Augusto, contudo, recusava-se a soltar.
Raíssa, despedaçada, confrontou Augusto—
"Um tapa, a vida da vovó, a audição do Ignácio."
"Augusto, você acha que eu voltaria? Você sempre está ocupado quando não é necessário e ausente quando é. Quando eu mais preciso de você, você nunca está lá. O seu pouco de afeto sempre foi dado medindo os prós e os contras?"
"Augusto, por que eu deveria te querer de volta?"
...
Augusto não conseguiu refutar, pois o que Raíssa disse era verdade. Ele sempre a decepcionava, sempre a fazia se sentir ferida, mas agora ele estava disposto a compensar.
Augusto, sempre orgulhoso, agora falava com humildade: "Se eu curar o ouvido esquerdo do Ignácio, se eu te tratar bem, você voltaria para mim?"
"Voltar para você?"
Raíssa virou-se lentamente, com um tom de voz triste: "Para continuar sendo machucada por você, pelas suas aventuras? Augusto, há um ditado que diz que água derramada não se recolhe. É assim entre nós."
Ela não olhou mais para ele, sua mão estava plana contra o vidro, observando aquele homem que a protegia tanto.
Ela não amava Ignácio, mas a dívida que tinha com ele, não conseguiria pagar em uma vida.
Raíssa se recusou a ir embora, ela insistiu em esperar Ignácio acordar.
Parecia ter esperado um século, as pálpebras de Ignácio tremeram levemente, e então ele lentamente abriu os olhos...
Ignácio acordou.
A mão de Raíssa estava contra o vidro, ela batia levemente, seus lábios tremiam enquanto chamava seu nome roucamente: "Ignácio, Ignácio..."
Parece que Ignácio a ouviu, ele lentamente virou a cabeça, olhando calmamente para Raíssa do lado de fora.
Raíssa bateu no vidro novamente.
Depois que a enfermeira saiu, Augusto tocou levemente em Raíssa, dizendo suavemente: "Deixe-me aplicar o remédio para você."
Raíssa não reagiu.
Quando Augusto tentou ajudá-la a tirar a roupa do hospital, Raíssa o rejeitou veementemente, afastando sua mão: "Não me toque."
Augusto ficou parado, extremamente embaraçado.
No quarto de hospital, um silêncio mortal.
A porta foi aberta, e uma empregada enviada pela Sra. Melo chegou com suplementos nutricionais, uma pessoa astuta que logo entendeu a situação e prontamente se ofereceu: "Homens são desajeitados, deixe-me ajudar a Sra. Monteiro com o remédio."
Augusto, não querendo irritar Raíssa, após um momento de reflexão, concordou.
Ele saiu do quarto, foi até o final do corredor, ficando num ponto onde o vento soprava, e acendeu um cigarro...
A fumaça azul-clara subia, embaçando o rosto do homem.
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