Não era de se estranhar que, em três anos de casamento, Sterling nunca a tivesse levado para nenhum evento ou festa. Para ele, Clarice era desprovida de classe, alguém que, em público, seria uma vergonha e colocaria sua reputação em risco.
Mas Clarice sabia que isso não era verdade. Embora não tivesse sido bem tratada pelos pais, nos anos em que viveu com a avó, ela teve aulas de etiqueta. Cada sorriso, cada movimento, cada detalhe de comportamento à mesa... Tudo havia sido ensinado meticulosamente.
Ela tinha certeza de que, no círculo da alta sociedade de Londa, não ficava atrás de nenhuma das socialites. Depois de se casar com Sterling, passou a ser ainda mais cuidadosa nos detalhes. Sempre achou que estava desempenhando bem o papel de uma esposa de elite, uma verdadeira senhora da alta sociedade.
Mas, na verdade, tudo aquilo não passava de uma ilusão. Para Sterling, ela nunca foi nada além de uma companhia para o quarto. Etiqueta? Não era algo necessário entre quatro paredes.
Virgínia, ao ouvir Sterling sugerir que ela ensinasse Clarice sobre etiqueta, finalmente se sentiu satisfeita. Com um sorriso no rosto, respondeu animada:
— Tudo bem, vou arrumar um tempo para ensiná-la.
— Então trate de ensiná-la logo. O aniversário do avô está chegando, e vou levá-la para fazer uma aparição. Assim aproveitamos para ver se você teve sucesso como professora. — Sterling falou com indiferença, como se levar Clarice ao aniversário de Túlio fosse uma decisão tomada no calor do momento, sem grande importância.
Teresa, embora não demonstrasse, sentiu que havia algo estranho naquilo tudo. Mas, por mais que tentasse, não conseguia identificar o que exatamente a incomodava.
Virgínia olhou para Sterling e depois para Teresa em seus braços. Pela primeira vez, sentiu um pouco de pena de Clarice. Uma mulher que não tinha o amor de seu marido estava condenada a uma vida de sofrimento.
Sterling não disse mais nada. Apertou Teresa em seus braços e saiu apressado.
Clarice ficou parada na entrada do café, a cabeça levemente abaixada, exibindo uma postura dócil. Quem a visse assim teria dificuldade em associá-la à advogada combativa que enfrentava oponentes ferozes no tribunal.
Sterling passou por ela com Teresa nos braços e disse, sem emoção:
— Vá buscar o carro.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...