Antes de subir para devolver a pulseira, Teresa havia ligado para a sogra. Agora, Virgínia provavelmente já estava lá em cima. Se Sterling resolvesse subir também, isso poderia arruinar os planos de Virgínia. Não, isso não podia acontecer. Sterling não podia ir!
Sterling virou-se para encará-la, seus olhos fixos na mão dela, carregados de uma frieza cortante.
— Eu já disse para você. Sua saúde não está boa, então fique em casa e descanse. Pare de andar para lá e para cá! A gravidez foi uma escolha sua, então você tem a obrigação de cuidar do bebê. Entendeu?
Sua voz não era alta, mas trazia uma pressão sufocante.
Teresa, assustada, recolheu a mão imediatamente. Mordeu os lábios, e as lágrimas começaram a se acumular em seus olhos, parecendo prestes a cair.
— Eu só fiquei preocupada que a Clarice estivesse brigando com você. Por isso vim até aqui devolver a pulseira. Eu nunca quis prejudicar minha saúde. — Respondeu, com uma voz trêmula, cheia de justificativas.
— Se quiser saber algo, me ligue diretamente. E não coloque o Isaac em situações difíceis. — As palavras de Sterling foram diretas, sem qualquer delicadeza ou consideração.
Ele podia ser grato a Teresa por um incidente de infância, mas essa gratidão tinha limites. Sterling nunca permitiria que ela ultrapassasse as barreiras que ele estabelecera.
O rosto de Teresa ficou pálido instantaneamente. Antes de ir ao escritório, ela havia telefonado para Isaac e ficado sabendo que Túlio estava lá discutindo sobre a transferência de ações. Foi por isso que ela correu até a empresa.
Ela achava que tinha agido de forma discreta, mas Sterling havia percebido tudo e a confrontou sem rodeios. A sensação de embaraço foi esmagadora, mas o medo foi ainda maior.
Afinal, a ajuda que Teresa havia dado a Sterling na infância já tinha sido retribuída muitas vezes ao longo dos anos. Se Sterling, em um momento de raiva, decidisse cortar relações com ela, isso significaria o colapso total da família Fonseca. Ela não podia, de jeito nenhum, deixar isso acontecer.
— Sterling, eu só… Só fiquei ansiosa para saber notícias suas e acabei não me controlando. Por isso liguei para o Isaac. Prometo que não vou mais incomodá-lo. Você pode ficar tranquilo! — Teresa disse apressadamente, tentando remediar a situação.
O olhar de Sterling afastou-se do rosto dela. Ele ajeitou o paletó de forma impassível e disse:
— Volte para casa sozinha. Eu vou para o escritório.
Quando a porta do carro se fechou, Teresa ficou olhando fixamente para as costas dele, tão eretas e firmes. Em silêncio, ela fez uma promessa a si mesma: um dia, custe o que custar, ela se tornaria a esposa de Sterling.
Sterling voltou apressado para o escritório. Assim que entrou, viu Clarice realizando manobras de primeiros socorros em Túlio. Ela estava calma e concentrada, como se já tivesse feito aquilo dezenas de vezes.
Nos três anos de casamento, ele percebeu que nunca havia realmente conhecido aquela mulher. Uma sensação estranha tomou conta dele, e seus pensamentos vagaram para a decisão de Túlio de transferir 5% das ações para Clarice.
Clarice sabia os gostos de Túlio, cuidava da saúde dele e se preocupava com sua rotina. Para alguém da idade de Túlio, o dinheiro já não era o mais importante. O que realmente fazia diferença era ter alguém ao seu lado. E Clarice cumpria esse papel. Por isso, era natural que ele quisesse recompensá-la.
Enquanto Sterling estava parado, Isaac entrou com a equipe médica. Eles rapidamente assumiram o lugar de Clarice, iniciando os atendimentos.
Clarice suspirou aliviada e se levantou. Com um gesto automático, puxou o cabelo para trás, e, sem querer, seus olhos encontraram os de Sterling. Os olhos dele eram profundos, quase indecifráveis, e isso a fez hesitar. Por instinto, começou a explicar…
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Vício Irresistível
Por favor, cadê o restante do livro???...