NARRADORA
—Aztoria, você precisa encontrar o Hálito da Vida! Sempre cresce perto das Cassiópelas!
Lyra gritava para sua loba, segurando o vestido e correndo entre cipós e raízes.
As árvores tremiam ao seu redor, o suor encharcando sua pele, os pequenos animais fugiam conforme ela passava, escapando do gigante que a perseguia.
Saltava sobre troncos caídos, desviava de galhos, se abaixava e subia, sempre sendo perseguida pela sombra do guerreiro forte.
“Elas estão ali, ali!” — a Alfa farejou com o vento a favor.
O cheiro picante e sufocante das Cassiópelas chegou até ela, mas também o do tesouro que aquelas plantas perigosas protegiam.
—Lyra, não vá por aí, é venenoso, essas plantas são venenosas! — Drakkar gritou para ela.
Ele não sabia o que ela pretendia, mas aquelas flores vermelhas eram uma arma mortal.
—Eu sei o que estou fazendo, me segue por aqui! — Lyra entrou no meio de umas árvores grossas e apertadas que serviram para atrasar a corrida do Brontocérax, ao menos por alguns segundos.
Ela se agachou procurando desesperada entre as ervas, afastando folhas e farejando o cheiro podre da planta Hálito da Vida.
—O que você está fazendo?! Lyra, chega, precisamos fugir!
—Achei! — Lyra viu as folhas verdes e roxas que se camuflavam no meio do mato, tão insignificantes e com um aspecto tão feio que ninguém imaginaria a importância daquela planta.
—Come isso!
—Essa erva pode ser venenosa, o cheiro é horrível, não coma isso!
—Enfia isso na boca agora mesmo! — todo o glamour foi embora enquanto ela colocava a folha na boca e a empurrava para o companheiro com a cara emburrada.
—Não ouse cuspir, Drakkar, mastiga e engole! — ela se lançou para fechar a boca dele com as mãos quando o guerreiro fez uma careta de nojo por causa do gosto amargo.
—Confia em mim, confia em mim! — seus olhos se encontraram no meio do caos, e Drakkar, que não confiava nem na própria sombra, no fim engoliu o que a pequena fêmea lhe deu.
Fosse veneno ou salvação, ele apostou tudo nela.
Lyra suspirou aliviada, mas a paz durou pouco antes que o predador arrebentasse a barreira de árvores.
Ouvindo o estalar da madeira, eles tiveram que fugir para não serem esmagados.
—Vamos levá-lo para o campo daquelas flores vermelhas!
—Elas são venenosas! — Drakkar não entendia que parte de “altamente venenosas” ela não compreendia.
—Você tomou o antídoto, anda, anda, vamos levar ele pra lá!
Drakkar estava à beira do colapso. Que diabos era um antídoto?
O Brontocérax, cheio de raiva por ter sido enganado tantas vezes por aqueles insetos minúsculos, ignorou seus instintos de proteção e avançou direto para o imenso campo de flores vermelhas como se estivessem em chamas.
As esporas douradas logo se espalharam no ar. Um mecanismo de defesa cruelmente ativado ao serem pisoteadas.
—Por aqui, hea, hea! — Lyra gritava, chamando a atenção dele para um lado.
—POR AQUI, BESTA, VEM EM MIM!
Com lanças improvisadas de galhos pontiagudos, eles o empurravam de um lado para o outro, guiando a perseguição pela armadilha.
Ambos se encararam intensamente, se descobrindo nas pupilas um do outro.
—Era disso que eu falava quando disse que podia te ensinar. Nunca te subestimei, Drakkar. Para mim, você é o guerreiro mais incrível que existe — ela disse o que realmente sentia no coração.
Drakkar ficou em silêncio, lamentando o momento de fraqueza. Nunca quis de verdade entregá-la a outro macho.
Algo rugia dentro do peito, querendo se libertar das correntes, reivindicar o que era seu.
Mas também uma dor aguda atravessou seu interior — uma dor que poucos homens suportariam — lembrando-lhe sua maldição e suas misérias.
De repente, algo mudou no ambiente. Drakkar se ergueu, observando a migração das aves em voo apressado.
—Precisamos sair daqui. O sangue vai atrair predadores maiores — ele saltou lá de cima, pegou a mão de Lyra e fugiram do lugar.
—Mas e a carne?
—É muito dura e difícil de tirar por baixo da armadura do Brontocérax — ele explicou, puxando-a rapidamente de volta a uma zona segura.
—Que pena, podia servir pra fazer um escudo excelente — Lyra pensou nessa possibilidade.
Algo se acendeu na mente de Drakkar. Ninguém nunca tinha pensado nisso, porque caçar aquele predador era quase impossível.
—Vamos por aqui — ele começou a desviar, dando uma volta para chegar até a toca que o animal protegia com tanto zelo.
—Essa é a caverna dele — disse, apontando para uma boca escura na base da montanha.
—Uma vez vim buscar umas ervas e o feri, então ele se lembrou do meu cheiro e hoje me atacou na floresta — contou a Lyra, ambos espiando por trás de uma árvore.
—Vamos explorar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Rei Lycan e sua Tentação Sombria
Comprei o capítulo e não consigo ler porquê?...
Eu queria continuar lendo...