Segredos do amor romance Capítulo 54

Se Victoria pudesse evitar lembrar os velhos tempos, seus dias simplesmente passariam rápidos.

No entanto, a dor só duplicaria quando as memórias voltassem para dominá-la.

O carinho que ele demonstrou casualmente no passado se transformou em facas que abriram sua pele naquele momento.

Encostada no cofre, fechou os olhos em desespero.

Se ao menos Arthur pudesse retribuir os sentimentos dela. Mesmo que fosse só um pouco, não estaria tão desesperada como estava agora.

Quando Victoria voltou para casa com a certidão de casamento, o homem acabou de sair do banho. Saiu do banheiro com uma expressão indiferente. Quando estava prestes a passar por ela, notou a certidão de casamento que segurava.

Ao vê-la segurando, ficou parado e levantou a cabeça. A expressão em seu rosto só escureceu ainda mais quando seu olhar perfurou seu corpo como pingentes de gelo.

Suas mãos apertaram o certificado desamparadamente quando ela encontrou seu olhar.

Após um momento de silêncio, ele debochou: “Você parece ansiosa.”

Victoria ficou surpresa com o comentário. Entreabriu os lábios, mas o nó em sua garganta a impediu de dizer qualquer coisa. Por fim, apenas segurou o certificado com mais força quando seu olhar caiu no chão.

O que ele espera que eu diga? Não há nada que possa dizer, nem há sentido em dizer alguma coisa. Afinal, é ideia dele se divorciar. A pessoa de quem ele realmente gosta é aquela que salvou sua vida naquela época. Além disso, também estou retribuindo os favores dela. Vamos deixar por isso mesmo. Não tenho nada para dizer.

Depois de tê-lo só para mim por dois anos, não me arrependo. A história que temos juntos pode compensar sua ausência no futuro.

Por fim, Arthur quebrou o silêncio: “A cirurgia é amanhã, então não precisamos mais fingir. Vou passar a noite na sala de estudos.”

Então, pegou o travesseiro e saiu do quarto.

Victoria ficou parada por um momento antes de finalmente colocar a certidão de casamento na mesa de cabeceira. Depois, pegou as roupas limpas e foi para o banheiro.

…

No dia seguinte, Victoria foi acordada pelo alarme do seu celular. Sentindo-se tonta, rolou para o lado e desligou o despertador. Após isso, se sentou na cama enquanto massageava as têmporas latejantes.

Ela não conseguiu dormir bem na noite passada.

Pensou em Griselda por um momento, e depois, em seu divórcio e seu filho.

Victoria não tinha ideia da hora em que adormeceu. Se lembrou das mesmas coisas pelo resto do tempo enquanto elas atormentavam seus sonhos.

Parando um momento na cama para organizar seus pensamentos, deslizou e foi até o banheiro para lavar o rosto.

Após entrar, se assustou ao ver seu reflexo no espelho.

Havia olheiras visíveis e seu rosto pálido, apenas as realçava. Seus olhos estavam vermelhos, e seu cabelo estava desgrenhado. A combinação fez dela uma definição ambulante de uma mulher infeliz que vivia uma vida desordenada.

Victoria observou seu reflexo no espelho sem dizer uma palavra.

Não gostou nem um pouco do que viu. Lavou o rosto e penteou o cabelo bagunçado. Em seguida, aplicou uma máscara e decidiu se maquiar.

Embora não se importasse com sua aparência, não queria preocupar Griselda.

Cerca de dez minutos depois, tirou a máscara e começou a escovar os dentes e a se limpar. Por fim, colocou uma maquiagem leve e vestiu uma roupa casual.

Quando tudo terminou, ficou na frente do espelho para se certificar de que estava apresentável. Apesar de seus olhos vermelhos, realmente alcançou seu objetivo.

No entanto, não possuía nenhuma magia para fazer a vermelhidão desaparecer em um segundo. Assim, ela colocou um par de óculos escuros, após de um momento de reflexão. Deixe os outros pensarem que é apenas um acessório.

Naquele momento, seu telefone vibrou, e o pegou e encontrou uma nova mensagem de Arthur: ‘Desça quando estiver pronta. Estarei esperando na garagem.’

Sua mensagem era simples. Ela não conseguia sentir nenhum carinho ou preocupação com isso.

A jovem respondeu à mensagem dele, antes de se levantar para pegar um casaco e descer as escadas.

Quando estava passando pela sala, o mordomo se aproximou: “Sra. Cadogan, você está saindo cedo hoje. Dormiu o suficiente ontem à noite?”

Victoria lançou um sorriso: “Dormi sim.”

A julgar pelo casaco que ela usava e por passar pela mesa de jantar sem parar, o mordomo não pôde deixar de perguntar: “Quer café da manhã?”

Como esperado, ela balançou a cabeça: “Não, obrigada, estou de saída.”

Ele parece patético. Felizmente, posso me maquiar e usar os óculos.

Seu olhar era penetrante e Victoria sentiu-se desconfortável pela maneira como ele a observava. Por fim, ela se forçou a falar: “Vamos ou não?”

O homem se esquivou da pergunta, atirando outra de volta: “Qual é a pressa?”

“Não estou com pressa”, retrucou Victoria: “Estou simplesmente preocupado que você esteja com pressa.”

Com um olhar insondável, debochou: “Por que eu estaria?”

Ela desviou a pergunta fingindo ignorância: “Como eu iria saber?”

Arthur engasgou com a resposta dela e mal conseguiu dizer algo não relacionado ao assunto.

“Você trouxe todos os documentos necessários? Não quero saber que você esqueceu de trazer alguma coisa quando chegarmos mais tarde ao cartório.”

A mulher não pôde deixar de responder: “Sim, os preparei ontem à noite. Como poderia esquecer de trazer documentos tão importantes?”

Após isso, se virou para ele: “Você até viu ontem à noite, não foi?”

Arthur ficou chocado: “Floquinho, já se perguntou por que é tão mimada?”

Victoria lançou um olhar: “É tudo graças ao meu pai.”

Espera que eu diga que é por ele? É tão convencido!

A essa altura, Victoria já perdeu a paciência em esperar que Arthur tomasse a iniciativa. Abrindo a porta, ela entrou no carro antes de colocar a cabeça para fora e insistir: “Vamos, acho que o cartório já está aberto. Quanto mais cedo terminarmos as coisas, mais cedo poderemos visitar a casa de repouso”, apertou o cinto de segurança enquanto dizia isso.

Após alguns instantes de silêncio, Arthur finalmente sentou-se no banco do motorista.

Como era de manhã cedo, o trânsito estava tranquilo. O carro chegou à entrada da prefeitura sem demora.

Hoje era apenas mais um dia comum, então quando a dupla chegou, não havia muitas pessoas por perto além de alguns casais.

A maioria deles estava lá para solicitar casamento. Os casais estavam amontoados e sussurravam palavras doces e afetuosas um para o outro. Victoria e Arthur eram exatamente o oposto.

Os dois eram bonitos e de estatura alta, o que os fazia chamar a atenção o tempo todo. Fora isso, Arthur entrou no prédio com uma expressão sombria. Assim, os espectadores só precisaram de um olhar para saber que o casal estava aqui para solicitar o divórcio.