Minha cabeça lateja, meus olhos ardem e minha boca esta seca.
Tento me lembrar aonde estou, mas a última coisa que me lembro é de ser puxada para trás na rua da boate e depois tudo ficar escuro.
Tento olhar ao redor mesmo que meu olhos teimem em se fechar, mas esta escuro demais para que eu possa enxergar.
Mas então passos começam a ecoar e eu ouço sua risada logo atrás de mim.
Quando tento gritar percebo a mordaça em minha boca.
- Parece que esta bem acordada querida, mas ainda não é hora de conversarmos.
Essa voz.
Fernando? Marido de Roberta?
Antes que eu possa sequer reagir a ele sinto uma picada em meu braço e vejo tudo apagar novamente.
Abro os olhos e volto para o lugar escuro.
Ao abrir minha boca percebo estar sem a mordaça.
- Tem alguém ai?- grito.
Não consigo enxergar nada ao redor, apenas uma luz que vem por debaixo da fresta de uma porta.
- Socorro!- grito novamente.
Tendo sair da cadeira, mas sinto meus pulsos amarrados assim como meus pés.
É muito difícil enxergar no escuro, mas Bato o pé no chão para saber se estou com o mesmo sapato que sai de casa.
Pelo menos ainda estou com o rastreador que coloco em todo sapato antes de sair de casa.
Mas esta acontecendo muito rápido, ainda não pude ter a guarda de Pietro.
Pietro...
Espero que ele esteja bem.
Ouço passos ao longe e logo vejo a sombra de uma pessoa por baixo da porta.
Meu coração acelera. Tenho medo.
Novamente penso em Pietro e como vai ser para ele digerir tudo oque vai acontecer ou já esta acontecendo.
Ouço uma chave ser usada para abrir a porta e segundos depois um homem entra no quarto escuro em que estou.
Não consigo vê-lo, mas sei que carrega algo nas mãos.
Que não seja uma arma.
E então uma luz se acende acima da minha cabeça, não o suficiente para iluminar o quarto todo, mas dá para ver oque tem ao meu redor.
E então Fernando aparece a minha frente com um sorriso sinistro em seu rosto.
- Beba agua, o sedativo deve ter te dado sede.- ele diz estendendo uma garrafinha de agua aberta em direção a minha boca.
Não nego a agua, se eu for morrer pelo menos não vai ser de sede ou com sede.
- Por que esta fazendo isso Fernando?- pergunto depois de beber toda a agua.
- Fernando?- ele pergunta e rí.- Acha mesmo que o idiota do meu irmão teria coragem de ir atrás da mulher que ele ama como eu fui?
Não entendo
- você me ama?- pergunto sem entender e novamente ele rí.
- não você, mas se parece tanto com ela - ele diz passando os dedos por meu rosto.- Menos os olhos, se o fechasse por um momento poderia fingir que estou com ela.
Esse homem é doente.
- Se você não é o Fernando quem é você? Por que esta fazendo isso comigo?- pergunto, por fora posso parecer confiante ao perguntar, mas ele rí ao ver minhas mãos tremendo.
- Fabrício e você não me é de tanto valor assim.- ele diz se afastando.- sabia que se meus planos tivessem dado certo, você me chamaria de pai?- Ele rí novamente.- Rosa era o amor da minha vida.- ele diz pensativo.
Minha mãe. Então ela é a razão disso.
- E eu não posso mais tê-la por que seu pai simplesmente a tirou de mim.- ele diz me olhando furioso.- então agora vou tirar tudo dele, incluindo você e a maldita empresa.
Olho para ele, esse homem é louco.
- Bom, então é melhor você aproveitar por que a única coisa que pertencia ao meu pai que você vai chegar perto sou eu.- digo
Ainda estou com medo, mas minha raiva parece crescer a cada segundo na presença desse homem.
- Eu já disse que eu não sou a minha mãe.
- cala a boca.- ele diz virando as costas para mim.- CALA A BOCA! CALA A BOCA!- ele começa a gritar como se tivesse surtando.
- Eu quero ir embora.- digo baixo.
- Eu mandei calar a boca.- ele diz e tudo que vem se segue rápido demais.
Ele se aproxima de mim e dá um tapa em meu rosto no mesmo instante em que a porta é aberta ao chutes e varias armas são apontadas para ele.
- mãos para o alto.- um dos policiais gritam.
- Fabrício Guimarães, o senhor esta preso pelo sequestro de Rafaela Carter e pelo assassinato de rosa e Richard Carter.- diz um homem que entra logo apos algemarem o desgraçado.
- Oque?- pergunto.
Todos os olhares se voltam para mim.
- Srta. Carter, vamos te levar para casa e conversaremos.
- esta dizendo que esse homem matou meus pais?- pergunto.
O homem não responde e então Fabrício começa a chorar.
- Minha rosa... Seu pai a levou para a morte, não eu.- ele diz.- eu só queria matar ele, mas ele a matou.
Eu o ouço paralisada.
- Seu desgraçado...- digo e quando vejo meu corpo avança para cima dele.
Sou segurada por policiais, mas estou em estado de desespero e medo.
Era apenas um acidente de carro, já havia me conformado com isso, mas saber que eu passei por tudo sem os meus pais e que a culpa foi dele, é algo que eu posso extravasar somente com raiva.
- Eu vou te matar e quando eu fizer isso o ultimo rosto que vai ver vai ser da filha da mulher que você dizia amar te odiando.- grito enquanto sou levada para fora daquele quarto minúsculo e mal iluminado.
- Se acalme senhorita, vamos te levar para casa por que seu filho esta te esperando.
Meu filho.
Pietro.
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