Enora Miller
Quando cheguei em casa, Silvia queria entrar e tentar justificar o fato que aconteceu na sua casa para os meus pais. Mas pedi que ela fosse embora que eu iria resolver a situação sozinha, a contra gosto, ela foi embora com o seu noivo.
Entrar em casa e meus pais verem como estava fez com que eles se levantassem e tentassem descobrir o que havia acontecido, não tinha por que mentir para eles, já que logo todos iriam saber o que havia acontecido.
— Quero ir para a casa da tia Marília. — Vejo meus pais se olhando enquanto estava sentada no sofá.
— Meu amor, você tem certeza? — Minha mãe pergunta segurando a minha mão.
— Tenho e quero ir o mais rápido possível. — Decreto para os dois.
Meu pai se levanta e o vejo fazer algumas ligações, espero que nenhuma delas seja para o senhor Walker.
— Ok, você vai no fim de semana, isso se for realmente o que deseja, pense durante a noite e amanhã no café conversaremos. — Concordo com o meu pai, levanto do sofá e vou em direção ao meu quarto, mas antes beijo as duas pessoas que mais me amam.
A noite foi terrível e o resto da semana pior ainda, John tentou de diversas maneiras tentar falar comigo, como uma medrosa que sabia, que se ele chegasse mais perto iria fraquejar e mudaria de ideia.
Durante a semana meu pai teve que intervir e foi conversar com o meu ex-sogro que acabou confirmando que eles iriam mesmo se casar. Foi o suficiente para que entrasse em uma tristeza sem fim.
Finalmente chegou o dia da minha viagem, o voo foi extremamente cansativo a cada milha que me afastava do homem por que era apaixonada derramava rios e rios de lágrimas. Ao chegar no aeroporto, a minha tia, que já sabia o que havia acontecido, se aproximou e me deu um abraço tão acolhedor que foi o suficiente para chorar mais ainda.
Não estaria aqui sozinha, minha tia tinha dois filhos na mesma faixa etária, minha prima era apenas dois anos mais velha. Mas somente ela conseguia me fazer sair da cama dia após dia.
Minha vida começou a ficar triste, não conseguia mais enxerga o céu azul, nos meus olhos todos os dias estavam nublados, com as nuvens carregadas de chuvas. Porém, certo dia percebi que não estava mais sozinha, descobri que estava grávida do homem que amava.
— Não posso ficar com o bebê tia, não quero ficar apenas com uma parte de algo que ainda me faz mal. — Me queixava novamente sobre a gestação.
— Então entrega o bebê para o pai, o procure e conte o que houve, eu sei que ele ainda te procura. — Minha prima fala ao lado da minha tia. — Mas acho que seus pais deveriam saber a sua decisão primeiro.
Ainda não tive coragem de contar para os meus pais que estou gravida esperando um bebê Walker.
No fim do mês vou com a minha tia de volta para a minha cidade, iria procurar o John e pediria que ele cuidasse do bebê, não queria mais continuar aqui, era demais para mim e já estava com várias possibilidades de continuar a minha vida em Paris.
Um dia fui até a casa dos Walker, mas descobri que eles não moravam mais lá, apenas a Marta, que já havia se casado com o John, ela estava grávida de quase dois meses a mais que eu.
Quando ela soube que era eu que estava ali e me viu gravida, ela não gritou e tão pouco me expulsou, o que achamos estranho, meu pai ficou com um pé atrás com ela.
— Tudo bem, eu crio o seu bebê com o meu como se fosse um filho meu também, digo para o John que acabei tendo gêmeos… — Olho para a minha mãe que apenas aperta a minha mão.
— Quando o bebê nascer, peço para que alguém venha deixá-lo aqui com você. — Digo me levantando para sair, não queria ficar muito naquela casa que acabou me trazendo tantas lembranças.
Saímos da casa com um peso enorme no meu peito, sabia que era errado fazer isso, mas pelo menos o bebê seria criado com o pai que vai amá-lo acima de tudo.
Precisei voltar para Paris para poder continuar o curso que estava fazendo, tinha um emprego em vista mais precisava concluir o curso e estava aproveitando a minha gestação para concluir. Já estava programado que deveria voltar para casa quando completasse os sete meses e ficasse lá até o parto.
Foi o que aconteceu, mas na volta para casa o meu pai acabou batendo o carro, o que fez com que meu parto se adiantasse, foi socorrida e um menino lindo e forte nasceu, antes que entregasse o bebê o peguei no colo e vi o quanto ele era tão parecido com o pai.
Entreguei o bebê para a minha mãe com o peito sangrando, mas estava convicta que era o certo a se fazer, que não poderia ficar com ele ou minha tristeza nunca chegaria ao fim.
Dias depois da alta, implorei que a minha mãe me levasse para o Paris, ver o John passeando com o meu bebê foi demais para mim e fiquei sem entender o que vi.
Marta só estava com o bebê que dei a ela, faltava o bebê que ela mesmo havia gerado, então como um estalo tudo se encaixou.
Sinto uma presença atrás de mim, olho para o relógio e percebo estar com ele no colo há mais tempo que deveria, quando me viro a surpresa que tenho. Silvia estava em pé, seu olhar era minucioso, sorrio para ela e dou um último beijo na cabecinha do meu filho e entrego para a tia, me despeço dela e saio da casa em direção à casa dos meus pais.
Passei uma semana ainda na casa dos meus pais e voltei para Paris, um lugar que decidi que nunca mais iria sair, não pretendia voltar nunca mais na minha antiga saudade, ou acabaria contando que o bebê era meu.
Os anos foram se passando, não conseguia conhecer mais ninguém, meu coração só pertenceu somente a uma pessoa e hoje sei que fui uma covarde, deveria ter contado a ele que tivemos um filho, que a criança que ele cuidou realmente era um filho nosso.
Mas o destino é algo que nos prega peças, um dia estava passeando com meus primos em Berlim e senti uma mão no meu ombro enquanto estávamos sentados em um Pub assistindo ao jogo e bebendo cerveja.
O perfume inconfundível se sobressaiu por todos os odores de cervejas e outros aromas que havia ali, me virei em direção à pessoa que suspeitava ser o dono daquela fragrância.
— Quem diria que um dia ainda te encontraria, como vai Enora? — John estava ali, lindo como sempre, com o mesmo sorriso encantador de sempre.
— Posso dizer o mesmo? — Falo surpresa em vê-lo ali.
— Vocês se importam se roubá-la por algum tempo? — Ele se vira para os meus primos e pergunta.
— Não me importo, contanto que quando a devolver, ela não esteja tão destruída como foi da primeira vez. — Olho feio para a minha prima que apenas dar de ombros.
— Essa nunca foi a minha intenção. — Ele diz com os olhos cravados nos meus, ele fica de pé e me estende a mão, me dando uma escolha.
Minha vida foi cheia de encontros e desencontros com o John, o que gerou o Noah e a Noely, sim, tivemos uma filha que mora comigo aqui em Paris. Como Marta começou a fazer a vida do Noah um inferno, não quis contar para o John o que havia feito, quando soubemos sobre o seu falecimento, fiz de tudo para poder chegar até o velório, mas foi fechado e a única pessoa que poderia me ajudar a entrar seria a Silvia, que não vi em nenhum lugar e tão pouco consegui encontrá-la.
Mas estava na hora de enfrentar o meu passado e fazer parte da vida do Noah e pelo que soube pelas notícias agora tenho uma neta e logo terei mais um, além de uma nora que parece tão apaixonada.
Espero que ele possa me perdoar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: SUA ESTAGIÁRIA
Muito bom,posta mais...
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