Ophélia ainda estava com uma tosse leve, voltando do trabalho à noite, comprou algumas peras, planejando cozinhá-las ao vapor quando chegasse em casa.
Ao sair do elevador e virar para o corredor, ela viu alguém parado na porta.
Gregório estava sentado de costas para a porta, em cima de uma mala preta, de frente para o corredor, esperando por ela.
Com suas longas pernas esticadas de forma relaxada e a cabeça inclinada para trás, sua postura era de total tranquilidade. Quando ele a viu, seu sorriso se formou lentamente.
Ophélia ficou confusa com o sorriso dele.
Observando sua atitude indiferente e a mala em que ele estava sentado, ela hesitou.
Havia um certo alerta em seu olhar.
"O que você está fazendo?"
Gregório, sem dizer uma palavra, puxou a mão dela, que tentou se soltar sem sucesso e acabou tendo sua mão pressionada contra a testa dele.
Sob sua palma, ela sentiu uma temperatura febril. Ophélia ficou surpresa.
"Você está com febre?"
Gregório murmurou um "sim": "Foi você que me deu".
Seu tom alegre teria feito qualquer pessoa pensar que a gripe era algo maravilhoso, como se tivesse tido sorte em pegá-la.
Ophélia ficou sem palavras: "E por que você está feliz?"
"O que você acha?"
Gregório estava com febre há meio dia, começando com 38 graus e, após medir a temperatura mais de dez vezes ao longo da tarde, só teve coragem de procurá-la quando atingiu quase 39 graus.
A febre não era forte o suficiente para amolecer seu coração.
A essa altura, as veias de sua cabeça doíam como se estivessem prestes a explodir, mas seu coração estava comemorando.
"Ophélia, você tem que assumir a responsabilidade por mim."
"Se você estiver infectado, vá para o hospital" - Ophélia estava tão fria quanto um iceberg: "Vir até mim não vai curá-lo."
"Não foi o hospital que me infectou, por que eu iria para lá?" - Gregório argumentou absurdamente: "Quem me infectou é quem deve ser responsável".
Ophélia disse: "Eu posso levá-lo ao hospital".
Gregório inclinou a cabeça para frente, encostando no ombro dela, sua voz abafada não conseguia esconder a fraqueza: "Ophélia, estou me sentindo muito mal. Tenha um pouco de pena de mim."
Ophélia pressionou os lábios, recuando: "Não faça isso..."
Assim que ela se afastou, Gregório, perdendo o apoio, começou a cair para frente.
Ophélia se assustou, mas seu corpo reagiu mais rápido do que sua mente, e ela instintivamente estendeu os braços.
E o abraçou.
Seus braços foram para baixo dos de Gregório, abraçando-o com força.
Gregório parecia ter desmaiado, completamente sem forças, seu peso pressionando-a, quase fazendo-a perder o equilíbrio.
Ela não conseguia ver o rosto de Gregório, nem saber se ele realmente havia desmaiado.
"Gregório?"
Sem resposta.
Ela mordeu o lábio, tentando levantá-lo, mas sua força era insuficiente para sustentar um homem adulto.
O vizinho, que não se sabe por quanto tempo esteve espiando, abriu a porta, mostrando uma cabeça curiosa.
Ophélia tentou pedir sua ajuda: "Você poderia..."
Antes que terminasse, o vizinho recuou e fechou a porta.
Ophélia suspirou profundamente.
Notando que ele ainda vestia seu terno, o que certamente o impedia de dormir confortavelmente, sugeriu: "Tire a roupa para dormir melhor."
Gregório olhou para ela, um sorriso malicioso curvando o canto de seus olhos, mesmo com sua febre de quarenta graus, ele ainda achava graça na situação: "Eu não me importaria que você se aproveitasse, já que está de olho no meu corpo há algum tempo. Mas estou sem forças, que tal fazer isso por mim?"
".." - Sem responder, Ophélia se virou e saiu.
Atrás dela, uma risada baixa e suave podia ser ouvida. Gregório se sentou e começou a tirar o terno, desabotoando alguns botões da camisa.
O travesseiro estava perfumado com o perfume dela, uma fragrância suave e reconfortante de flores, fria, mas de alguma forma calmante.
Gregório, com a mente pesada e dolorida, afundou naquela maciez, desejando adormecer e, ao mesmo tempo, relutante em fazê-lo.
Apoiado no travesseiro, seus olhos seguiram Ophélia.
Ela trocou de roupa por um pijama felpudo e macio.
Na cozinha, ela começou a cortar peras, pegando um pedaço para provar enquanto cozinhava.
Ela estava preparando a comida, mas, no meio do processo, pareceu esquecer a receita e pegou o celular para verificar.
Que cena adorável.
Ophélia percebeu que havia se esquecido de fritar a carne antes de colocá-la na sopa. Ela deu de ombros, pensando que a cozinharia de qualquer maneira.
Em seguida, jogou o restante dos ingredientes - cogumelos, inhame e cenoura - na panela.
Ela refletiu:
A sorte é como um carrossel, ela sempre gira.
Não existe almoço grátis.
Os benefícios desfrutados agora serão compensados em outro lugar.
Gregório era a sua dívida.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....