Volta! Volta!!! A Nossa Casa romance Capítulo 218

Naquele dia, Ophélia só havia compartilhado o ocorrido com a polícia e com a tiazinha. Já fazia tempo que ela não mencionava aquilo, muito menos permitia-se relembrar.

Por um longo período, a fábrica onde não se via a mão diante do rosto, permeada por um odor de putrefação que não se dissipava, assombrava seus pesadelos incessantemente.

Letizia, que inicialmente havia ficado chocada, gradualmente transformou sua expressão em uma de profunda compaixão: "Eu não sabia que você tinha passado por algo assim..."

"Letizia, eu não tenho filhos, então talvez eu não consiga entender completamente como você se sente." - Ophélia disse: "Mas eu sei que se fosse minha mãe, ela a entenderia, porque ela me amava assim como você ama Onelia."

Os olhos de Letizia se encheram de lágrimas e ela levantou a mão como se quisesse enxugá-las, mas Ophélia tirou um lenço do bolso e o entregou a ela.

"Esse hábito de esfregar os olhos realmente precisa mudar, especialmente considerando como você está agora. É importante cuidar mais da higiene dos olhos."

Letizia enxugou as lágrimas, e Ophélia fez uma pausa antes de continuar: "Ontem, Onélia me perguntou se eu estaria disposta a usar meus olhos para salvar minha mãe."

"Se eu tivesse a chance." - ela disse: "Não apenas os olhos, mas qualquer sacrifício eu estaria disposta a fazer."

"Onélia pensa da mesma forma."

Essas palavras fizeram com que Letizia caísse em um choro incontrolável. Ela tentou conter os soluços, temendo que a filha ouvisse.

Mas Onelia ainda saiu do quarto, secando as lágrimas do rosto da mãe com suas mãos pequenas, enquanto suas próprias lágrimas também caíam.

Letizia a abraçou, e mãe e filha choraram juntas, num momento de dor e beleza emocionante.

Ophélia desviou o olhar, respirou fundo e segurou suas próprias lágrimas.

Deixou o lenço com Letizia, deu um leve tapinha em seu ombro e se levantou para partir.

"Obrigada, Dra. Zamith." - Letizia disse, com voz embargada.

"Não me agradeça" - Ophélia respondeu: "Eu não fiz nada por você".

Toda vez que os via, ela sentia uma pontada de culpa por ter sido capaz de fazer tão pouco.

Ao sair do quarto, Ophélia procurou o médico responsável por Onélia.

O Dr. Lopes era o especialista em câncer de mama mais renomado do hospital e, ao mencionar Onélia, ele balançou a cabeça com desânimo: "No caso dela, cada dia a mais é um ganho."

Ophélia afirmou: "Não quero passar pelas fundações externas, os procedimentos são complicados e pode acabar atraindo a mídia, algo que Letizia e sua família não desejam no momento. Há alguma forma de fazer a doação internamente pelo hospital?"

Dr. Lopes, percebendo sua determinação, suspirou: "Vou ver o que posso fazer."

"Me desculpa pelo incômodo." - Ophélia fez um último pedido: "Não deixe que a Letizia e as outras saibam disso."

Ao voltar para casa, Ophélia tomou um banho, cochilou um pouco, mas foi acordada pelo telefone já no meio da tarde.

Era sua avó ligando.

Quando ela atendeu, a senhora do outro lado da linha exclamou: "Minha querida neta já está acordada?"

"Acabei de acordar." - Ophélia respondeu com um bocejo.

Sua avó riu com satisfação: "Se eu dormisse mais, não acordaria até amanhã de manhã como uma criança. Mandei Cipriano buscá-la, ele já deve estar lá embaixo. Levante-se, lave o rosto e volte para casa para jantar, coma bem e então você vai continuar dormindo."

Ophélia ficou surpresa; ela não esperava que, apesar de ter escapado das comemorações de Ano Novo, não conseguiria evitar o almoço de Ano Novo.

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