Ophelia observava Gregório procurar pelo "objeto perdido".
Já era bem depois da meia-noite, e Gregório, como se não tivesse pressa alguma, vasculhava aqui e ali lentamente.
Ophelia, quase incapaz de ficar de pé de tão sonolenta, não resistiu em apressá-lo: "O que você está procurando afinal?"
Ele, com uma desconfiança surgida não se sabe de onde, retrucou: "Por que quer saber? Está pensando em ficar com o que é meu?"
"Deixa de ser paranoico, o que você perdeu não deve valer mais do que esta casa."
Gregório murmurou algo em tom baixo: "Isso é o que você pensa."
Ophelia, tonta e cansada, encostou-se no armário: "Estou exausta. Você poderia agilizar um pouco?"
"Se está cansada, vá dormir. Eu já fiquei nesta casa antes, não vou me perder," disse Gregório, abrindo uma gaveta e pegando um par de pentes de madeira para examinar.
Eram de jacarandá de lei, com um padrão floral intricado entalhado na superfície, e exalavam um aroma suave e agradável.
"Esses pentes são muito bonitos, de onde vieram?"
Ophelia lançou um olhar breve: "Foram um presente de casamento da minha avó."
Segundo antigos costumes de casamento que foram transmitidos, havia o penteado na cerimônia, significando etapas da vida conjugal...
"Você já usou?" perguntou Gregório.
Ophelia bocejou, sua fala já carregada de sono: "Não."
"Não é de se admirar que tenhamos nos divorciado," provocou Gregório, com um sorriso irônico. "Viu só, a culpa foi sua."
Ophelia, em seus pensamentos, o chamou de louco.
Por conta do movimento dele, Ophelia notou o anel de casamento em seu dedo anular.
Ele ainda o usava.
Ophelia, sonolenta e tonta, encarou a aliança por alguns segundos antes de perguntar: "Por que você ainda está usando a aliança?"
Gregório hesitou por um momento, mas respondeu de maneira casual, como se o assunto não fosse de grande importância:
"Usei por tanto tempo que se eu tirar agora, a marca de pele vai ficar desigual."
Ophelia, sem palavras, apenas se acomodou no sofá menor, decidindo esperar.
Ela planejava apenas esperar Gregório encontrar o que buscava e então pedir que ele fosse embora, encerrando esse capítulo e não se incomodando mais um com o outro.
Mas ela não conseguiu ficar acordada nem cinco minutos, adormecendo no sofá.
Enquanto saboreava a canja, ela ouviu passos descendo as escadas.
Virou-se para ver Gregório ajustando os punhos da camisa enquanto descia.
Ele estava vestindo uma camisa branca sob medida e calças pretas, com uma combinação simples que o fazia parecer um nobre sofisticado. A vestimenta destacava perfeitamente sua proporção de ombros largos e cintura estreita, com pernas excepcionalmente longas.
O relógio de pulso de platina que usava casualmente brilhava com um reflexo prateado frio e caro.
Após ter tomado banho e trocado de roupa, Gregório parecia revigorado, sem mostrar nenhum sinal do cansaço de ter passado a madrugada em busca de algo com tanto empenho.
Sentou-se à mesa de jantar, tão à vontade como sempre.
"Por que você ainda não foi embora?" Ophelia o encarou." Cansado de procurar, então decidi fazer uma pausa", disse Gregório com casualidade, enquanto Dona Alessa lhe servia um prato de mingau. Ele olhou para o mingau, feito para manter a beleza e a vitalidade feminina, mas não fez nenhum comentário, apenas pegou a colher de porcelana branca e começou a comer.
"Você não deve mais vir aqui," disse Ophelia. "As coisas que você não levou, a Dona Alessa vai arrumar. Por favor, retire-as o quanto antes."
Ser expulso logo cedo realmente era desagradável.
Gregório levantou uma colherada da canja, parando-a no meio do ar: "Tanta pressa em me mandar embora, você está de mudança para receber alguém novo?"
"Isso não é da sua conta."
"Quem? Bertram?" Gregório zombou, com um sorriso irônico nos lábios. "Vocês dois estão avançando tão rápido. Mal terminamos os trâmites e vocês já estão aí, de mãos dadas, curtindo o Natal juntos. Foi divertido?"
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volta! Volta!!! A Nossa Casa
Legal, eu estava lendo e gostando, mas não tinha condições pra continuar, tomara q seja uma boa leitura por aqui....