CAPÍTULO 83
Fabiana Prass
Não posso dizer que esse jantar foi dos melhores, porque estaria mentindo, mas posso confessar que já estou aliviada que correu tudo bem e a minha irmã vai se casar com alguém da confiança do Don.
Enzo não é o estilo que eu escolheria para ela se me perguntassem, porém hoje eu vi algo nos olhos dele, e senti que existe algum sentimento, mesmo que esteja tão bem guardado como o do Don, algo existe ali, não sei explicar.
Durante o jantar, eu percebi que as coisas nessa casa estão fora de ordem, e esse foi um pedido do Don, de que eu cuidasse de tudo, e não vi isso esta noite. Então, hoje acordei cedo, vou reorganizar o cardápio, verificar o que falta na dispensa e averiguar o jardim, já que ele saiu cedo para conversar com o meu sogro. Conversarei com as funcionárias, já vi que as tarefas não estão bem distribuídas e a Filipa tem trabalhado muito.
Sentada na cadeira da pequena mesa da cozinha, onde os funcionários comem, eu analisei o cardápio, e fui colocando coisas novas e deixando mais diversificado.
— A senhora insiste em colocar carne branca no cardápio? — Danúbia questionou, vi que estava com o pescoço esticado, mal respirava para ler o que eu escrevia.
— Algum problema? — virei para olhar melhor para ela. — Eu pedi ao Don para que você ficasse trabalhando aqui, mas não vou aceitar que volte a se intrometer nas minhas escolhas! — falei mais firme, a Rebeca tem me ajudado a perceber algumas coisas, e essa funcionária é bem complicada.
— Não senhora!
— Hum... também vou incluir alguns pratos brasileiros, se precisarem de ajuda podem me chamar! Cadê a Filipa? — não encontrei a funcionária mais leal.
— Aquela lá está matando serviço! Disse que a menina dela tá doente, e trouxe junto para o trabalho, deve tá lá fora vadiando! — olhei atravessado, me incomodo com o jeito dessa funcionária, pedi ao Don que a deixasse ficar por causa que tem alguém que depende dela.
— A Filipa é excelente no que faz, se hoje precisar descansar não tem problema nenhum, aliás vou ver se ela precisa de ajuda com a filha! — levantei da mesa, e a Danúbia não disse uma palavra.
Eu fui verificar a dispensa e então fui lá fora ver se encontrava a Filipa, mas como não a vi, aproveitei para dar uma olhada nos beija-flores; hoje está um dia nublado, mas não parece que vai chover.
Sentei naquele banco, senti um vento gelado, indicando que o tempo poderia mudar, mas apreciei os belos beija-flores que me trouxeram a lembrança do meu primeiro beijo com o Antony, e sorri sozinha ao lembrar que para mim, ele era apenas um jardineiro quando o beijei.
Mais tarde, saí caminhando pelo jardim quando ouvi o meu celular, o Don me ligou:
— Bom dia, ragazza!
— Bom dia! Acordou bem cedo, né?
— Sim, eu tinha um assunto para resolver, mas já estou voltando bela mia, vou te buscar para almoçar!
— Então vamos almoçar fora, hoje?
— Sim, só nós dois! Hoje não quero saber dos assuntos da sua irmã, isso me deixa estressado. — parei por um momento, a chamada começou a falhar.
— Tudo bem, eu estou com os beija-flores e já vou voltar para me arrumar, a Rebeca ainda não levantou, então vim sozinha, mas não demoro.
— Está bem, logo eu chego, até depois!
— Eu sou amiga da sua mãe, sabia? — ela negou. — Sim, sou amiga! Aquela casa lá na frente é do meu marido, eu moro lá. Não é lá que ela trabalha? — ela ficou pensativa, abraçada no urso. — Vem! Eu lavo o seu sapato e digo que estava comigo, ela vai entender! — estiquei a mão.
A garotinha assentiu e veio bem devagar com um dos bracinhos erguidos, e o outro ela segurava o urso, que também estava molhado.
— Pode vir, está tudo bem! Segura na minha mão! — a chuva aumentou e a menina veio, porém um barulho atrás dela a assustou, assim que segurei a sua mão vi que era uma raposa, e a menininha praticamente se jogou em mim.
Senti o meu pé escorregar, e precisei empurrar a menina para a frente, que caiu no chão, e sem apoio o meu corpo foi para trás, me jogando naquela água fria do rio.
— AHHHH! — A garotinha gritou de medo da raposa.
— Ela não vai te atacar! — falei antes de afundar.
Me esforcei para tentar voltar para a superfície. Cheguei a ver que a raposa foi embora, mas o rio era fundo e não tinha nada para eu me agarrar que eu pudesse subir, ou sair, as laterais eram cobertas com barro, provavelmente seja, ou já foi um tanque de pesca, e percebi que eu não aguentaria por muito tempo.
Em uma das vezes que subi, avistei o rosto da garotinha me procurando, então não pensei duas vezes para pedir a ela que procurasse por ajuda.
— Pequena, busque ajuda! Chame a sua mãe ou qualquer um dos funcionários da casa. Avise que a esposa do Don caiu na água do rio, corre! — ela saiu correndo e eu tive esperança de que ela conseguiria, embora a distância não fosse pequena e eu precisaria aguentar firme até que ela voltasse.
O problema é que começou a ficar cada vez mais difícil de não afundar, e a água estava gelada demais, então senti uma dor imensa na cabeça e comecei a não conseguir ficar em cima, a chuva atrapalhava e o barro me fazia deslizar, eu estava machucando as mãos e não resolvia nada, então percebi que eu estava afundando.
— Don... — gritei mesmo sabendo que ele não estava ali, só um milagre me salvaria.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Vendida para o Don
A história no começo era boa mas do capítulo 100 pra la virou piada! Nunca vi tanto uma palavra em um livro como a palavra “assenti” so em um capítulo as vzs tem 4 a 5 vezes!...
Me interessei muito pela história, quando colocará mais capítulos? Ansiosa por mais...
Diz status concluído, cadê o restante dos capítulos?...
Quando vão postar os novos capítulos? Estou aguardando ansiosamente....