O sol? Como pode haver sol nesta casa?
Antes que ela pudesse sair para resolver o mistério, a porta foi batida duas vezes e, em seguida, gentilmente aberta.
Ronaldo Serra, todo vestido formalmente, parava contra a luz na entrada, deslumbrante como um deus.
Por um momento, ela sentiu sua mente turva novamente, não resistindo a esfregar os olhos.
A cena não desapareceu, e por um instante, os eventos dos últimos dias pareciam um sonho distante.
"Vá ao guarda-roupa trocar de roupa; depois de se arrumar, venha tomar café da manhã."
A voz do homem não era exatamente gentil, mas era bastante calma, como se tivesse dito essas palavras centenas de vezes antes, soando completamente natural.
Helena Guedes se levantou da cama, meio atordoada, e pela primeira vez descobriu que o espelho do chão ao teto era na verdade uma porta, que abria para um novo mundo.
Lá dentro, havia filas de roupas da temporada, organizadas do interior para o exterior, dos casacos aos sapatos, tudo combinando perfeitamente, até os acessórios estavam incluídos.
Com uma qualidade impecável e estilos variados, mas apenas nas cores azul, cinza e preto, havia um ar de familiaridade nessa seleção.
Ela escolheu o conjunto mais à esquerda.
Uma camisa azul-cinza com uma flor na lapela, um casaco de padrão pied-de-poule e uma saia preta de corte sereia que passava do joelho.
Calçando os sapatos de salto prateado, ela girou diante do espelho.
Um conjunto feminino muito profissional, mas com um toque indescritível.
O corte era perfeito, uma combinação ideal de elegância e sensualidade.
Ao sair, um brilho chamativo cruzou o espelho, vindo do pequeno emblema metálico na lapela do casaco.
Do outro lado, não houve resposta, apenas o continuado foco em cortar o bacon.
Já que havia começado, ela decidiu ser mais direta, mudando-se para a cadeira mais próxima dele, com grandes olhos redondos olhando timidamente e perguntou novamente: "Você aceitou meu pedido de ontem à noite?"
Dois minutos depois, Ronaldo Serra colocou seu talher, limpou o canto da boca com o guardanapo e disse calmamente: "Primeiro, responda-me uma coisa."
"Claro, diga." Ela acenou ansiosamente.
"Você ainda gosta de mim?"
Helena Guedes não esperava por essa pergunta, seus olhos se arregalaram, e um vislumbre de pânico passou por eles antes que ela conseguisse se controlar.
"Não mais!" Ela se levantou, proclamando alto, "Pode ficar tranquilo, não vou mais alimentar essas fantasias irracionais. Você sabe, foi por causa da doença terminal há seis anos que eu me confundi. Desta vez, eu só queria ver... se havia algo que eu pudesse fazer para compensar. Vendo que você está bem, planejei partir. Eu já superei, eu realmente não vou cometer o mesmo erro!"
As palavras dela eram firmes, mas apenas ela sabia que, ao pronunciar a última frase, todo o seu corpo tremia, e seu coração batia tão alto como um tambor, ecoando em seus ouvidos.
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