Ao ouvirem Xavier falando com tanta seriedade, um murmúrio sutil começa a percorrer o tribunal. As palavras dele, ainda que parecessem cheias de cinismo para alguns, fazem com que outros se questionem sobre a veracidade de sua versão dos fatos. Afinal, Andressa já havia demonstrado, ao longo do processo, ser alguém capaz de atitudes moralmente questionáveis. Além de não mostrar nenhuma moral ao se envolver com um homem casado, ela também havia traído a confiança de sua melhor amiga, de forma calculada e cruel.
Esse histórico levanta dúvidas no ar: se Andressa pôde quebrar esses laços de lealdade e amizade, quem poderia garantir que ela seria incapaz de orquestrar algo ainda mais sombrio, como se ferir para se fazer de vítima? E o fato dela estar se envolvendo com o médico que a atendeu no dia do acidente faz com que as dúvidas ecoem pelo tribunal. Esses pensamentos começam a reverberar entre os presentes, como se cada pessoa estivesse pesando os dois lados daquela narrativa repleta de intrigas e traições.
Mesmo assim, o olhar incrédulo de muitos ainda repousa em Xavier. Para outros, entretanto, uma faísca de incerteza já havia sido plantada.
O promotor ergue as sobrancelhas, visivelmente cético.
— Senhor Ferraz, ainda assim, o senhor deixou o local sem prestar socorro. O senhor teve coragem de abandonar a cena enquanto uma mulher estava gravemente ferida? — questiona o promotor.
Xavier respira fundo, tentando manter a compostura. Ele cruza os braços lentamente, como se buscasse uma postura de autodefesa, antes de responder com um tom cortante:
— Acredito que o senhor faria o mesmo se estivesse em meu lugar — assegura, fixando seus olhos no promotor.
O tribunal reage com um murmúrio de espanto, enquanto o promotor estreita os olhos, visivelmente incomodado com a frieza da resposta. O ambiente no tribunal fica ainda mais tenso quando o promotor muda de assunto e direciona as perguntas ao atentado contra Victor Ferraz.
— Senhor Ferraz, o senhor também está sendo acusado de envolvimento no atentado que quase tirou a vida de seu filho. O senhor confirma ou nega sua participação nesse crime?
Com uma expressão de falsa indignação, Xavier ajusta-se na cadeira e encara o promotor.
— Isso é uma piada de mau gosto! — exclama, teatralmente. — Eu jamais machucaria o meu filho, não importa o que tenha acontecido entre nós.
O promotor não parece convencido e, após uma breve pausa, continua:
— Se o senhor nega envolvimento, como explica os relatos de testemunhas e as mensagens que mostram seu envolvimento direto no plano?
Mesmo tentando manter a compostura, sua máscara começa a escorregar. Então, como se em um último ato desesperado, ele aponta para Joana, que está sentada mais ao fundo.
— Tudo isso foi ideia dela! — acusa, com o dedo trêmulo. — Foi Joana quem tramou tudo! Ela estava obcecada em impedir o casamento de Victor com aquela garota. Eu só segui o que ela planejou. Ela é a verdadeira culpada!
O tribunal é tomado por um burburinho, enquanto Joana, incrédula, levanta-se bruscamente.
— Mentiroso! — grita. — Você é o responsável por tudo isso! Foi você quem contratou o atirador!
O juiz b**e o martelo repetidamente para restaurar a ordem.
— Silêncio no tribunal! — ordena.
O promotor aproveita o momento para pressionar mais Xavier.
— Então, senhor Ferraz, o senhor está dizendo que seguiu um plano de sua esposa, mesmo sabendo que isso colocaria a vida de seu filho em risco? — pergunta, com ironia evidente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...