Victoria apertava os lábios com força.
Sua mãe sempre fora frágil, passando anos em tratamento no exterior, enquanto seu pai constantemente a ensinava a ceder suas coisas para Natália. Tudo que Natália desejasse, ela deveria dar a ela.
Apenas nesses momentos, seu pai a elogiava, dizendo que ela era uma boa menina.
Com o tempo, Victoria tornou-se incapaz de recusar os pedidos alheios.
Especialmente quando era algo tão simples de fazer.
O rosto de Victoria ficou vermelho de vergonha enquanto ela passava rapidamente seu cartão de estudante.
Ao som de um "bip".
A voz questionadora de uma rapariga soou: "Ei? Isso não é o cartão do Ramires? Como veio parar com você?"
Agora, lembrando-se, não parecia ser uma grande coisa.
O tom da garota era apenas de surpresa, sem qualquer malícia.
Mas para uma adolescente, isso era uma questão de enorme importância.
Talvez porque esse tal de Ramires fosse muito popular, naquele momento ela podia sentir os olhares de todos ao redor se voltando para ela.
Havia curiosidade, havia julgamento.
Mas aos olhos de Victoria, parecia que todos estavam dizendo: veja, ela é uma ladra.
Isso chamou a atenção do segurança por perto.
Um homem de meia-idade se aproximou, olhando para o rosto jovem de Victoria, e perguntou com um tom de avaliação: "Moça, você não parece ser da Universidade J, pois não? Como você conseguiu este cartão?"
A cabeça de Victoria abaixou-se ainda mais.
Ela queria virar-se e correr, mas as suas pernas pareciam ter sido preenchidas com chumbo.
O número de espectadores cresceu, e os murmúrios penetravam nos seus ouvidos.
—"Ela é a minha namorada."
Uma voz clara e límpida soou, e quando Victoria levantou a cabeça, viu aquele rapaz bonito a aproximar-se.
Mais bonito do que nas fotos.
E atrás dele, havia uma moça segurando uma caixa de cor rosa-pálido, aparentemente um presente que ela pretendia dar a alguém.
A palma da mão de Victoria esfriou, e ao olhar para baixo, viu Ramires colocando uma caixinha delicada na sua mão.
"O que é isso?"
"Um presente de aniversário." Ramires olhou de lado, seus olhos escuros refletindo sua figura, parecendo estar de bom humor, diferente de antes, frio: "Abra para ver."
O coração de Victoria pulou.
Ela não esperava que Ramires se lembrasse de seu aniversário.
Ao abrir a embalagem, viu uma caneta de cor rosa alaranjado.
—Era uma edição limitada que ela tinha visto na vitrine da loja, custando 200 mil.
Ela hesitou, sentindo-se diferente de quando recebeu o presente de Francisco: "Obrigada, irmão, mas é muito valioso."
Irmão.
Não era um apelido muito agradável, era como ela chamava André por costume.
Ramires levantou ligeiramente as pálpebras, olhando profundamente para ela, disse casualmente: "Não é valioso, não tanto quanto o filho que você deseja ter."
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