Se fosse há três meses atrás, talvez Ophélia se sentisse feliz com essas palavras.
Mas agora, aquelas mesmas palavras que a mantiveram acordada em tantas noites, aprisionando-a em uma gaiola invisível, haviam se tornado algo de que ela queria fugir.
"Eu realmente não sei. Eu não consigo te entender, na realidade eu nunca consegui." disse Ophélia, "Você diz que me ama, mas o que eu sinto vindo de ti não é amor."
"Eu não te amo, e por isso me dei ao trabalho de enganar você para passarmos um tempo juntos na Janela da Montanha, aprendi a cozinhar para você, te tratei como uma rainha? Será que eu sou naturalmente diligente com um sonho de me tornar uma estrela no mundo dos serviços domésticos, ou um playboy cansado da vida fácil, que adora servir aos outros?"
"Eu não te amo, e por isso larguei meu trabalho às pressas, sem me importar, para correr de volta para te encontrar? Naquela época, a Fortaleza Finanças S.A. estava apenas começando, lutando pelo primeiro grande projeto de IPO, e tudo foi por água abaixo porque eu teimei em te procurar."
"Eu não te amo, e por isso quando o Bráulio te levou para o quarto do clube, fiquei louco de preocupação e arrombei a porta para te encontrar? Eu não te amo, e por isso esperei meia hora embaixo do seu apartamento, só para ver quando o Bertram ia embora?"
"Se eu não te amasse, por que deixaria meu negócio prosperando em Nova York para voltar e começar tudo de novo no Brasil?"
Gregório listou cada ponto cuidadosamente: "Ophélia, você pode me odiar, mas não duvide do meu amor por você."
Quando ele falou de outras coisas, a Ophélia poderia permanecer indiferente, mas ao mencionar aqueles seis meses, ao falar da Janela da Montanha, algo dentro dela ainda se agitava.
Aqueles dias, doces como mel, foram felizes demais, talvez inesquecíveis por toda a sua vida.
Ophélia ficou em silêncio por um momento: "Eu também acreditei uma vez, mas depois vi que foi o maior erro que cometi, e paguei um preço muito alto por isso."
"Como pode ser um erro? Eu quase me entreguei a você de corpo e alma, e você realmente não sentiu nada?" Gregório falou com a voz rouca, "Ophélia, do que é feito o seu coração?"
Ophélia expirou lentamente, realocando aquele nervo perturbado de volta ao lugar, mantendo-se lúcida.
"Você ainda não entende? Se você realmente me ama, qual é a sua relação com a Kristina? Eu realmente não me importo mais."
"Eu já não valorizo mais o seu amor."
Sua voz era tão calma, cada palavra pronunciada claramente, fazendo Gregório sentir uma impotência inescapável.
Vozes se aproximavam de longe e antes de avistar alguém já se ouviam os gritos de Tarsila Fagundes:
"Mauro, você melhor não estar mentido! Se ela não estiver lá em cima, eu vou amarrar você e sua namorada e jogá-los no desfiladeiro!"
Gregório tinha mandado uma mensagem para Mauro a caminho, avisando, mas nos olhos de Tarsila Fagundes, ele e Gregório eram farinha do mesmo saco, nenhum valia nada.
Ouvindo isso, Ophélia se levantou das pedras, pronta para recebê-los.
O vento sibilava pelas montanhas, Gregório a chamou: "Ophélia."
Ele se virou, olhando para sua silhueta, com um olhar sombrio e perdido, mas ainda assim não desistindo, sua voz rouca perguntava persistente: "Nos últimos três anos, houve sequer um momento em que você me amou?"
Ela parou por apenas um breve instante, sem hesitar nem por um segundo na resposta: "Não."
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....