando ter um filho com a senhora, está?"
Gregório, com um rosto bonito mas inexpressivo, respondeu: "Se eu não fumar, eu morro."
Gregório havia feito a pergunta errada naquele dia; não era se ela escolheria deixá-lo, mas se ele tinha o direito de pedir que ela ficasse.
Naquele momento, ele queria perguntar se, abandonando tudo da Família Pascoal, poderia ficar com ela?
Mas ele sabia que não podia.
Desde pequeno, ele desfrutou das condições e privilégios proporcionados pela Família Pascoal. Seu corpo, seu talento, sua capacidade e até seu caráter vinham dos seus pais, da educação que a Família Pascoal lhe deu.
Tudo isso foi construído sobre a morte dos pais de Fabrício.
Era o sangue deles que nutria a terra em que ele havia crescido desde pequeno, isso não era algo que ele poderia simplesmente descartar.
Voltando para Jardim Ophélia, depois de tomar um banho, Ophélia deitava-se na cama, os cabelos pretos espalhados pelo travesseiro, olhando fixamente para a cortina.
Gregório a abraçava por trás, a luz amarela e suave iluminando o quarto, ele encostava em seu cabelo e dizia: "Ophélia, não importa onde estivermos, eu nunca vou parar de te amar."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....