Um Vício Irresistível romance Capítulo 10

Teresa estava furiosa, mas teve que conter seu ódio e forçar um sorriso:

— Clarice está chamando você. Vai lá, não precisa se preocupar comigo.

— Peça ao motorista que te leve ao hospital. Eu vou logo mais. — Sterling respondeu, colocando Teresa no carro e ordenando ao motorista que seguisse.

Dentro do veículo, Teresa observava a silhueta de Sterling ficando cada vez menor enquanto ele se afastava. Suas mãos se fecharam em punhos, as unhas cravando na palma.

“Velho desgraçado! Um dia, vou te assistir morrer com meus próprios olhos!”

Sterling, depois de se certificar de que Teresa havia partido, voltou para dentro da casa.

Na sala de estar, Clarice estava sentada no sofá, calmamente comendo frutas. João estava ao lado dela, conversando, e o ambiente parecia leve e descontraído.

Sterling parou por um momento, observando a cena. Clarice sempre se dava bem com os funcionários da mansão. Por que, então, era sempre tão hostil com Teresa?

Ao vê-lo entrar, Clarice colocou um pedaço de fruta na boca e apontou para o andar de cima:

— O vô está te esperando no escritório.

Ela não fazia ideia do que Túlio queria discutir com Sterling, e, sinceramente, não estava interessada.

João, que até então sorria, recolheu sua expressão amigável e caminhou até Sterling.

— Sr. Sterling, por aqui, por favor.

João não conseguia entender como alguém tão gentil como Clarice havia acabado se casando com alguém tão frio como Sterling. No fundo, temia que, um dia, Clarice não aguentasse mais o jeito insensível dele e pedisse o divórcio. Isso seria um desastre.

Sterling assentiu com um breve "hm" antes de se virar e subir as escadas.

Enquanto subiam, ele perguntou:

— Por que você chama Teresa de Sra. Teresa, mas chama Clarice de Sra. Davis?

Para ele, era simples: como sua esposa, Clarice deveria ser a única Sra. Davis.

João respondeu com um leve sorriso:

— Foi o Sr. Túlio quem pediu. Ele disse que só reconhece Clarice como sua nora legítima. Por isso, o título é exclusivamente dela.

Sterling franziu a testa.

— Sabe por que meu avô não gosta de Teresa?

João deu de ombros.

— Não sou ninguém para adivinhar os pensamentos do Sr. Túlio. Se está curioso, pergunte diretamente a ele.

Era óbvio para João que Teresa, com seu jeito mimado e manipulador, não tinha como conquistar o respeito de alguém como Túlio. E ele mesmo não entendia por que Sterling parecia tão indulgente com Teresa. Aquilo passava dos limites, tornando a relação deles estranha aos olhos de qualquer um.

Sterling não respondeu. Ele sabia que, mesmo se perguntasse a Túlio, não obteria uma resposta direta.

João o conduziu até a porta do escritório e se despediu.

Sterling abriu a porta e entrou. Túlio estava de pé junto à janela, as costas levemente curvadas. Nesse momento, Sterling percebeu o quanto seu avô havia envelhecido.

— Entre e feche a porta. — Túlio ordenou, virando-se para encará-lo com um olhar penetrante, sua voz firme e autoritária.

Desde o dia em que foi trazido de volta para a família Davis, Sterling sempre respeitou Túlio. Entrou no escritório e fechou a porta atrás de si.

Túlio apontou para um envelope sobre a mesa.

— Aí dentro está o contrato de transferência de 5% das ações do Grupo Davis e o bracelete de família. Quero que entregue ambos para Clarice.

Sterling franziu o cenho.

— Teresa é a viúva do meu irmão. O bracelete da família não deveria ser dela?

O semblante de Túlio escureceu imediatamente.

— Uma mulher como Teresa, sem qualquer dignidade, não é digna do bracelete da família Davis! Sterling, nunca esqueça que sua esposa é Clarice. Teresa é sua cunhada. Mantenha sua distância dela!

Desde o dia em que Sterling foi trazido de volta à família Davis, ele sempre teve aquele temperamento frio e distante. Túlio temia que o neto acabasse sozinho pelo resto da vida.

Mas então apareceu Clarice, a mulher que literalmente salvou a vida de Túlio.

Clarice não era apenas linda, mas também independente, de personalidade forte e uma aluna brilhante da faculdade de Direito da Universidade de Londa. Uma mulher como ela era única, impossível encontrar outra igual em toda a cidade. O fato de ela ter aceitado se casar com Sterling era, para Túlio, uma honra para a família Davis.

Ele havia feito tudo o que pôde para unir os dois. Colocou sua saúde em risco, insistiu, manipulou e conseguiu que se casassem.

Túlio acreditava que, com o tempo, Sterling perceberia o valor de Clarice e acabaria se apaixonando por ela.

Mas três anos haviam se passado, e nada mudou. A relação deles parecia estagnada, sem qualquer sinal de avanço.

Túlio via isso e ficava cada vez mais angustiado. Seu maior medo era que Clarice decidisse ir embora. Ele sabia que, com o temperamento difícil de Sterling, nenhuma outra mulher suportaria conviver com ele por muito tempo.

Esses pensamentos o consumiam, e ele sentia um desejo incontrolável de dar uma surra no neto para aliviar sua frustração.

Sterling, ainda segurando a testa ensanguentada, deixou escapar um sorriso amargo e irônico:

— Se Clarice se divorciar de mim, quem vai cuidar do caos que é a família dela? Quem vai pagar pelo remédio caro da avó dela? Com o salário que ela ganha, ela mal consegue comprar uma das roupas que usa hoje. Vô, fique tranquilo, ela não vai, nem ousa pedir o divórcio!

Ele tinha certeza absoluta de que Clarice jamais o deixaria.

Clarice, que tinha subido as escadas ao ouvir o barulho vindo do escritório, chegou bem a tempo de ouvir aquelas palavras. Por um instante, sentiu como se todo o sangue em seu corpo tivesse congelado.

Então era assim que Sterling a enxergava? Uma mulher dependente dele, incapaz de seguir em frente sozinha. Tudo aquilo estava tão distante do amor que ela sempre sonhou... Era simplesmente patético e cruel.

— Fora daqui! Eu não quero mais te ver! — Túlio gritou novamente, sua voz carregada de decepção e dor. Ele sentia seu coração apertado, como se a raiva estivesse corroendo cada parte de seu corpo. — Sterling, escute bem: ninguém ama alguém para sempre! As pessoas mudam, e você vai se arrepender!

Túlio sabia que mudar a mentalidade de Sterling seria quase impossível. Ele já havia se convencido de que Clarice ficaria ao seu lado para sempre. Então, só restava esperar o momento em que a realidade o atingisse como um soco no rosto.

Sterling, no entanto, deu de ombros, com um sorriso de superioridade.

— Que tal fazermos uma aposta? Vamos ver se Clarice realmente vai me deixar. — Sua voz estava cheia de confiança, como se não houvesse a menor possibilidade de estar errado.

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