O pecado original romance Capítulo 33

Eva inclinou a cabeça e ergueu uma sobrancelha, esperando que a amiga lhe contasse algo que parecia saber que ela mesma não sabia.

— Lembra que eu fui viajar a duas semanas atrás? – Melissa se ajeitou, apoiando os cotovelos sobre a mesa. – Então. Eu tive que voltar mais cedo e minha irmã acabou ficando com uma das chaves do meu apartamento para molhar minhas plantinhas e dar comida para o Alfredo.

— O seu gato? – Perguntou Eva, já sabendo a resposta. – Certo. E o que isso tem a ver com a minha história.

Melissa ergueu a mão, pedindo para Eva fazer silêncio.

— Acontece que eu cheguei mais cedo de minha viagem por causa da previsão do tempo. – Continuou. – E eu esqueci de avisar a Marissa que voltaria naquele dia. Então eu entrei pela porta e percebi que haviam roupas jogadas pela casa. Roupas de homem e de mulher.

— Espera. A sua irmã Marissa? – Questionou. – Marissa, Marissa? Que deve ter o que? Dezoito anos?

— Dezenove. Mas não é isso que vem ao caso. — Respondeu Melissa. – Continuando. Eu fiquei um pouco puta da cara, mas, que garota de dezenove anos não faria o mesmo se tivesse a chance? Bom, eu segui até o meu quarto, aonde a trilha de roupas levava e vi Marissa dormindo nua na minha cama. Ao lado dela havia um homem, mas de onde eu estava, não conseguia ver o seu rosto. Eu caminhei na ponta dos pés até o outro lado da cama e me espantei com o que vi.

Eva começava a se remexer, desconfortável com a situação.

— E aí, vai me dizer logo o que isso tem a ver comigo ou não? – Ela soou claramente impaciente, temendo aonde aquilo tudo iria chegar.

Melissa inspirou profundamente, trazendo à conversa um mistério que apenas tornava a situação mais tensa antes de finalmente pôr para fora.

— Era o Eric. – Admitiu, por fim.

— O que? – Eva vociferou, chamando a atenção dos outros clientes.

Melissa levantou as mãos em frente ao peito, defendendo-se de um possível ataque.

— Por favor, não me mate. – Melissa suplicou ao ver a reação exagerada de Eva.

— Foi você que enviou minhas fotos para o Jonathan? Oh meu Deus, Melissa. – Eva parecia indignada com a situação. – Eu falei com o Eric ao telefone enquanto o Jonathan estava dentro de mim, achando que estaria atiçando seu fetiche. E na verdade eu estava apenas sendo uma vadia. Oh meu Deus, Melissa. O que você fez comigo?

Melissa sorriu, cumplice para a amiga, como se estivesse orgulhosa dela por aquilo, mas ao perceber a expressão de incredulidade estampada na face dela, voltou a ficar séria.

— Eu deletei logo depois que ele visualizou as mensagens. Mas ainda assim, a semente estava plantada. Eu só precisei fazer uma sugestão e você se entregou aos seus anseios. – Quanto mais Melissa se explicava, mais Eva ficava indignada com a amiga. – Eu não aguento te ver triste, Eva. Você é mais do que uma irmã para mim. Se eu te contasse que Eric estava te traindo, você teria se tornado ainda mais insegura do que já era e hoje estaria chorando pelos cantos com um pote de sorvete no colo.

Eva apoiou a testa sobre as mãos, em uma expressão genuína de preocupação e angústia.

— Ah, meu Deus, ah meu Deus, ah, meu Deus. – Eva a encarou, o rosto se contorcendo em desespero. – Os vizinhos já devem suspeitar de tudo. O que eu vou fazer?

— Eva. – Melissa a segurou pelos ombros. – O Eric já estava te traindo por sabe-se lá quanto tempo antes desse tal Jonathan entrar na sua vida. Relaxa e aproveita. Se ele descobrir alguma coisa, joga tudo na cara dele. Eu consigo os arquivos das câmeras de segurança daquele dia para você se quiser. E eu duvido que algum vizinho vai ser intrometido o suficiente para falar alguma coisa.

Pela primeira vez ela se havia permitido pensar na traição de Eric como algo tão ofensivo quanto a sua própria. Por quantos meses ela vinha se sentindo negligenciada? Quantas vezes ela havia esperado, ansiosa, apenas para ele chegar em casa, deitar na cama e dormir? Há quanto tempo ele vinha tendo um caso com uma mulher mais nova? Todas aquelas questões começaram a pulular os pensamentos de Eva, fazendo seu estômago se embrulhar por conta dos muitos sentimentos que a chicoteavam com força, levando-a, inevitavelmente, a um turbilhão emocional. Qual seria o melhor caminho a seguir a partir dali?

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