Karina
Quando o senhor tira o carro, ergo o portão eletrônico e estaciono o meu dentro de casa.
Alívio.
Desço do carro rapidamente, corto o hall, atravesso a sala, cumprimentando com um oi meus pais, que estão assistindo o noticiário juntos. Acelero meu passo até chegar ao meu quarto.
Logo que entro, minha mãe entra atrás.
— Tudo bem?
— Tudo, mamãe — digo, tirando meu vestido.
— Por que a pressa?
— Hassan está para chegar.
— Por que então está tirando o vestido? Sujou?
Deus! Eu não tenho tempo para isso.
— Mãe…
A campainha toca.
— Ah, é ele. Vai lá recebê-lo.
— Seu pai está lá.
— Mãe, por favor! Eu preciso me trocar!
— Ah, está bem — ela diz, e sai do quarto.
Tomo um banho rápido e, com um robe, me vejo diante do armário, olhando fixamente para os cabides repletos de roupas bonitas.
Não quero que Hassan implique com algum vestido meu.
Hoje recuso os cortes ousados, os vestidos curtos!
Tudo isso porque teremos aquela conversa séria, e o que eu menos quero é distrações ou mudanças de assunto. Quero que ele esteja bem à vontade para se abrir comigo. Por isso pego um vestido preto, bem simples, bem fechado, nada ousado. Quando me olho no espelho, tenho vontade de enfiar meu dedo na garganta e vomitar.
Pareço tão sem graça com ele…
Faço uma maquiagem leve e vou em direção à sala.
Hassan está lá, lindo como sempre, e, antes que ele me veja, reparo nele: ele está vestido com uma calça preta e uma jaqueta preta, a camisa branca por baixo contrasta sua tez morena. A tipoia ainda está seu braço. Seu ombro deve estar doendo com a movimentação.
Meu humor melhora na hora quando o vejo e minha carranca dá lugar ao sorriso. Ele sempre consegue esse efeito em mim.
Reparo em seu rosto: Hassan está sério conversando com meu pai, meu pai fala algo e ele sorri. Como se pressentisse minha presença, ele vira a cabeça em minha direção. O sorriso que ainda brincava em seus lindos lábios vai morrendo e ele fica sério. Seus lindos olhos negros ficam quentes nos meus. Ele passa os olhos pelo meu vestido e seu semblante fica estranho.
— Oi — eu digo, com o coração descompassado, tentando entender sua reação.
—Oi.
— Vem, Jonas. Vem me ajudar com o jantar — mamãe imediatamente diz, e sai arrastando meu pai para a cozinha.
Eu me aproximo dele ansiando por seu abraço, seu beijo. Ele se levanta também e encurta a distância. Mas não me beija. Não me abraça e me olha esquisito. Como se estivesse me estudando.
— Aconteceu alguma coisa? — eu pergunto.
Hassan funga.
— Por que trocou de vestido? Por que está passando uma imagem diferente do que você é?
Eu engulo em seco e o encaro confusa.
— Onde você me viu?
— Aqui na sua rua, um pouco antes de você entrar no carro.
Meu rosto esquenta, eu ofego.
— Verdade, eu me troquei. Mas quanto a passar uma imagem diferente, você sabe que não sou assim.
A expressão de Hassan não suaviza. Ele me estuda com os olhos.
Ele sorri para ela e me encara.
— Não, eu vou levar Karina para jantar fora. Obrigado.
Ele nem me consultou!
— Ah, então está bem. Desculpe atrapalhar — mamãe diz com um sorriso, e entra na cozinha novamente.
Confiança simplesmente exala dele; ele é seguro de si, de uma forma até arrogante. Eu encaro Hassan, bem séria.
— Está tentando me manipular, novamente?
Ele me estuda e meneia um não com a cabeça.
— Não. Você quer que eu abra meu coração, não é mesmo? Então eu pensei em fazer isso em um lugar reservado.
Eu o encaro sem entender.
— Em um ambiente de restaurante?
— Não. Pensei em um quarto do meu hotel, jantamos, conversamos.
Meu coração se agita com a informação.
Ele aproxima sua cabeça devagar, mansamente em direção à minha. Ele respira fundo e esvazia o peito devagar, fazendo com o que o ar que sai de suas narinas provoque a pele do meu rosto. Eu paro de respirar quando ele, com delicadeza, cobre meus lábios com os dele.
Ah… Deus! Dá um branco em minha mente, como se ela se congelasse para qualquer assunto que não fosse ele. É sempre assim. Ele provoca reações intensas dentro de mim. Despertando minhas células, descontrolando meu coração, aquecendo meu sangue, agitando minha respiração.
Hassan me beija novamente, e todo o meu corpo fica insanamente quente. Ele então se afasta.
— Tudo bem, então? — pergunta, com a voz rouca. — Não acha uma boa ideia? Ficaremos sozinhos, nada para atrapalhar…
Deus! Com jeitinho ele sempre consegue o que quer. Mas no fundo ele está certo, nada como ir para algum lugar e ficarmos sozinhos para conversar.
— Tudo bem — eu sussurro.
— Vamos, então.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
🙏🏻 Nossa, até que enfim um romance de verdade, literatura de verdade, com uma estória bem desenvolvida, uma redação decente e personagens que, embora tendo defeitos e limitações, evoluem, aprendendo a tomar decisões pesando as consequências e assumindo-as quando estas aparecem... Um romance que trata do desenvolvimento de um RELACIONAMENTO DE VERDADE e não apenas de uma sucessiva descrição de atos e fetiches sexuais, que é o que tem sido ofertado como "romance" hoje em dia no ocidente... Apesar de o protagonista masculino ser bastante fictício, a estória é bem desenvolvida e dá pra pular facilmente as cenas de sexo, que felizmente não são o centro da narrativa. A única coisa que ficou faltando foi um desfecho menos abrupto e melhor detalhado......
* isso é bem a realidade, Raissa... Como alguém que viveu esse "namoro para se conhecer", se casou com 11 meses de namoro e vive há 20 um casamento feliz, confirmo que esse é um caminho bem-sucedido para evitar um relacionamento sem futuro... 🌹...
É engraçado ver o nome do faraó Akhenaton, pai do faraó Tutankamon e marido da rainha Nefertiti, ser usado como sobrenome de árabes... 🤓...
PQP... Só tem mulher fraca das pernas nessas estórias? Tudo animal no cio sem cérebro? Depois não sabe por que se estrepa na vida... Acha que a vida é igual ficção, onde os canalhas mudam... Eu honestamente acho que mulher assim tem que se lascar mesmo, merece......
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Muito bom livro,leria de novo com certeza!...
Muito bom, amei....