Raíssa, após confrontar alguém, sentia-se aliviada e caminhava despreocupadamente em direção ao estacionamento.
De longe, Fábio observava Raíssa em silêncio, ainda custando a acreditar que ela realmente iria deixar a família Monteiro e aquela vida de glamour e vícios.
Mas Raíssa realmente partiu.
Augusto a esperava no térreo, ao lado de seu costumeiro Rolls-Royce Phantom.
Ele estava encostado no carro, fumando, enquanto os primeiros raios de sol da manhã atravessavam a fumaça, criando uma aura etérea ao redor e suavizando os traços marcantes do homem.
Ao ver Raíssa se aproximando, Augusto jogou o cigarro no chão e o apagou com seu sapato de couro de bezerro.
Ele se aproximou e estendeu a mão para pegar a bagagem dela, dizendo: "Deixe comigo."
Quando seus dedos se tocaram, Raíssa sentiu o frio nos dedos...
Augusto não resistiu e os envolveu suavemente, fixando seu olhar na pele pálida do rosto dela, com uma voz baixa e gentil: "O outono é frio, as mulheres devem se agasalhar bem."
Raíssa achou aquilo muito meloso, considerando que estavam prestes a se divorciar, e não havia necessidade de tamanha intimidade.
Ela se afastou e entrou no carro, dizendo calmamente: "Vamos para o apartamento."
Ela preferia não contar o que havia acontecido hoje para sua avó, para não preocupá-la.
Augusto pareceu entender, sem fazer mais perguntas, e deu partida no carro.
Ele intencionalmente dirigiu devagar, transformando uma viagem de meia hora em cinquenta minutos.
Às dez da manhã, chegaram ao apartamento.
Raíssa, carregando um pequeno cão e com dificuldade para manusear a bagagem, viu Augusto acariciar Yago e disse com profundidade: "Eu levo para você."
Dois minutos depois, ao entrarem no apartamento, Raíssa disse: "Pode deixar as malas no hall."
Ela se dirigiu à cozinha para abrir o registro de água.
Augusto, deixando as malas, seguiu-a discretamente até a cozinha. Quando Raíssa se virou após abrir o registro, ele a envolveu por trás.
Ela não se importou e disse calmamente:
"Veja, você não me ama."
"Se algo acontecer no futuro, eu serei deixada para trás novamente. Augusto, talvez você goste um pouco de mim, mas isso é apenas uma escolha baseada em benefícios, nada a ver com amor verdadeiro."
Enquanto falava, Raíssa mantinha uma expressão serena, como se tivesse se desapegado do amor.
Augusto engoliu em seco, segurando o rosto dela, inclinando-se para beijá-la.
Raíssa, porém, desviou o rosto: "Volte para casa, sua família está esperando por você para as festas de fim de ano."
Augusto tentou insistir—
Raíssa o empurrou com força.
Ela elevou sua voz, com uma mistura de tristeza e indignação: "Augusto, eu disse para você ir embora, você não entende? Ou você acha que ainda não me fez sofrer o suficiente, ainda não me humilhou o bastante?"
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