Sra. Monteiro soltou um resmungo frio.
Mas, por mais que tivesse queixas, não se atrevia a desafiar o Velho Sr. Monteiro.
...
No meio da noite, a família Monteiro chegou à mansão.
O Velho Sr. Monteiro trouxe ervas medicinais de primeira qualidade, além do melhor médico, temendo que qualquer coisa acontecesse a Raíssa.
O Velho Senhor subiu as escadas de muletas e, ao mesmo tempo, repreendeu João: "Onde esse desgraçado do Augusto se meteu? Sua esposa está doente assim e ele, onde está? Gastando o tempo em festanças ou se desfez em pó, até em pó deveria dar para sentir o cheiro, não?"
João inclinou a cabeça e respondeu cuidadosamente: "Augusto foi para Genebra."
O Velho Senhor ficou atônito.
O reflexo da luz em seu rosto fez com que, num instante, parecesse dez anos mais velho.
Seus lábios se moveram, como se quisesse dizer algo, mas no fim tudo o que conseguiu foi soltar um suspiro leve: "Tente entrar em contato com ele."
João baixou a cabeça e disse que faria o possível.
Naquela noite, o próprio Velho Sr. Monteiro guardou Raíssa, protegendo a pequena família de Augusto. Se algo acontecesse a Raíssa, a família de Augusto também se desmoronaria. Quem mais poderá ajudar Augusto a carregar um fardo tão grande?
Com a casa toda iluminada, o olhar do Velho Sr. Monteiro era penetrante.
Na calada da noite, João entrou no escritório, hesitante, e disse: "Ainda não conseguimos contato com Augusto."
O Velho Sr. Monteiro bateu com uma xícara de chá nele.
Ele apontou para João e xingou: "Onde está a sua autoridade como o seu pai? Se a família de Augusto se desfizer, eu cobrarei de vocês, marido e mulher."
Sra. Monteiro entrou.
Ela segurou seu marido ferido, não conseguindo se conter, retrucou: "Como podemos controlar alguém que nem o Velho Senhor consegue? Se pudéssemos decidir, teríamos casado com…"
"Cala a boca!"
O Velho Sr. Monteiro ficou furioso, sua face escurecendo: "Criatura sem coração! Saia."
Uma empregada a alimentou com mingau de carne, dizendo suavemente: "O Velho Senhor ficou de vigília a noite toda e ainda repreendeu aqueles dois, tudo isso para defendê-la."
Raíssa não disse nada.
Ela estava em uma família Monteiro há muitos anos, como caminhando sobre gelo fino, e só ela conhecia o verdadeiro sabor disso.
Nesse momento, o som de um telefone tocou na sala de estar, a empregada, entusiasmada, falou: "Deve ser o senhor ligando de volta, vou atender."
Raíssa sorriu levemente, sem alegria nem tristeza.
A empregada apressou-se em atender, mas voltou decepcionada: "Era uma ligação de cuidado do Velho Senhor. Na verdade, isso também é bom, pelo menos o Velho Senhor a ama."
Raíssa permaneceu indiferente: "O mingau vai esfriar."
A empregada continuou apressadamente a alimentar o mingau e, secretamente, notou a expressão de sua senhora, percebendo quão serena ela estava, não parecendo estar afetada.
A empregada lembrou-se, de fato, que no passado, a senhora se importava muito com o senhor.
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